Casa-Museu vai ser centro difusor da obra do escritor
A Casa-Museu Miguel Torga, a inaugurar dia 12 de Agosto em Coimbra, vai perpetuar a vida e obra do escritor, transformando a vivenda onde morou durante décadas num "centro difusor" da sua criação literária
Dão-se os últimos retoques no exterior da Casa-Museu
A inaugurar no dia do centenário do nascimento do autor de "Bichos", e abrindo ao público a 16 de Agosto, a Casa-Museu Miguel Torga - cuja conservadora é a vice-reitora da Universidade de Coimbra Cristina Robalo Cordeiro - vai albergar o espólio doado ao município pela filha do poeta, a professora universitária Clara Rocha.
Manuscritos e correspondência pessoal de Torga, a sua volumosa biblioteca, que inclui livros oferecidos ao poeta por outros reputados escritores, e os prémios e condecorações que recebeu ao longo da sua vida integram o acervo da instituição.
Obras de arte, algumas delas representando o próprio Torga, o mobiliário da sua casa, como a escrivaninha sobre a qual redigiu grande parte dos seus livros, e objectos pessoais como a máquina de escrever, a caneta de tinta permanente ou o seu relógio de bolso, fazem também parte do espólio do museu.
No jardim à entrada do imóvel, situado na Praceta Fernando Pessoa, nos Olivais, numa zona nobre da cidade, até a torga, designação de um arbusto característico de Trás-os-Montes que o escritor adoptou para o seu pseudónimo, se apresenta conservada.
"Queremos homenagear o escritor e perpetuar a sua vida e obra. Torga continua vivo na cidade onde escreveu", disse o vereador do pelouro da Cultura da Câmara de Coimbra, Mário Nunes.
Ao enaltecer a "filantropia cultural" de Clara Rocha ao doar este "legado extraordinário à cidade", Mário Nunes referiu que o novo espaço museológico "reforça a posição de Coimbra enquanto capital da cultura e do conhecimento" e contribui para a sua projecção internacional.
O vereador revelou ainda que uma segunda parte da valorização da Casa-Museu compreende a construção, no jardim, de um pequeno auditório onde funcionará o futuro Centro de Estudos Torguianos, projecto a divulgar no dia 12 de Agosto.
"Com a Casa-Museu, Coimbra passa a ser um centro difusor da obra de Miguel Torga", sublinhou o autarca.
Comprada pela Câmara de Coimbra por mais de 324 mil euros e com uma área coberta de cerca de 130 metros quadrados, a Casa-Museu é inaugurada com a estreia, na sua sala polivalente, de um filme biográfico sobre Torga produzido pelo Departamento de Cultura da autarquia.
A sua abertura e o conjunto de eventos agendados para 12 de Agosto são pontos altos de um vasto programa de homenagem e evocação do autor que a Câmara de Coimbra iniciou a 17 de Janeiro de 2005 (décimo aniversário da sua morte) e desenvolve até Dezembro de 2007.
O poeta Manuel Alegre, amigo de Torga, é uma das figuras que participa nas iniciativas do próximo dia 12, com uma intervenção na inauguração do monumento de homenagem ao escritor transmontano no Largo da Portagem, junto do seu antigo consultório médico.
Para esse dia estão também previstas, entre outras iniciativas, a abertura, no Edifício Chiado, de uma exposição retrospectiva da vida e obra de Miguel Torga, e o lançamento de um selo comemorativo do seu centenário.
Um congresso internacional sobre o escritor, um concurso literário nacional destinado às escolas e o lançamento, em Janeiro passado, do Troleicarro Miguel Torga, que, duas vezes por semana, realiza percursos pelos locais de Coimbra ligados ao escritor, foram outros dos eventos do programa.
Até ao desfecho das comemorações organizadas pela Câmara de Coimbra estão ainda previstas, entre outras acções, uns encontros de poesia e o lançamento das actas do congresso internacional, realizado em Maio.
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, nasceu a 12 de Agosto de 1907 em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, Vila Real, e morreu a 17 de Janeiro de 1995 em Coimbra, cidade onde se licenciou e se fixou a partir de 1941.
Considerado uma das figuras mais importantes da literatura portuguesa do Século XX, Miguel Torga escreveu poesia, ficção, teatro e os 16 volumes dos "Diários".
Traduzido em várias línguas, foi distinguido com diversos prémios, nacionais e estrangeiros.
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