Aeroportos devem funcionar sem grandes perturbações durante esta semana
Nuvem de cinzas pode ser uma presença constante no Verão europeu
Situação criada pelo vulcão tende a melhorar durante a semana (Ingolfur Juliusson/Reuters)
Mil dos 28 mil voos que diariamente se realizam na Europa foram hoje cancelados, com os aeroportos britânicos e holandeses a serem obrigados a encerrar, da parte da manhã, por causa da nuvem de cinzas vulcânicas vinda da Islândia e soprada para sul. Mas este pode bem ser o prenúncio de um Verão do nosso descontentamento, com a nuvem provocada pela erupção do Eyjafjallajökull a deixar milhares de passageiros em terra a qualquer momento.
A situação tende a melhorar durante a semana, com ventos vindos do sul a levarem a nuvem em direcção ao Árctico, adiantam os serviços meteorológicos britânicos. Não se espera, portanto, que a nuvem de cinzas fique parada vários dias sobre a Europa, como aconteceu em Abril, obrigando o tráfego aéreo a parar durante vários dias — e causando um caos a nível global e não apenas na Europa.
As companhias aéreas protestaram violentamente nessa altura — e começam a fazê-lo agora. Willie Walsh, director executivo da British Airways, afirmou que fechar o espaço aéreo “é uma reacção brutalmente excessiva face a um risco menor”, segundo a Reuters. “Pode ser gerido, não precisamos destes encerramentos de larga escala”, afirmou em Londres. Richard Branson, o patrão da Virgin, disse que a interdição de voar era “para lá de uma piada”.
Philip Hammond, o novo ministro dos Transportes britânico, avançou que está a ser estudado, com os fabricantes de aeronaves, se será seguro permitir voos através de maiores densidades de cinzas vulcânicas.
Novas erupções?
Parece sensato precaver os próximos tempos, porque a erupção do Eyjafjallajökull não parece estar com tendência para acalmar. “A taxa de erupção das cinzas e a altura que atinge diminuíram, embora de vez em quando se voltem a intensificar. É de esperar que este padrão continue”, comentou David Rothery, do Departamento de Ciências da Terra e do Ambiente da Universidade Aberta do Reino Unido, citado pela Reuters.
“As grandes perturbações do tráfego aéreo são prováveis quando a coluna de cinzas é alta e o vento as leva para sudeste, portanto, penso que acontecerá alguns dias todos os meses”, adianta Rothery.
Thor Thordarson, um vulcanólogo islandês que trabalha na Universidade de Edimburgo, tem estado a trabalhar num modelo estatístico das erupções naquela ilha nos últimos 1100 anos que acrescenta mais uma preocupação para o tráfego aéreo europeu: “A frequência das erupções vulcânicas na Islândia parece subir e descer em ciclos de cerca de 140 anos. Na última parte do século XX, estivemos num período de acalmia, mas agora há indícios de que estaremos a aproximar-nos de um pico”, disse ao Sunday Times.
Pelo menos três outros grandes vulcões islandeses podem estar a aproximar-se de uma erupção: Grimsvotn, Hekla e Askja, todos maiores do que o Eyjafjallajökull, diz Thordarson. Mas isto é apenas uma teoria.
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