Sonda Phoenix da NASA aterra domingo à noite em Marte
23.05.2008 - 14h50 Lusa
A Mars Phoenix Lander concluirá assim um périplo de 679 milhões de quilómetros iniciado a 4 de Agosto de 2007 quando foi lançada na Florida para esta missão de três meses, orçada em 420 milhões de dólares (270 milhões de euros).
Para Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa, "a existirem vestígios de vida em Marte eles só poderão estar no subsolo, devido às condições hostis à vida prevalentes na superfície do planeta", com a intensidade das radiações ultravioleta e dos protões do vento solar, além das baixas temperaturas actuais.
Na sua perspectiva, "em fases recuadas da vida de Marte poderão ter existido essas condições, quando a inclinação do eixo de Marte, que vai mudando ao longo do tempo, permitiu uma incidência perpendicular do Sol e a existência de água no estado líquido".
E tendo existido vida no passado, "os seus rastos ficaram congelados no subsolo", afirmou. "Só pesquisando esse gelo se poderá determinar o que sobrou, quer de organismos vivos quer de reacções químicas de oxidação e redução associadas à vida".
Além de recolher amostras do subsolo gelado marciano, a missão representa o próximo passo da exploração de Marte ao determinar se essa região, que abrange cerca de 25 por cento da superfície do planeta, será habitável por futuras missões tripuladas.
Colaboração entre agências desde Janeiro
Paolo Ferri, director da Divisão de Missões do Sistema Solar e Planetário da ESA, indicou que a colaboração europeia na missão decorre desde Janeiro, "com a determinação da órbita da sonda através das antenas de espaço profundo das estações de rastreio em Cebreros, Espanha, e em New Norcia, Austrália".
Durante a fase de aterragem, a sonda europeia Mars Express receberá o sinal de rádio da Phoenix e transmiti-lo-á à Terra, para o Centro de Operações Espaciais Europeias da ESA em Darmstadt, na Alemanha, que o reencaminhará para a NASA.
A aterragem está prevista para as 00h38 de 26 de Maio (hora de Lisboa), na região do Pólo Norte de Marte, e a NASA pediu a ajuda da ESA para evitar que se repita o sucedido há nove anos com a Mars Polar Lander, quando se perdeu o contacto com ela e se despenhou no Pólo Sul do planeta vermelho.
A NASA tem actualmente na órbita de Marte as sondas Mars Reconnaissance Orbiter e Mars Odyssey, enquanto que a Mars Express da ESA está a 300 quilómetros do planeta.
Portugal segue manobra
As três seguirão a Phoenix durante a fase crítica da descida e aterragem, quando a sonda norte-americana entrar na atmosfera marciana a uma velocidade de 19.000 quilómetros por hora. Nos sete minutos seguintes, a que os engenheiros da missão chamam "os sete minutos de terror", a nave usará a fricção da atmosfera e um pára-quedas para reduzir a velocidade para apenas 8 quilómetros por hora.
Segundos antes da aterragem, a Phoenix accionará foguetes propulsores para garantir uma aterragem suave.
A confirmação de que a manobra decorreu com êxito só será no entanto conhecida na Terra 15 minutos depois, às 00h53 de segunda-feira (hora de Lisboa), segundo um comunicado da NASA, que transmitirá todos o processo de entrada na atmosfera, descida e aterragem no site www.nasa.gov/multimedia/nasatv.
Em Portugal, esta emissão poderá ser acompanhada em directo, a partir das 20h00 de domingo, numa sessão pública organizada pelo NUCLIO (Núcleo Interactivo de Astronomia) no Instituto do Exército, em Lisboa.
Com os seus dois painéis solares abertos, a Phoenix mede cinco metros de largura e 1,52 metros de comprimento, e pesa 350 quilogramas, 55 dos quais de instrumentos científicos, sendo a missão desempenhada a temperaturas entre 73 e 33 graus Celsius negativos.
Se tiver êxito, a sonda irá juntar-se no solo marciano aos robôs gémeos Spirit e Opportunity, que há quatro anos exploram zonas opostas no equador do planeta, mas, ao contrário destes, ficará imóvel. Embora os cientistas admitam que a Phoenix sobreviva cerca de um mês além dos seus 90 dias de missão, não terá o mesmo tempo de vida útil dos robôs gémeos, porque os seus painéis solares não produziram energia suficiente para a manter viva durante o Inverno marciano.
in Público - ler notícia
NOTA: Post conjunto com o Blog AstroLeiria...