quarta-feira, maio 16, 2007

Mudanças climáticas e tempestades de Inverno sobre a Europa

Seminários Centro de Geociências de Évora - Universidade de Évora (CGE/UE)


Hora: 16:00
Data: 25 de Maio de 2007
Local: Anf. 1 – Colégio Luís Verney
Promove: CGE/UE


As mudanças climáticas e as tempestades de Inverno sobre a Europa
Joaquim G. Pinto

Instituto de Geofísica e Meteorologia, Univ. Colónia, Alemanha

Resumo

As tempestades de Inverno são uma das catástrofes naturais mais importantes na Europa Ocidental e Central. Uma única destas tempestades pode causar custos da ordem dos 7 mil milhões de Euros (e.g. “Lothar”, que afectou a França, Alemanha e Suiça em Dezembro de 1999). Estas tempestades têm características particulares, tanto em termos do seu desenvolvimento, como em termos de intensidade e dimensão. Devido às suas características extraordinárias, a sua análise é importante tanto em termos meteorológicos como económicos. Relativamente ao clima actual, a análise de um grande número de tempestades dos últimos 30 anos mostra que existem muitas características comuns: e.g., a corrente de jacto (250 hPa) está frequentemente situada perto da Europa Ocidental, permitindo que tempestades tenham um desenvolvimento “tardio” em relação à maior parte dos ciclones.

As possíveis alterações nas características e frequência destas tempestades, no contexto das mudanças climáticas, são analisadas com base em modelos de larga escala (GCMs). Recorrendo a métodos estatísticos, diagnósticos e modelação, analisa-se o impacto destas mudanças, nomeadamente em termos da intensidade das rajadas de vento e dos custos para as re-seguradoras. Os resultados indicam que o número de tempestades de Inverno de grande intensidade deve aumentar até ao fim do século XXI. Estes resultados são obtidos com base no modelo ECHAM5/MPI-OM1, mas são consistentes com resultados de outros GCMs. Em termos da indústria re-seguradora, o aumento de custos devido às mudanças climáticas pode ir até +60% (e.g. para a Alemanha) em comparação com os valores actuais.

terça-feira, maio 15, 2007

No dia em que o Rei faz anos...!

segunda-feira, maio 14, 2007

Da inteligência do Ministério da Educação

Aproxima-se, a passos largos, a data em que milhares de alunos de 4º ano (que, antigamente, se chamava 4ª Classe...) e do 6º Ano irão fazer uma espécie de exame, nas áreas de Matemática e Língua Portuguesa.

Dito de outra forma, os alunos vão resolver umas perguntas, numa intitulada Prova de Aferição, que não contará, em nada, para a sua avaliação mas que, provavelmente, servirá para avaliar os professores num futuro próximo - vide este post d'A Educação do meu Umbigo, intitulado O Argumento Decisivo.


Eu, que até sou apoiante da realização de verdadeiros exames no final de cada Ciclo, acho esta fantochada deplorável, até porque, para que os alunos se esforcem, é necessário que isto sirva para alguma coisa (e, não servindo para a avaliação dos alunos e, simultaneamente, para depois avaliar os professores, não tem significado algum...).

Depois, para disfarçar a eventual má prestação dos alunos (o que fica mal nas Tabelas Comparativas dos países...) há sempre hipótese de quem manda pôr cá fora aberrações do tipo que o Blog A Educação do meu Umbigo descreveu perfeitamente no post Noves Fora Nada... Como diz nesse post o Paulo Guinote, "Basta, por exemplo, aconselhar que não se descontem na cotação certos erros. Aliás basta confirmarem com as indicações dadas aos correctores da provas de aferição de Matemática de 9º ano realizadas em 2004 (o último ano em que se realizaram) e tudo aquilo que então não se deveria considerar passível de penalização." Mas, depois da celebração dos 90 anos do 13 de Maio, os milagres estão na moda - venham eles...


No caso do concelho em que resido actualmente (Leiria) dá-se ainda o caso de, milagre da planificação e da sabedoria, terem conseguido marcar um destes exames na data do Feriado Municipal de Leiria (22 de Maio, para quem não sabe...) com o que isso implica em termos de logística (convocar funcionários e professores, faltas de alunos que fazem a ponte, transportes escolares, refeições e cantinas, problemas familiares, entre outros...) . Imaginem que estes exames eram marcados no dia 13 de Junho (Dia de Santo António), 24 de Junho (Dia de S. João) ou 4 de Julho (Dia da Rainha Santa Isabel) - o que será que as pessoas de Coimbra, Porto ou Lisboa (e muitos outros munícipios...) diriam?

Mas, para mim, para além das trapalhadas atrás referidas, o que me choca ainda mais são as normas do Manual do Aplicador (que merecem uma cuidadosa consulta, porque só lendo é que se acredita...). A forma detalhada como é imposto o modus operandi deste arremedo de Exame (que cai no rídiculo de dizer, quase minuto a minuto, o que fazer, e refere, ipsis verbis, o que o professor tem de dizer em cada momento...!) é um manual do entendimento que o Ministério da Educação tem dos Professores portugueses (que são tratados como robots acéfalos...) e dos alunos (que merecem um tratamento de deficientes profundos...).

A título de exemplo, cite-se o que ocorrerá no Pseudo-Exame de Matemática (que se inicia às 10.00 horas...) a partir das dez horas e dez minutos de 24.05.2007, conforme está escrito no atrás referido Manual (textos a ler em bold/negrito):

ATENÇÃO

A partir deste momento não pode ler nada da prova, nem pode dar qualquer explicação aos alunos.

• Desloque-se pela sala, com frequência. Nessas deslocações:
− certifique-se de que todos os alunos têm em cima da mesa apenas o material necessário à resolução da prova; nas aplicações do 2.º Ciclo os alunos não podem utilizar transferidor;
− verifique se todos os alunos preencheram correctamente os cabeçalhos da capa daprova e confira se o nome de cada um coincide com o da pauta de chamada. Nas aplicações do 2.º Ciclo deve ainda conferir a identidade do aluno face ao seudocumento de identificação;
− rubrique o enunciado no local reservado para o efeito.

• Leia em voz alta, ao fim de:
− 30 minutos – prova do 1.º Ciclo;
− 35 minutos – prova do 2.º Ciclo.

Ainda têm 15 minutos. Quando acabarem de responder a todas as questões, devem aproveitar o tempo que sobrar para lerem com muita atenção as vossas respostas, verem se estão correctas e se não se esqueceram de responder a alguma questão.

• Informe, quando tiverem passado:
− 45 minutos – prova do 1.º Ciclo;
− 50 minutos – prova do 2.º Ciclo.

Acabou o tempo. Não podem escrever mais nada. Agora vão ter o intervalo. Estejam à porta da sala às 11 horas e 20 minutos em ponto. Não se esqueçam. Podem sair.

PS - E o resto é tão ou mais ridículo do que o atrás citado (note-se que o Exame tem intervalo e os alunos têm acesso à totalidade das questões na primeira parte...). Cá vamos, cantando e rindo...

Imagem retirada do Blog Anterozóide...

domingo, maio 13, 2007

GeoPoesia

Tsunami – Mar não

As tuas mãos estavam abertas de luz
E continham o mundo todo
Perdido na água revolta.
- E agora? Onde irás pousar?

As tuas mãos estavam sujas e desgastadas
E não tinham seguro, entre os dedos,
Qualquer dos teus caminhos.
- E agora? Quem te conduz?

Os teus olhos tinham o vago da paisagem
E o tudo e o nada, o horizonte,
Uma réstia de brilho. Lembravam uma viagem.
- E agora? Quem te acompanhará?

Lembra filho de quem partiu.
- Continua contigo no coração!
Foi na voragem de um mar não,
Tão lindo e profundo.
- Nunca mais vai voltar!
- E agora? Quem te vai embalar?

Será este mesmo mar, que a vida te levou,
A de novo ta dar.
- Vá! Agora! Não te esqueças de sonhar!

Poema inédito de João Carlos Silva Ribeiro

Poesia II


Do mesmo autor, o italiano Cesare Pavese (Santo Stefano Belbo, 9 de Setembro de 1908 – Torino, 27 de Agosto de 1950):

You, wind of March

És a vida e a morte.
Vieste de Março
para a terra nua -
e dura ainda o teu arrepio.
Sangue de Primavera
anémona ou nuvem-
o teu passo leve
violou a terra.
Recomeça a dor.

O teu passo leve
reabriu a dor.
Estava fria a terra
debaixo do triste céu,
imóvel e fechada
num sonho tórpido,
como quem já não sofre.
Também o gelo era doce
dentro do coração profundo.
Entre a vida e a morte
a esperança calava-se.

Agora tudo o que vive
tem voz e sangue.
Agora a terra e o céu
são um arrepio forte,
torce-os a esperança,
transtorna-os a manhã,
submerge-os o teu passo,
o teu hálito de aurora.
Sangue de Primavera,
toda a terra treme
dum tremor antigo.

Reabriste a dor.
És a vida e a morte.
Sobre a terra nua
passaste leve
como andorinha ou nuvem,
e a torrente do coração
reanimou-se e jorra
e espelha-se no céu
e reflecte as coisas -
e as coisas, no céu e no coração
sofrem e contorcem-se
à tua espera.
É a manhã, é a aurora,
sangue de Primavera,
tu violaste a terra.

A esperança torce-se,
e espera-te e chama-te.
És a vida e a morte.
O teu passo é leve.


PS - ... e o original:

Sei la vita e la morte.
Sei venuta di marzo
sulla terra nuda -
il tuo brivido dura.
Sangue di primavera
- anemone o nube -
il tuo passo leggero
ha violato la terra.
Ricomincia il dolore.

Il tuo passo leggero
ha riaperto il dolore.
Era fredda la terra
sotto povero cielo,
era immobile e chiusa
in un torpido sogno,
come chi più non soffre.
Anche il gelo era dolce
dentro il cuore profondo.
Tra la vita e la morte
la speranza taceva.

Ora ha una voce e un sangue
ogni cosa che vive.
Ora la terra e il cielo
sono un brivido forte,
la speranza li torce,
li sconvolge il mattino,
li sommerge il tuo passo,
il tuo fiato d'aurora.
Sangue di primavera,
tutta la tetra trema
di un antico tremore.

Hai riaperto il dolore.
Sei la vita e la morte.
Sopra la terra nuda
sei passata leggera
come rondine o nube,
e il torrente del cuore
si è ridestato e irrompe
e si specchia nel cielo
e rispecchia le cose -
e le cose, nel cielo e nel cuore
soffrono e si contorcono
nell'attesa di te.
E', il mattino, è l'aurora,
sangue di primavera,
tu hai violato la terra.

La speranza si torce,
e ti attende ti chiama.
Sei la vita e la morte.
Il tuo passo è leggero.

sábado, maio 12, 2007

Poesia

Às vezes apetece-nos gritar. Tudo é chato, inconsequente ou excessivo. Nesses momentos nada melhor do que um poema para nos centrar no que é essencial... Para isso até um poeta suicida serve - o importante é a Poesia.


Virá a morte e terá os teus olhos

Virá a morte e terá os teus olhos -
esta morte que nos acompanha
de manhã até à noite, insone,
surda, como um remorso antigo
ou um vício absurdo. Os teus olhos
serão uma palavra inútil,
um grito reprimido, um silêncio.
Assim os vês todas as manhãs
quando sozinha te inclinas
diante do espelho. Ó cara esperança,
nesse dia saberemos nós também
que és a vida e és o nada.

Para todos a morte tem um olhar.
Virá a morte e terá os teus olhos.
Será como abandonar um vício,
como ver no espelho
ressurgir um rosto morto,
como escutar lábios fechados.
Mudos, desceremos ao abismo.

Cesare Pavese (1908-1950)


PS - Para puristas e italianófilos (aqueles gajos que gostam de Óperas, da Roma Imperial, do itálico e afins) aqui fica o original:


Verrà la morte e avrà i tuoi occhi
questa morte che ci accompagna
dal mattino alla sera, insonne,
sorda, come un vecchio rimorso
o un vizio assurdo. I tuoi occhi
saranno una vana parola,
un grido taciuto, un silenzio.
Cosí li vedi ogni mattina
quando su te sola ti pieghi
nello specchio. O cara speranza,
quel giorno sapremo anche noi
che sei la vita e sei il nulla.

Per tutti la morte ha uno sguardo.
Verrà la morte e avrà i tuoi occhi.
Sarà come smettere un vizio,
come vedere nello specchio
riemergere un viso morto,
come ascoltare un labbro chiuso.
Scenderemo nel gorgo muti.

22 marzo '50

sexta-feira, maio 11, 2007

Sismo em S. Miguel


Foi registado um sismo às 06:18 (hora local) com epicentro a cerca de 04 Km a W das Furnas, ilha de S. Miguel.


De acordo com a informação disponível até ao momento, o evento foi sentido na ilha de S. Miguel com intensidade máxima III/IV (Escala e Mercalli Modificada) nas Furnas e intensidade II/III na Ribeira Quente e Ponta Garça.


quinta-feira, maio 10, 2007

11th International Cave Rescue Conference


The official language of the conference is English.

Deadlines:


We have decided the 11th Conference during the Congress UIS held in Greece in August 2005.

We know that they were many and different trainings about the rescue in all the countries and continents. An inquiry is organised during this year 2006 to know the organization of cave rescue in the world. We have to study the administrative aspects of cave rescue : it's the objective during this 11th Conference.

The cave rescue teams are not known in several countries, so we are planning to discuss it how can we organize and do a rescue operation, if it is needed.

Besides them we are planning that how the countries deal with insurance, with responsibility, with finance and security?

This conference will bring answers and projects for cavers.

Before this Conference, we will send the result of the above mentioned inquiry about cave rescue; we will use it for our discussion.


SITE da CONFERÊNCIA - AQUI

Enciclopédia da Vida na Internet

Lançada "Enciclopédia da Vida" com 1,8 milhões de espécies

Na Internet
09.05.2007 - 21h15 - Reuters


Das maçãs às zebras, todas as 1,8 milhões de espécies conhecidas de animais e de plantas serão listadas na "Enciclopédia da Vida", na Internet, no âmbito de um projecto de cem milhões de dólares (73,6 milhões de euros) lançado hoje.

O projecto, que durará dez anos, pode ajudar todas as pessoas, desde as crianças com trabalhos de casa de biologia a governos que pretendam proteger espécies ameaçadas.

"A Enciclopédia da Vida pretende criar uma entrada para cada espécie conhecida", explicou James Edwards, director-executivo do projecto. "Neste momento falamos de 1,8 milhões". As espécies que forem sendo identificadas serão acrescentadas ao projecto.

Estará disponível informação em texto (inicialmente apenas em inglês), fotografias, mapas e vídeos.

A enciclopédia, gerida por uma equipa de entre 25 e 35 pessoas, vai partir de bases de dados já existentes para mamíferos, peixes, aves, anfíbios e plantas.

O projecto será coordenado pelo U.S. Field Museum, Universidade de Harvard, Marine Biological Laboratory, Missouri Botanical Garden, Smithsonian Institution e pela Biodiversity Heritage Library, um grupo que inclui o Museu de
História Natural de Londres, o Jardim Botânico de Nova Iorque e o Jardim Botânico Real em Kew, Inglaterra.

Este ano comemora-se o 300º aniversário do nascimento do sueco Carl Linnaeus, cujo trabalho marcou a forma como as espécies são classificadas.

in Público - ver notícia

Site da Encyclopedia of Life

NOTA: Faltam poucos dias para se comemorar o 3º centenário do nascimento de Lineu...! Este Blog irá recordar a data com alguns posts, em conjunto com os Blogues GeoLeiria e Ciências Correia Mateus, tal como este.

terça-feira, maio 08, 2007

A Degradação do Sistema Ambiental e as Florestas


Vai realizar-se na FNAC (Fórum em Santa Clara - Coimbra) uma sessão de Conferências-debate sobre o tema "A Degradação do Sistema Ambiental e as Florestas". A sessão terá lugar no próximo Sábado, dia 12 de Maio, às 17 horas, e integra-se num ciclo promovido pela Associação Portuguesa de Geógrafos (APG) sobre "30 anos de Geografia e Ordenamento do Território em Democracia".

O Professor Doutor Lúcio Cunha, do CEG/UC, que via GEOPOR nos remeteu esta informação, tem a certeza que o tema em debate e a qualidade dos conferencistas (Helena Freitas, Luciano Lourenço, Luísa Schmidt e Maria José Roxo) justificam uma deslocação ao Fórum no final da tarde de Sábado...

Condorraptor

Encontrado na Argentina fóssil muito completo de dinossauro do Jurássico
Animal vivia há cerca de 150 milhões de anos
04.05.2007 - 21h37 AFP

Um fóssil bastante completo de um dinossauro carnívoro que vivia há cerca de 150 milhões de anos foi encontrado no Sul da Argentina, foi hoje revelado.

“Esta é uma descoberta sem precedentes. É a primeira vez no mundo que se encontra um dinossauro carnívoro do período Jurássico médio, assim tão completo”, explicou Pablo Puerta, paleontólogo na origem da descoberta.

O animal, bípede, conhecido por Condorraptor, media sete metros de altura.

Este fóssil, completo da anca ao pescoço, foi encontrado no interior de um enorme rochedo com cerca de cinco toneladas e foi extraído graças à intervenção de uma grua, a 450 quilómetros de Trelew.

Uma parte do crânio e da mandíbula é também claramente visível.

O rochedo foi identificado em 2002 mas foram precisos cinco anos de trabalho para a equipa de paleontólogos dirigida pelo alemão Oliver Rauhut (do Trelew Palaeontological Museum) o recuperar, explicou Puerta.

in Público - ver notícia

Via Dino-Geológico, da Ana Rola...

segunda-feira, maio 07, 2007

Os mamíferos desaparecidos da América do Sul

Fósseis no Chile revelam mamíferos que habitavam a região e derrubam antigos conceitos sobre a geologia do continente

Mamíferos raros que já povoaram a América do Sul seguem sua vida nessa reconstituição artística, sem saber que uma torrente violenta de cinzas lamacentas vindas de um vulcão próximo logo selaria seu fim

À margem das vastas pastagens, um par de animais herbívoros com cascos que lembram cavalos, um notoungulado parecido a um antílope e uma preguiça terrestre alimentam-se tranquilamente sem imaginar que seu fim é iminente. Assim como eles, a chinchila e o minúsculo marsupial parecido com um rato, mordiscando sementes, também ignoram seu destino. De repente, um dos vulcões cobertos por gelo que se destacam na paisagem explode violentamente, lançando fluxos contínuos de pó vulcânico sobre os declives íngremes da montanha. Pouco tempo depois, essas torrentes enfurecidas irrompem pelas planícies, sepultando em seu caminho os animais desavisados.

Por mais devastadora que essa fúria vulcânica tenha sido para as criaturas que soterrou, ela se tornou uma bênção para a paleontologia. Dezenas de milhões de anos depois da morte prematura desses mamíferos, as forças de exumação da formação das montanhas e a erosão subsequente revelaram os restos de seus esqueletos fossilizados à luz do dia no alto das montanhas dos Andes na região central do Chile. Nossa equipe descobriu as primeiras ossadas em 1988 enquanto procurávamos por fósseis de dinossauros no vale andino do rio Tinguiririca, próximo à fronteira com a Argentina. Os achados iniciais dos ossos dos mamíferos se provaram tão proveitosos que, desde então, voltamos à região quase todos os anos. Até agora descobrimos mais de 1.500 fósseis de mamíferos antigos em dezenas de sítios na porção central dos Andes chilenos.

Análises laboratoriais exaustivas de nossa colecção que não pára de crescer têm produzido grandes revelações sobre a história dos antigos mamíferos da América do Sul. Para nossa surpresa, a idade dos fósseis chilenos vai de 40 milhões a 10 milhões de anos – ou seja, são muito mais jovens que qualquer coisa que esperávamos encontrar por lá. Na verdade, muitos dos espécimes representam os únicos mamíferos remanescentes de segmentos daquele intervalo de tempo encontrados em qualquer lugar no continente. Alguns desses fósseis trazem novas luzes sobre um período anteriormente opaco da história das linhagens de mamíferos nativas sul-americanos nativas. Outros ajudam a pôr um ponto final em longos debates sobre a origem de importantes grupos migratórios. Juntos, eles têm auxiliado a rever a compreensão sobre quando certos ecossistemas – e as próprias montanhas – apareceram nessa região do mundo.

Descoberta intrigante

A maior parte daquilo que os cientistas sabem sobre os antigos animais da América do Sul é baseada em vestígios desenterrados nas porções mais ao sul do continente, principalmente na Patagônia. Aquelas regiões possuem afloramentos de rochas típicas que contêm fósseis: xisto, arenito e outros sedimentos endurecidos de rios e suas planícies inundadas. Antes de nossa primeira visita ao Chile, os pesquisadores ainda não tinham procurado sistematicamente por fósseis de animais terrestres nas áreas montanhosas do país, já que a maioria das rochas por lá é vulcânica. (A hipótese padrão é de que a lava e outros materiais da erupção são quentes e violentos demais para preservar vestígios orgânicos).

in
Scientific American Brasil - ver notícia aqui

Via Dino-Geológico, da Ana Rola...

domingo, maio 06, 2007

Darwin na Internet


Via ICN (que, no site, ainda não é ICNB...!) publicamos a seguinte notícia:


A Universidade de Cambridge disponibiliza on-line os trabalhos de Darwin. Neste momento, apenas estão ali inseridos cerca de 50% dos documentos, esperando-se que, em 2009 (bicentenário do nascimento do cientista e 150º aniversário da publicação de "A origem das espécies"), esteja disponível a totalidade dos trabalhos existentes.

Neste momento, pode já consultar a 1ª edição do "Journal of Researches" (1839) (ou "Voyage of the Beagle"), "The Descent of Man" (1871), "The Zoology of the Voyage of HMS Beagle" (1838-43) e a 2ª , 3ª, 4ª e 5ª edições do "On the Origin of Species", para além de manuscritos e cadernos de notas. O site inclui ainda uma vasta bibliografia sobre Darwin e um grande catálogo de manuscritos com mais de 30 mil entradas, 50.000 páginas de texto e 40.000 imagens, bem como versões audio das suas obras.

Consulte: http://www.onlineclasses.org/2012/10/29/charles-darwin/

NOTA: link atualizado em 29.11.2012, por sugestão de uma leitora nossa, a quem agradecemos...

sábado, maio 05, 2007

Blog interessante...

Por sugestão familiar (a minha mana velha, M.ª João, interessada nestas coisas...) aqui a fica a sugestão da visita ao Blog Comunicação Não Violenta.

Como aperitivo, aqui fica um dos muitos filmes que lá estão...


Biologia - 1 Geologia - 0


O Professor Doutor Galopim de Carvalho publicou, na edição de hoje (5.05.2007) do Público a seguinte notícia/artigo de opinião, que a GEOPOR gentilmente nos enviou:

Natureza: biodiversidade e geodiversidade

A reestruturação do ICN poderia ter sido feita sem mudar o nome original, sintético, coerente, expressivo e mais correcto

O Presidente da República encorajou, no seu discurso do 25 de Abril, os jovens a não se resignarem. Já não sou jovem, mas escrevo porque não me resigno com a mudança de nome do Instituto da Conservação da Natureza (ICN) para Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 136/07. Biodiversidade é uma forma de dizer, numa só palavra, diversidade biológica, ou seja, o conjunto dos seres vivos. É, para muitos, a parte mais visível da natureza, mas não é, seguramente, a mais importante. Outra parte, com idêntica importância, é a geodiversidade, sendo esta entendida como o conjunto das rochas, dos minerais e das suas expressões no subsolo e nas paisagens.

No meu tempo de escola ainda se aprendia que a natureza abarcava três reinos: o reino animal, o reino vegetal e o reino mineral. A biodiversidade abrange os dois primeiros, e a geodiversidade o terceiro. Estando assente, e bem, que biodiversidade é parte integrante da natureza, a designação agora decretada para este importante organismo do Estado é, no mínimo, desnecessária e redundante. Esta redundância vem de trás. Ficou consagrada em 2001 na Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e da Biodiversidade, na sequência da Convenção sobre a Diversidade Biológica (Conferência do Rio, 1992). O nome vem daí, mas custa-me a crer que, num organismo onde trabalham mais de quarenta biólogos e uma quinzena de arquitectos paisagistas, ninguém tenha chamado a atenção do legislador para esta aparente ingenuidade que, cientificamente, raia o ridículo - a menos que alguém me explique aquilo que me parece inexplicável. Está fora de causa qualquer juízo crítico à reestruturação deste instituto, mas ela poderia ter sido feita sem mudar o nome original, que era sintético, coerente, expressivo e, por isso, mais correcto.

Retirar a biodiversidade da natureza é o mesmo que retirar o sobreiro do conjunto das árvores, o bacalhau do dos peixes, o papagaio do das aves, os morcegos do dos mamíferos, os jornais do da comunicação social e por aí adiante, num nunca mais acabar de exemplos disparatados. Ao enfatizar a componente biológica, a nova designação do ex-ICN torna mais evidente a subestima que, lamentavelmente, a nossa administração tem manifestado pelos valores da geologia. Como se a paisagem e a civilização não dependessem do substrato geológico.
Os governantes deveriam estar mais elucidados sobre o papel da geodiversidade na civilização moderna, na prospecção e exploração das matérias-primas metálicas e não metálicas, dos combustíveis fósseis e nucleares, das águas subterrâneas, para não falar no conhecimento dos riscos sísmico e vulcânico ou no dos terrenos sobre os quais se edificam barragens, pontes e outras grandes obras de engenharia. É que, apesar de na quinta das 10 opções estratégicas aprovadas em 2001 se propor "desenvolver em todo o território nacional acções específicas de conservação e gestão de espécies e habitats, bem como de salvaguarda e valorização do património paisagístico e dos elementos notáveis do património geológico, geomorfológico e palentológico", nem o decreto-lei que lhe deu seguimento, nem a Portaria n.º 530/07, que lhe fixa os estatutos, têm um artigo, uma alínea, uma palavra referente à componente geológica da natureza. Mas tem meia centena de referências à biodiversidade. Esta pouquíssima importância dada à geodiversidade por este instituto fica, aliás, bem demonstrada pelo número de geólogos que ali trabalham, menos do que os dedos de uma mão entre 180 técnicos superiores. Que país é este que tem na geodiversidade (mármores, granitos, cobre, zinco, volfrâmio, estanho) a maior fonte de riqueza e a subestima na instituição que seria suposto zelar por ela? É o mesmo país que extinguiu, em 2003, o Instituto Geológico e Mineiro. Valha-nos Santa Bárbara!

A. M. Galopim de Carvalho

Geólogo

in Público (5/Maio/2007)

ADENDA: Já nem a Santa Bárbara nos vale, caro Doutor Galopim de Carvalho. Quando é que os Geólogos valem a si próprios e se organizam numa Ordem...?

sexta-feira, maio 04, 2007

Olhares sobre a Nazaré, visitas guiadas

Da geóloga M.ª Laura Anastácio, da C. M. Nazaré, recebemos, via Geopor, a seguinte informação:


Dia 5 de Maio - 15.00 horas

Apresentação do projecto "Olhares sobre a Nazaré,Visitas guiadas"

A visita inaugural de Olhares sobre a Nazaré - a designação dada ao conjunto de visitas guiadas aos principais pontos de interesse da vila, proporcionado pela autarquia. A História, a Etnografia, a Biologia e a Geologia vão ser as áreas de destaque nestes percursos sobre a Nazaré.
Nesta visita, aberta ao público em geral sob inscrição prévia, será possível conhecer de forma mais pormenorizada locais como o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, o Forte de S. Miguel ou a gruta do Forno d'Orca, na Praia do Norte. Para tal, participarão nesta iniciativa Dr. Júlio Almeida, em representação da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, Dr. António Nabais, director do Museu Etnográfico e Arqueológico Dr. Joaquim Manso, e o Professor Doutor Pedro Callapez, professor do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra.

As inscrições poderão ser feitas através do telefone 262 561 194 (até às 17.00 horas de 6ª-feira, dia 4) e são gratuitas.

A concentração dos participantes ocorrerá junto à Praça Dr. Manuel de Arriaga. Olhares sobre a Nazaré é uma iniciativa organizada pela Câmara Municipal da Nazaré, com o apoio da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré.

Simpósio ibero-americano sobre património geológico, arqueológico e mineiro em regiões cársicas

Simpósio Ibero-Americano sobre Património Geológico, Arqueológico e Mineiro em regiões Cársicas
Batalha - Portugal
28 de Junho a 1 de Julho 2007

2ª circular


Conforme programa provisório, disponível em http://carso.ineti.pt, confirmamos a presença dos seguintes conferencistas:

  • Carlos Caxaria, Sub-Director-Geral da Direcção Geral de Geologia e Energia
  • Federico B. de Quirós, Prof. Catedrático de Historia Antiga da Universidade de León, antigo Director das Grutas de Altamira
  • João Zilhão, Arqueólogo, Professor Convidado da Universidade de Bristol (GB)
  • José A. Crispim, Prof. Auxiliar, Departamento de Geologia F.C. Universidade de Lisboa, Presidente da Sociedade Portuguesa de Espeleologia
  • Josep Mata-Perelló, Prof. Catedrático da Universidade Politécnica da Catalunha, Presidente Honorário da SEDPGYM
  • José Manuel Alho, Director do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros
  • Juan Durán Valsero, Director do Serviço de Hidrogeologia do Instituto Geológico e Mineiro de Espanha, Presidente da Associação de Grutas Turísticas de Espanha


Orientadores da visita de campo:

  • Carlos Calado, Hidrogeólogo, Sociedade Portuguesa de Espeleologia
  • José A. Crispim, Geólogo, F.C.U.L., Sociedade Portuguesa de Espeleologia
  • Maria Luísa Rodrigues, Geógrafa, Profª. Auxiliar, Departamento de Geografia da Fac. de Letras da Universidade de Lisboa
  • Raúl Coelho, Geólogo, Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros

Aproveitamos para recordar que se aproxima o final do prazo (15 de Maio) para inscrição e apresentação dos resumos com as propostas de comunicações (máx. 1 página A4) às quatro secções de trabalho do Simpósio.


Este evento está integrado na programação do Ano Internacional do Planeta Terra (UNESCO) .

Conferência "Outros Habitats"

Ciclo de Conferências

por David J. Hess
10.05.07, 5ª-feira - 18:00, Auditório 6 – Afonso de Barros, Ala Autónoma/ISCTE

O grupo de doutorandos do ISCTE, constituído por Alexandre Pólvora, Inês Pereira, Pedro Abrantes e Susana Nascimento, tem o prazer de endereçar o convite para a última conferência do I Ciclo Temático de Conferências Livres do Programa de Doutoramento em Sociologia.

(para mais informações http://outrosmundostecnicos.blogspot.com ).

"Rethinking the Sustainable City: Exploring the Potential of Local Social Enterprises"

"The problems of global warming, resource depletion, persistent pollution, and habitat destruction suggest that human civilization is no longer adapted to its global habitat. The technology for achieving a transformation to a more sustainable relationship with the environment already exists in the form of green buildings, renewable energy, public transportation, and sustainable agriculture. However, the implementation of the transformation is proceeding at a very slow pace, and it occurs alongside ongoing growth of environmental deposits and withdrawals. This talk examines the argument that an economic system based on the large, publicly traded corporation with its emphasis on short-term growth creates a growth logic that is not adapted to the global ecology. The emergence of the localist movement in the United States—around small businesses, nonprofits, and local government agencies—is examined for its potential to generate a more liveable human habitat and an economy that is more adapted to life within the planet's carrying capacity."

David J. Hess (http://www.davidjhess.org)
(Science and Technology Studies Department, Rensselaer Polytechnic Institute, NY)

Professor titular no Departamento de STS / Science and Technology Studies do Rensselaer Polytechnic Institute, New York. B.A. (honors) em Economia pela Universidade de Harvard. M.A. e PhD em Antropologia pela Universidade de Cornell, sob a orientação de James A. Boon e supervisão de Thomas Holloway, David Holmberg e Roberto DaMatta. Antigo presidente (2000-2004) do Departamento de STS / Science and Technology Studies do Rensselaer Polytechnic Institute. Detentor do prémio Diana Forsythe (2000) atribuído pelo Committee of the Anthropology of Science and Technology, Society for the Anthropology of Work, e American Anthropological Association, para o melhor livro no espírito do trabalho antropológico feminista de Diana Forsythe sobre trabalho, ciência e/ou tecnologia. Investigador em projectos anteriores de investigação e de desenvolvimento curricular da National Science Foundation e do Departamento Americano de Educação, nomeadamente "Design, Innovation, and Society", "Sustainable Technology, the Politics of Design, and Localism", "Cross-Cultural Studies of Science and Technology" e "Public Understanding of Science". Professor convidado na Universidade de Wollongong na Austrália, na Faculdade Bezerra de Menezes e na Universidade Federal Fluminense no Brasil. É autor de inúmeros livros e publicações, destacando-se Spirits and Scientists: Ideology, Spiritism, and Brazilian Culture (Penn State University Press, 1991), Science and Technology in a Multicultural World (Columbia University Press, 1995), Can Bacteria Cause Cancer? (NY University Press, 1997) e ainda Alternative Pathways in Science and Industry: Activism, Innovation, and the Environment in an Era of Globalization (MIT Press, 2007). Os seus domínios de especialização e interesse compreendem a antropologia, história e sociologia da ciência e da tecnologia; os movimentos ambientais, medicinais e religiosos; as medicinas alternativas e a modernidade; as tecnologias sustentáveis, o localismo, e a teoria e prática do design.

Publicações recentes para download:

"Alternative Pathways in Science and Industry: Activism, Innovation, and the Environment in an Era of Globalization" (2007) MIT Press, Cambridge, MA
http://mitpress.mit.edu/catalog/item/default.asp?ttype=2&tid=11183

"Enhancing Justice and Sustainability at the Local Level: Affordable Policies for Urban Governments", (2006) with Langdon Winner, research funded by the National Science Foundation, Social and Economic Sciences, SES Award No. 0425039
http://www.davidjhess.org/PolicyPaper.pdf

Este I Ciclo Temático de Conferências Livres do Programa de Doutoramento em Sociologia do ISCTE conta com o apoio das seguintes instituições: ISCTE, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e Instituto Franco-Português.

Palestra/Saída de Campo em Leiria


O Professor Doutor Jorge Dinis, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra e que foi professor dos Geopedrados, vai realizar uma actividade intitulada "A Geologia da região de Leiria". Esta será em 04.07.2007 e terá uma componente teórico/prática da manhã e uma saída de campo à tarde (o horário ainda terá de ser definido...) e estará aberta a todos os docentes de Leiria, preferencialmente dos grupos de Biologia/Geologia, Ciências da Natureza e Geografia.

Logo que haja mais informações elas serão aqui colocadas, bem como em outros Blogues...

Apresentaçao de site e Revista Espeleológica


No dia 04 e 05 de Maio de 2007, pelas 18.00 horas, na sede da Cooperativa de Comunicação e Cultura de Torres Vedras, proceder-se-á à apresentação da Revista Trogle, n.º5 e o site na Internet da AESDA – Associação de Estudos Subterrâneos e Defesa do Ambiente.

A entrada é livre - vem até à Rua da Cruz, nº9, em Torres Vedras, vem estas agradáveis novidades.