sábado, março 03, 2012

O poeta mais conhecido de Portugal (gastronomicamente falando...) nasceu há 184 anos

 Retrato de Bulhão Pato pintado por Columbano Bordalo Pinheiro

Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 - Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido por Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As Memórias de Bulhão Pato são uma interessante fonte para o conhecimento da política portuguesa na última metade do século XIX.

Nasceu a 3 de março de 1829 em Bilbau, foi criado em Deusto. Era filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e de Maria da Piedade Brandy. Na sua infância estava Espanha entregue aos horrores da guerra civil, deram-se os três cercos de Bilbau, e a família Bulhão Pato depois de sofrer grandes transtornos e inclemências, decidiu abandonar a casa onde vivia, e em 1837 retirou-se para Portugal.
Frequentou o colégio da rua do Quelhas, matriculou-se na Escola Politécnica em 1845. Desde então, contando apenas 15 anos, começou a conviver com as primeiras capacidades literárias e políticas daquela época. Os seus versos eram tão espontâneos e tão naturais, que o consagraram verdadeiro poeta.
Publicou o seu primeiro livro em 1850, com o título de Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 apareceu o seu segundo livro, Versos de Bulhão Pato, e em 1866 o poema Paquita.
Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare, de Ruy Blas e de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, parece que escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, que se representou no teatro de D. Maria em 1858, sendo publicada nesse mesmo ano.
Bulhão Pato foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos, 1858; a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal,entre outros.
Duas vezes foi convidado para deputado, mas sempre se recusou.



A Mãe e o Filho Morto

A pobre da mãe cuidava
Que o filhinho inda vivia,
E nos braços o apertavas
O coração que batia
Era o dela, e não do filho,
Que já do sono da morte
Havia instantes dormia.
Olhei, e fiquei absorto
Na dor daquela mulher
Que tinha, sem o saber,
Nos braços o filho morto!

Rezava, e do fundo dalma!
Enquanto a infeliz rezava
O pobre infante esfria
Quando gelado o sentira,
O grito que ela soltou,
Meu Deus! — que dor expressou!

Pensei então: a mulher,
Para alcançar o perdão
De quantos crimes tiver,
Na fervorosa oração,
Basta que Possa dizer:
"Tive um filhinho, Senhor,
E o filho do meu amor
Nos braços o vi morrer!"

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