segunda-feira, abril 28, 2008

Uma história de futebol e fósseis

Colunista explica o que a Bacia Sedimentar de São José de Itaboraí tem a ver com a construção do Maracanã



Fósseis de diversas espécies de mamíferos foram encontrados na bacia de São José de Itaboraí. O marsupial Protodidelphis é uma delas

Que ligação poderia existir entre fósseis e futebol? Quem fizer esta pergunta para especialistas no estudo de organismos extintos ou para aqueles que entendem do esporte bretão ouvirá a resposta óbvia: nenhuma! No entanto, a história de um dos principais depósitos de fósseis brasileiros tem uma ligação, ainda que tênue, com o futebol. Esse depósito é a Bacia de São José de Itaboraí, localizada no município homônimo, no estado do Rio de Janeiro.

Em um dado momento foi encontrado na região de Itaboraí um tipo de rocha chamado calcário, de grande interesse econômico, por ser matéria prima para a fabricação do cimento, tão importante na construção civil. A partir de 1928, o depósito calcário de Itaboraí foi explorado pela Companhia Nacional de Cimento Portland, que encerrou as suas atividades na região em 1984. E o cimento de Itaboraí foi utilizado, entre outras obras, na construção de um estádio de futebol. Mas não era qualquer estádio, e sim um bem especial, concebido para ser o maior do mundo: o Maracanã. A construção ganhou projeção internacional: são poucos os turistas que chegam ao Rio e não desejam ao menos passar em frente ao estádio Mário Filho (nome oficial do Maracanã).

Naturalmente, não só o Maracanã foi construído com o cimento de Itaboraí. A ponte Rio-Niterói é outra obra de engenharia civil que se valeu do cimento produzido a partir desse depósito. Alias, graças a ele foi instalada na região a segunda fábrica de cimento no Brasil. Mas como é que os fósseis entram nessa história?

A Bacia Sedimentar de São José de Itaboraí é uma das menores do Brasil, com 1.400 metros de comprimento (orientação nordeste-sudoeste) e largura máxima de apenas 500 metros. Ela se formou há pelo menos 60 milhões de anos, quando, devido a forças tectônicas que agem no interior da Terra, um lago raso instalou-se na região. Nas margens desse lago, vivia uma variada fauna, particularmente de mamíferos, que originou um dos principais depósitos fósseis do país.

Do ponto de vista geológico, as rochas sedimentares que formam a Bacia de São José de Itaboraí se dividem em três seqüências distintas. A primeira, que forma o assoalho da bacia, é constituída por camadas com diversos tipos de calcário: o tavertino (reconhecido por um bandeamento típico), um mais maciço e cinzento e um calcário oolítico-pisolítico de aspecto bem característico. Nessas camadas, são encontrados principalmente gastrópodes (moluscos), vegetais e alguns mamíferos.

Logo em seguida houve uma fase na bacia em que esses calcários foram parcialmente dissolvidos, criando fendas e cavernas (topografia cárstica). Essas fendas foram preenchidas com a ocorrência de enxurradas na região há 60 milhões de anos, formando as rochas da segunda seqüência sedimentar. Sua composição é semelhante ao calcário cinzento que forma o assoalho da bacia, sendo que suas rochas são menos consolidadas.

Essas fendas forneceram a maior parte dos fósseis de Itaboraí. Entre os mais abundantes estão os gastrópodes (moluscos), particularmente espécies terrestres que viviam nos arredores e margens do antigo lago. Também há fósseis de plantes, anfíbios, lagartos, crocodilomorfos e aves. Até mesmo uma vértebra de cecília (Caeciliidae) – um anfíbio semelhante a uma minhoca – foi encontrada nesse depósito. Mas o maior destaque cabe aos mamíferos fósseis.

O grupo mais diversificado é o dos marsupiais, que reúne as únicas formas de mamíferos carnívoros encontrados nesse depósito. São inúmeras espécies como o Protodidelphis e o Patene simpsoni. O grupo mais comum, no entanto, é o dos ungulados. Entre eles está o Paulacoutoia protocenica, um representante do grupo Condylarthra e o Colbertia magellanica, do grupo Notoungulata. Um dos mais famosos – e maiores – é o Carodnia vieirai (Xenungulata), do qual esta sendo confeccionada uma réplica, sob a coordenação da professora Lílian Bergqvist, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Também foram encontrados no calcário de Itaboraí o mais antigo representante dos tatus (Xenarthra) e diversos outros grupos de mamíferos. O conjunto de fósseis ali encontrados possibilitou a datação desse depósito no Paleoceno, que chegou a receber a designação própria – Itaboraiense. Assim, sabemos que essa fauna viveu alguns milhões de anos depois da extinção dos dinossauros não-avianos.

Por fim, há ainda a terceira seqüência de rochas que recobriram os depósitos calcários de São José do Itaboraí. A idade dessas rochas – entre 12 e 15 mil anos atrás – se inscreve no Pleistoceno. Apesar de não haver consenso entre os pesquisadores, essa datação é baseada em rochas parecidas encontradas a 100 metros da parte sul da bacia, onde foram coletados restos de mamíferos da megafauna, como mastodontes e preguiças-gigantes.

Desde 1984, a água subterrânea e a chuva foram preenchendo a depressão deixada pela atividade da mineração. Como resultado, temos hoje na região um novo lago que, infelizmente, impede trabalhos de geologia e paleontologia na área. Talvez atividades de mergulho permitam coletar novos fósseis no futuro – trata-se de um projeto complicado, mas não totalmente impossível.

Devido a esse importante conjunto de fósseis, uma lei municipal instituiu em 12 de dezembro de 1995 o Parque Paleontológico de São José de Itaboraí. Pouco ativo desde a sua criação, o parque tem recebido nos últimos anos grande suporte da comunidade de paleontólogos fluminenses e um importante auxílio da prefeitura de Itaboraí e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Uma visita à região está sendo planejada, por ocasião do Dia do Paleontólogo (veja as Paleocurtas abaixo).

De qualquer forma, a Bacia de São José de Itaboraí forneceu centenas de restos de organismos extintos, que se encontram distribuídos em várias instituições, muitos dos quais ainda estão sendo estudados. A criação de um parque paleontológico na região de Itaboraí seria muito benéfica para a população local, além de representar uma chance de preservar o que sobrou desse importante depósito de fósseis do país. Esperemos que os esforços para transformar esse parque se tornem realidade – isso seria um verdadeiro "gol de placa"!

Alexander Kellner
Museu Nacional / UFRJ
Academia Brasileira de Ciências
03/03/2006


NOTA: Texto publicado no jornal on-line Ciência Hoje (do Brasil).

Geopor na Blogosfera‏


Para os entusiastas dos blogues, anunciamos a entrada do Geopor na blogosfera!

Veja em: http://geopor-pt.blogspot.com/

Se tem um blogue na internet, insira um link para o blogue do Geopor e envie-nos o endereço do seu blogue para que o possamos adicionar aos "nós" do Geopor.

Geopor na Web 2.0‏

O Geopor.pt está a ser adaptado para a designada Web 2.0.

Actualmente a Internet possibilita a difusão instantânea e partilhada da informação, bem como a criação de comunidades virtuais em torno de assuntos específicos.

No novo Geopor pode partilhar a sua informação e participar numa comunidade envolvida com as Ciências da Terra.As principais novidades já disponíveis, da 3ª reformulação do Geopor são:
mas muitas outras novidades interessantes serão entretanto desenvolvidas.

Veja ligações interessantes no Geopor.

Participe e integre-se no Geopor!

O impacto do As, Hg, F, Se e I na saúde humana e ambiente

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Departamento de Geologia


Ano Internacional do Planeta Terra - AIPT 2008

(site AIPT2008 nacional em http://www.progeo.pt/aipt/)


Abril:
Terra e Saúde:
construir um ambiente mais seguro


Conferência:

O impacto do As, Hg, F, Se e I na saúde humana e ambiente

por

Eduardo Anselmo Ferreira da Silva
Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro

GeoFCUL: 30 de Abril, 17.00 horas, anfiteatro 6.2.52


Mais informações, resumo das conferências e programa das comemorações em:

http://geologia.fc.ul.pt/


Para mais informações e divulgação da iniciativa, ver documento em pdf disponível em:

http://geologia.fc.ul.pt/documents/87.pdf

Seminário sobre Alimentação Saudável nas Caldas da Rainha

A Associação Nacional de Animação e Educação (ANAE) e a Câmara Municipal das Caldas da Rainha têm a honra de convidar V. Ex.ª a estar presente no seminário Alimentação Saudável: Como abordar a alimentação de uma forma didáctica?, no dia 29 de Abril de 2008, entre as 19.30 e as 21.30 horas, no Auditório da Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha.


Programa |

19.30 horas – Início

Da confecção, embalamento e conservação dos os produtos alimentares à recepção de matérias-primas e distribuição.

Como abordar a alimentação de uma forma didáctica?

Como abordar a alimentação de uma forma didáctica?


21.30 horas – Encerramento

Entrada gratuita

Não é necessária inscrição antecipada

Contactos:

anae_edu@sapo.pt

938461916 | 931411222



Pode ainda consultar a página oficial em www.anae.pt.vu

I Jornadas Científicas de Espeleologia - Programa


PROGRAMA

Quinta-feira, 1 de Maio de 2008

09.00 - 13.30: Sessões práticas
Local: Centro de Interpretação Ambiental de Leiria.

1. Modelação analógica dos eventos tectónicos em regime frágil (as falhas) envolvidos na Espeleogénese;
2. Modelação analógica nos processos estratigráficos, incluindo a preservação de Pegadas de dinossauro.

13.30 - 15.00: Intervalo para almoço

15.00 - 18.30
Local: Monumento Natural das Pegadas de Dinossauros da Serra de Aire

3. Visita às Pegadas de Dinossauros da Pedreira do Galinha
Observação das pegadas e eventos tectónicos

18.00 - 20.00: Intervalo para jantar

20.00 - 23.00: Cerimónia de Abertura
Local: ESTG - IPL.

4. Modelação analógica na fronteira Geologia / Arqueologia - Modelo do Cabo Sardão (estratigrafia);
5. Arqueologia em Gruta.

Apresentações e enquadramentos científicos pelos Conselheiros e Colaboradores da Comissão Científica da FPE:
Paulo Fonseca (C.Cient. FPE; FCUL - LabGExp);
Helena Moita Deus (C.Cient. FPE; FCUL - LabGExp);
Vanda Santos (C.Cient. FPE; MNHN);
Ana Cristina Araújo (IGESPAR,IP; convidada da C.Cient. FPE)
Francisco Almeida (C.Cient. FPE; Bolseiro FCT; IGESPAR,IP)

Sexta-feira, 2 de Maio de 2008

09.00 - 13.30: Sessões práticas
Sessões práticas (manhã e tarde). Actividades em simultâneo.
Locais: Início na ESTG - IPL. As actividades de campo decorrerão no Vale do Lapedo.

6. Campo Arqueológico no Vale do Lapedo;
7. Prospecção Geofísica (utilização de Georadar; GeoEléctrica, Gravimetria e Sloter).

Enquadramento científico: Fernando Santos (FCUL; C.Cient. FPE), Francisco Almeida (C.Cient. FPE),
Pedro Ferreira (C.Cient. FPE), Paulo Marques (C.Cient. FPE), Telmo Pereira (C.Cient. FPE),
João Paulo Plancha (CCient-FPE) e Manuel Soares (CIES - FPE).

13.30 - 15.00: Intervalo para almoço

15.00 - 18.30
Local: IPL-ESTG (Grande Auditório ESTG Edifício B)

8. Mesas Redondas sobre o Desenvolvimento Sustentável do Maciço.
Opções e Impactos: Parques Eólicos; Extracção de Inertes; Curtumes, Turismo Ambiental e Científico; Desenvolvimento Rural.

Oradores convidados:
Galopim de Carvalho (C.Cient. FPE); Diogo Abreu (FLUL; C.Cient. FPE); João Joanaz de Melo (FCT/UNL; C.Cient. FPE); Maria Luísa Rodrigues (Presidente da Associação Portuguesa de Geoturísmo; C.Cient. FPE).
Convidados: ICNB; PNSAC; C.M. Leiria e demais Municípios; Empresas das áreas abordadas.

18.00 - 20.00: Intervalo para jantar

20.00 - 23.00: Cerimónia de Abertura
Local: IPL-ESTG (Grande Auditório ESTG Edifício B)

9. Génese do Maciço Calcário Estremenho;
10. Técnicas de Prospecção Geofísica.

Apresentações pelos Conselheiros e Colaboradores da Comissão Científica da FPE:
José Carlos Kullberg (FCT-UNL; C.Cient. FPE), Fernando Santos (FCUL; C.Cient. FPE) e Manuel Soares (CIES - FPE).

Sábado, 3 de Maio de 2008

09.00: Sessões práticas

11. "Observação de exemplares de fauna cavernícola"
Equadradamento: Ana Sofia Reboleira, Pedro Cardoso e Sérgio Henriques
12. "Introdução à monitorização de quirópteros cavernícolas"
Equadradamento: Ana Raínho e Pedro Alves
13. "A abordagem ao objecto em ilustração científica"
Equadradamento: Nuno Farinha


11.00: Comunicações

14. Olímpio Martins (PNSAC - ICNB) - "Se bem me lembro..." (uma abordagem à história da Espeleologia no Maciço Calcário Estremenho);
15. Sérgio Henriques - "Passado, Presente e Futuro dos pseudoescorpiões cavernícolas portugueses (Arachnida, Chelonetida)";
16. Paulo Rodrigues (NALGA, AES) - "Espeleogénese do Algar dos Alecrineiros, Maciço Calcário Estremenho, Portugal";
17. Pedro Cardoso (Dep. Ciências Agrárias - Univ. Açores) - "Anapistula - Protegendo espécies troglóbias europeias de aranhas - O caso de estudo de uma nova espécie de Sinfitognatídeo em Portugal";
18. Ana Sofia Reboleira, Gonçalves, F. (CESAM, Dep. Biologia, Univ. Aveiro) & Serrano, A. (Faculdade de Ciências, Univ, Lisboa) - "Coleópteros (Insecta Coleóptera) cavernícolas do Maciço Calcário Estremenho: biodiversidade e conservação".

13.15 - 14.45: Intervalo para almoço

15.00: Comunicações (continuação)

19. José Manuel Brandão (INETI - CEHFC, Univ. de Évora) - "Grutas turísticas: emoções e património";
20. Luísa Rodrigues & Jorge Palmeirim (Faculdade de Ciências, Univ, Lisboa) - "Migrações de morcegos-de-peluche (Miniopterus schreibersii): quando, para onde e porque migram?";
21. Paulo Borges (Dep. Ciências Agrárias - Universidade dos Açores) - "Biodiversidade das cavidades vulcânicas dos Açores";
22. Maria Luísa Rodrigues (Faculdade de Letras, Univ. Lisboa) - "Contributos para a classificação de formas cársicas superficiais. A tipologia dos lapiás";
23. Marta Moreno & Carlos Pimenta - "Conservação e recuperação de restos arqueofaunísticos de vertebrados em grutas";

Break 10'

24. Carlos Fiolhais (Faculdade de Ciências, Univ. Coimbra) - "Eles vêem com os ouvidos";
25. Vicente Ortuño, Gonzalo Pérez Suárez (Dep. Zoología y Antropología Física. - F. Biología. Univ. Alcalá de Henares, Madrid) & Alberto Sendra (Museu Valencià d'Història Natural) - "La bioespeleología en España";
26. Olivier Vidal & Jean Michel Aubin (Federação Espeleológica da União Europeia) - "A Federação Espeleológica da União Europeia e o próximo Congresso Europeu - VERCORS 2008";
27. Carlos Neves (ESTG - IPL) - "Carsoscópio. Centro de Ciência Viva do Alviela".

Moderadores das Sessões:
Gabriel Mendes (Presidente da C.Cient. FPE), Lúcio Cunha (FLUC; C.Cient. FPE), Diogo Abreu (FLUL; C.Cient. FPE)

19.45: Entrega dos Prémios do Concurso Fotográfico.

20.00: Jantar de Honra
(requer inscrição prévia)
Variedade à escolha: prato de carne, peixe, vegetariano, saladas e doces.

SpeleoNight


Domingo, 4 de Maio de 2008

09.00 - 13.30: Magical Mystery Tour

13.30 - 15.00: Magical Mystery Lunch (almoço volante, requer inscrição prévia)

14.45 - 17.30: Magical Mystery Tour

I Jornadas Científicas de Espeleologia - novidades

Recorda-se a todos que irão decorrer no próximo fim-de-semana as "Jornadas Científicas de Espeleologia - Maciço Calcário Estremenho 2008", a realizar em na cidade de Leiria, de 1 a 4 de Maio.

Últimos dados da organização

Inscrições: Embora a inscrição de participação nas Jornadas seja gratuita para os membros das Associadas, ela é obrigatória para TODOS - mesmo para quem fez pré-inscrição. Devem fazê-lo para (ciencia@fpe-espeleo.org) indicando o nome dos inscritos, se pretendem estar presentes no Jantar de Honra Sábado dia 3 (15€) e se pretendem o Almoço de Domingo (10€) (este almoço irá ser a meio do Tour algures no Maciço mas fora de Leiria).

Dormidas: Não será possível a utilização do espaço gratuito inicialmente previsto, pelo que a organização conseguiu um acordo com o Quartel de Leiria que tem um espaço adaptado para estas ocasiões (quartos colectivos separados pelo género) com roupa e pequeno almoço por apenas 7,5€ por pessoa o que julgamos ser um excelente compromisso impossível de igual em quaisquer outras instalações. O pagamento poderá ser efectuado localmente, mas temos que proceder URGENTEMENTE às reservas e informar o número de participantes o quanto antes o Comando do Quartel.

Refeições: Com a excepção de Sábado à Noite e Domingo ao Almoço, todas as refeições serão por conta e risco dos participantes – A Organização vai indicar vários locais. No entanto, temos às disposição Sexta-Feira (almoço e jantar) e Sábado (almoço) da Cantina do IPL cuja refeição completa custa apenas 4€ - já não existe o preço diferenciado para estudantes de outras universidades que tínhamos previsto a 2,10€.

Mobilidade nas Jornadas: A organização terá à sua disposição um Autocarro que fará as principais ligações entre o Quartel, as actividades de campo e as instalações das Jornadas IPL e Centro de Educação Ambiental. No entanto, como só dispomos de 52 lugares, eles serão atribuídos prioritariamente aos oradores convidados, aos vierem de uma maior distância (Açores, França, Espanha, Algarve, Valongo, Sesimbra e restantes a norte de Coimbra ou da Grande Lisboa) aos que não tenham transporte próprio e por fim, pela ordem da inscrição oficial das restantes associações limítrofes com perda de prioridade para os membros do NEL.

Local de Realização das Jornadas: As actividades indoor das Jornadas realizar-se-ão na sua maioria nas instalações do Instituto Politécnico de Leiria, no Grande Auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão - Edifício B. No entanto, Quinta-feira dia 1, as actividades terão o seu início no Centro de Interpretação Ambiental de Leiria, sendo este o local para onde se devem dirigir a partir das 9:00 da manhã para fazerem o respectivo check-in e assistirem às primeiras actividades.

APELO: Agradecemos, apelemos e imploramos que façam rapidamente as vossas inscrições de forma a fornecermos às diversas entidades os números espectáveis nas dormidas, refeições e restante logística organizativa dos 4 dias.

Apelamos ainda aos dirigentes de cada associada que liderem activamente e empenhadamente este processo interno de divulgação, organização e sobretudo de sensibilização e mobilização para a participação do maior número de espeleólogos que conseguirmos, uma vez que para além de ser um dever nosso, corresponder em número à qualidade já garantida do evento pela presença de 30 oradores ao mais alto nível de 10 áreas científicas diferentes, ele constitui em si, uma decisiva oportunidade de projecção da imagem da FPE ao nível nacional e internacional.



Inscrições:
Sócios de associadas da FPE: GRÁTIS
Estudantes: 15 €
Outros: 20 €
Inscrições e dúvidas: ciencia@fpe-espeleo.org
Web: http://www.fpe-espeleo.org/

III Concurso de Fotografia do Núcleo de Geociências da Universidade de Coimbra


Decorre, do dia 1 de Abril ao dia 2 de Maio de 2008, o III Concurso de Fotografia Geológica, uma iniciativa do Núcleo de Estudantes de Geociências da Universidade de Coimbra, que se integra no Ano Internacional do Planeta Terra.


LINKS:

Biocombustíveis? Porreiro pá...

Estado sente-se lesado por não receber imposto dos combustíveis fósseis
Ericeira multada pelo Estado por utilizar óleos reciclados em carros do lixo
27.04.2008 - 17h55 PÚBLICO, com Lusa

A junta de freguesia da Ericeira foi multada em sete mil euros utilizar óleos reciclados para mover os carros do lixo, em vez de comprar combustíveis fósseis, pelo que o Estado se considera lesado. O presidente da junta, citado pela TSF, já garantiu que não vai pagar a multa.

Joaquim Casado explicou que há vários anos que recorrem aos óleos usados mas que só agora a Direcção-Geral de Finanças do Ministério da Economia e a Direcção-Geral das Alfândegas o informaram da necessidade de legalizar a produção de biodiesel. “Fiz todos os esforços para me legalizar e, depois de preencher uma série de requisitos, fiquei espantado ao deparar que a quota está esgotada no país”, acrescentou o presidente da junta.

A ASAE multou, assim, a Ericeira em sete mil euros por lesar o Estado ao “deixar de comprar combustíveis fósseis”, não arrecadando este “a percentagem de 50 por cento”. Contudo, Joaquim Casado já adiantou que não vai pagar a multa, até porque a freguesia recebe apenas 55 mil euros do orçamento geral do Estado.

O presidente social-democrata já pediu ajuda a vários grupos com assento parlamentar e a várias associações ambientalistas mas obteve poucas respostas. Por agora, os carros de lixo da Ericeira deixaram de usar biodiesel.

A junta de freguesia da Ericeira afirma que foi pioneira na recolha porta-a-porta dos óleos usados que começou por entregar a uma empresa de produção de biodiesel. "Com esse dinheiro comprámos fotocopiadoras para todas as escolas do ensino básico e só mais tarde é que se avançou para a produção própria de bio-combustível", disse Joaquim Casado.

Freguesia sente-se injustiçada por ser amiga do ambiente

"A nossa imagem é reconhecida por muitas autarquias do nosso país que nos visitam e tentam seguir o exemplo dos nossos projectos", afirma o presidente da junta numa carta dirigida a todos os grupos parlamentares da Assembleia da República onde denuncia o que considera "uma sanção injusta" junto de quem "tenta ser amigo do ambiente".

Segundo o autarca, a junta recolhe óleo alimentar "em todos os estabelecimentos de restauração, hotéis e escolas" tendo criado "oleões" de rua junto dos ecopontos. Mensalmente e desde há vários anos a junta de freguesia recolhe entre quatro a cinco mil litros de óleo vegetal usado. Desde Junho de 2007 os óleos são valorizados numa central de transformação onde é produzido bio-combustível e glicerina.

"O respectivo bio-combustível é utilizado em 14 viaturas da junta de freguesia, a parte restante ofertamos aos bombeiros do concelho e às instituições particulares de solidariedade social do concelho, assim como cinco litros ao cidadão comum que o queira experimentar na sua viatura", adianta o autarca social-democrata.

Com a glicerina estão a ser feitas experiências para a produção de sabão e sabonete com o objectivo de ser doado às 144 famílias carenciadas da região. "É de ficar consternado com a atitude que nos é aplicada, sem compreensão, sem apelo à preservação do ambiente, sem valorização ao produto já utilizado, visando única e simplesmente a receita financeira", conclui.

Ao mesmo tempo Joaquim Casado informa que tem em circulação uma viatura modificada que funciona através de um sistema de painéis foto-voltaicos e que utiliza energia solar. "Temos a viatura a circular diariamente sem custos com energia, que é 100 por cento ecológica. Será que teremos que pagar um imposto adicional por aproveitamento do sol?", interroga a freguesia da Ericeira.

in Público on-line - ler notícia

domingo, abril 27, 2008

A morte anunciada da gestão democrática das Escolas

Como será possível criar legislação sobre gestão das Escolas em que esta passa a ser claramente não democrática, se a actual Constituição da República Portuguesa é tão clara neste aspecto?


Artigo 77.º
(Participação democrática no ensino)

1. Os professores e alunos têm o direito de participar na gestão democrática das escolas, nos termos da lei.

E os Professores, os Alunos, os Sindicatos, os Conselhos Executivos, os Conselhos Pedagógicos, as Assembleias de Escola, os Políticos, os Partidos e a sociedade em geral podem aceitar apaticamente que se desrespeite a lei máxima do estado?

Como se pode aceitar que um Governo faça leis (LBSE) e a seguir as desrespeite despudoradamente?

LEI DE BASES DO SISTEMA EDUCATIVO
Lei nº 49/2005 de 30 de Agosto

Artigo 48º
Administração e gestão dos estabelecimentos de educação e ensino
(...)
2 - Em cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos de educação e ensino a administração e gestão orientam-se por princípios de democraticidade e de participação de todos os implicados no processo educativo, tendo em atenção as características específicas de cada nível de educação e ensino.
3 - Na administração e gestão dos estabelecimentos de educação e ensino devem prevalecer critérios de natureza pedagógica e científica sobre critérios de natureza administrativa.
4 - A direcção de cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos dos ensinos básico e secundário é assegurada por órgãos próprios, para os quais são democraticamente eleitos os representantes de professores, alunos e pessoal não docente, e apoiada por órgãos consultivos e por serviços especializados, num e noutro caso segundo modalidades a regulamentar para cada nível de ensino.
(...)
6 - A direcção de todos os estabelecimentos de ensino superior orienta-se pelos princípios de democraticidade e representatividade e de participação comunitária.



Haja decoro, haja decência...

O Ensino das TIC: Modo de Usar

É impressionante o que se está a passar com o ensino da Informática no nosso ensino básico e secundário.

É impressionante ver que um estudo elaborado já há alguns meses atrás por “alguém iluminado” não tenha a devida resposta por parte de uma associação de professores de informática.
É impressionante sentir que o investimento nas novas tecnologias continua a ser feito no material (onde interesses económicos perduram) enquanto a FORMAÇÂO perde terreno.
É impressionante pensar-se que o ser-se “autodidacta” basta para as competências tecnológicas do dia a dia.

Visão “Pedagógica”:

Pensar que os alunos adquirem capacidades científicas com 90 minutos de Área de Projecto nos 7º e 8º anos, por semana, é estar completamente fora da realidade. Os alunos vão deixar de ter qualquer tipo de competência a um nível tecnológico estruturado. O software livre vai ainda ter um maior “tombo”.
As competências em TIC’s resumir-se-ão a pouco mais do que “processamento de texto básico (MS Word)”, “apresentações (MS Powerpoint)”, “navegar na Web”, “MSN” e jogos de computador (como dizia o outro).

Visão “Corporativa”:

  • Como é possível deixar entrar centenas de professores no grupo 550 para agora ficarem super-excedentários?
  • Como é possível existirem centenas de alunos nas universidades nos cursos de “Ensino da Informática” ?
  • Como é possível desprezar uma mais valia existente em todas as escolas?
  • Como é possível que escolas com 7 professores de Informática apenas ficam com horários só para 1 ou 2 no máximo.

A informática fica assim resumida aos cursos profissionais, essa aberração.
Escapam as escolas com Tecnológico de Informática (como a minha).

Espero que com esta reflexão active “qualquer coisa” que está inactiva.


PQND – há 15 anos (in Blog A Educação do meu Umbigo)

Jogos Olímpicos de Verão - Pequim 2008

Para perceberem a nossa posição sobre a tristeza que é ver os nossos políticos a vergar a espinha perante um bando de malfeitores, aqui ficam duas imagens bem sugestivas:


sexta-feira, abril 25, 2008

O Portugal de Alexandre O'Neil

Portugal



Ó Portugal, se fosses só três sílabas,

linda vista para o mar,

Minho verde, Algarve de cal,

jerico rapando o espinhaço da terra,

surdo e miudinho,

moinho a braços com um vento

testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,

se fosses só o sal, o sol, o sul,

o ladino pardal,

o manso boi coloquial,

a rechinante sardinha,

a desancada varina,

o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,

a muda queixa amendoada

duns olhos pestanítidos,

se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,

o ferrugento cão asmático das praias,

o grilo engaiolado, a grila no lábio,

o calendário na parede, o emblema na lapela,

ó Portugal, se fosses só três sílabas

de plástico, que era mais barato!



*



Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,

rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,

não há "papo-de-anjo" que seja o meu derriço,

galo que cante a cores na minha prateleira,

alvura arrendada para ó meu devaneio,

bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.



Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,

golpe até ao osso, fome sem entretém,

perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,

rocim engraxado,

feira cabisbaixa,

meu remorso,

meu remorso de todos nós...


Alexandre O'Neill

Recado do O'Neill para professores distraídos e que hoje é bastante actual

A leitura
(brechtiana)

Não te deixes enrolar!
És tu quem tem de pagar...
Põe o dedo em cada letra.
Pergunta: Por que está aqui?

Alexandre O'Neill (1924-1986)

25 de Abril - recordar Zeca

Dia da Liberdade


Sem medo (Poema a um Capitão)


Irás ao Terreiro do Paço.

Irás pedir que este país se cumpra.

Sem sangue. Sem temor. De peito aberto.

Esta terra em que o General Medo e o Almirante Terror dominam.

Que pede o sangue dos filhos

para defender aquilo que já não é.

Este país que não te irá reconhecer,

trocista (e herói, sem o saberes).


Não irás pedir a tença ou galões.

Irás dar uma nova alma à Pátria,

sem pedir e receber nada em troca.


Foste...

Cumpriste.

Fizeste!


Falta cumprir-se Portugal...



Poema inédito - Pedro Luna

25 de Abril

É bom lembrar o dia de hoje, usando as palavras de uma poetisa que o viveu intensamente....


25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, abril 22, 2008

Dia Nacional do Património Geológico


Hoje é o Dia Mundial da Terra e o Dia Nacional do Património Geológico...! Reparem como está hoje a imagem inicial do Google.

Roubemos a palavra ao poeta do granito, o transmontano Torga, para celebrar a data.


Pátria


Serra!
E qualquer coisa dentro de mim se acalma…
Qualquer coisa profunda e dolorida,
Traída,
Feita de terra

E alma.

Uma paz de falcão na sua altura
A medir as fronteiras:
- Sob a garra dos pés e fraga dura,
E o bico a picar estrelas verdadeiras…
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Gerês, Pedra Bela, 20 de Agosto de 1942 - Diário II

domingo, abril 20, 2008

Os Sindicatos e a luta dos professores


Tenho olhado atentamente (e participado como posso e ainda consigo, que a força e a vontade já não muitas...) nesta luta entre os professores e o seu Ministério da Educação. Fui a Lisboa em 8 de Março, estou com o Movimento Cívico Em Defesa da Escola Pública e da Dignidade da Docência, tenho ido a diversas reuniões, passeatas e afins, tenho falado tudo quanto posso com os colegas e participei activamente no Dia D. Assim, com a certeza de que tudo fiz para não caíssemos no abismo do qual vertiginosamente nos aproximamos, é para mim claro que há que fazer mais e melhor para que os professores consigam dormir novamente uma noite de sono descansado e para que a Escola Pública sobreviva.

Hoje é difícil encontrar as palavras certas para não ferir susceptibilidades e para levar o barco a bom porto. Os nossos Sindicatos, por motivos que não consigo entender, resolveram fazer uma trégua nesta guerra de 3 anos contra um Ministério iníquo, mentiroso, falso e aldrabão que nos desgoverna. Mas antes de assinarem quiseram o nosso agrément, perguntando aos professores, no Dia D, o que queríamos fazer. Infelizmente o modo de operacionalizar os Plenários Sindicais (e a realização da pergunta, que em vez de ser feita por voto, secreto ou não, foi feito aprovando uma Moção já pré-cozinhada) não foi o melhor: o resultado foram imensas Escolas sem plenários, resultados que nunca mais saem (e isto já depois do acordo assinado...) e muitas dúvidas sem resposta postas aos Sindicatos.

Foi uma pena que os Sindicatos, perante uma Ministra que estava de joelhos, forçada a dialogar pelo PM e PR pela primeira vez ao fim de 3 anos, tivessem tão fraca prestação - a revolta que havia nas Escolas aumento e agora dirige-se parcialmente contra os nossos sindicatos (quem não ouviu já 3 ou 4 colegas a dizerem que vão devolver o cartão do Sindicato...?).

Estando eu também muito triste com o sucedido (apenas adiaram os problemas dois meses - dois míseros meses...) acho que o momento não é para desistir. Há que não entregar cartões, dialogar outra vez, fazer as pontes possíveis entre os Sindicatos, os Movimentos Cívicos, os professores e as Escolas. Porque o que o Ministério nos quer generosamente dar nos próximos tempos é mais do mesmo - e só unidos outra vez conseguiremos manter-nos à tona, na vida e nas escolas.

Recordemos apenas que, em 8 de Março de 2008, estivemos em Lisboa unidos e éramos apenas 100.000 - hoje temos de ser 150.000, o mais depressa possível, para a Escola e os Professores continuem de cara limpa e levantada, sem vergonha de serem o que são e da sua importante função na nossa sociedade.

A propósito das lutas dos professores

QUANTOS SEREMOS?

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.

Miguel Torga