terça-feira, dezembro 01, 2020

O poeta Pedro Tamen nasceu há 86 anos

 (imagem daqui)

   
Pedro Mário Alles Tamen (Lisboa, 1 de dezembro de 1934) é um poeta e tradutor literário português.
 
  
Biografia

Filho de Mário César Tamen e de sua primeira mulher Emília da Conceição de Alles.

Pedro Tamen estudou Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde se licenciou.

Entre 1958 e 1975 foi director da (extinta) editora Moraes e administrou a Fundação Calouste Gulbenkian de 1975 a 2000. Paralelamente presidiou o P.E.N. Clube Português (1987 - 1990) e foi membro da direcção e presidente da assembleia geral da Associação Portuguesa de Escritores.

Tamen estreou-se com a obra poética Poema para Todos os Dias em 1956, seguidos por vários edições de poemas e livros. Tradutor de poesia e prosa, recebeu o Grande Prémio de Tradução em 1990. Poeta, tem recebido vários prémios pela sua obra. Com Retábulo das Matérias (2001) o autor publicou uma coleção dos seus poemas de 1956 - 2001. É tradutor de várias obras literários de - entre outros - Gabriel Garcia Marquez, Reinaldo Arenas, Marcel Proust e Gustave Flaubert e foi condecorado com vários prémios literários.

A 9 de junho de 1993 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Em 1959, casou primeira vez com Maria Isabel Bénard da Costa (21.11.1932), irmã de João Bénard da Costa, da qual se divorciou em 1973, com geração. Casou segunda vez em 1975 com Maria da Graça Livério Seabra Gomes, divorciada, com geração de Luís Carlos de Assunção Brás Teixeira (1938 - 2000), sem geração.

   

NOÉ

Pronto, pronto, eu faço. Dá um trabalhão
mas faço. Corto madeira, arranjo pregos,
gasto o martelo. E o pior também:
correr o mundo a recolher os bichos,
coisas de nada como formigas magras,
e os outros, os grandes, os que mordem
e rugem. E sei lá quantos são!
Em que assados me pões. Tu
gastaste seis dias, e eu nunca mais acabo.
Andar por esse mundo, a pé enxuto ainda,
a escolher os melhores, os de melhor saúde,
que o mundo que tu queres não há-de nascer torto.
Um por um, e por uma, é claro, é aos pares
- o espaço que isso ocupa.

Mas não é ser carpinteiro,
não é ser caminheiro,
não é ser marinheiro o que mais me inquieta.
Nem é poder esquecer
a pulga, o ornitorrinco.
O que mais me inquieta, Senhor,
é não ter a certeza,
ou mais ter a certeza de não valer a pena,
é partir já vencido para outro mundo igual.
  
   
in
Analogia e Dedos (2006) - Pedro Tamen

1 comentário:

Julia disse...

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