Através do pai, Cristiano era um membro de um ramo menor da Casa de Oldenburg, descendente directo por via masculina de
Cristiano III da Dinamarca e um descendente de Helwig de Schauenburg, condessa de Oldenburg, mãe de
Cristiano I da Dinamarca, a herdeira (através da lei
semi-sálica)
do seu irmão Adolfo, o último Schauenburg Duque de Scheleswig e conde
de Holstein. Portanto, Cristiano era passível de suceder nos ducados de
Schleswig-Holstein, embora ocupasse um lugar remoto na sucessão.
Em 1847 foi escolhido, com a bênção das grandes potências europeias,
como herdeiro presuntivo do trono dinamarquês ocupado por Cristiano
VIII, já que o seu filho (o futuro
Frederico VII da Dinamarca)
parecia incapaz de produzir descendência. O seu casamento foi
importante nesta escolha, já que a sua mulher, enquanto sobrinha do rei,
estava mais próxima do trono do que o marido. Sucedeu no trono em
15 de novembro de
1863, após a morte de Frederico VII.
Depois de se tornar rei, enfrentou uma crise sobre a posse e o
estatuto de Schleswig e Holstein, duas províncias no sul da Dinamarca,
quando assinou, sob pressão, a Constituição de Novembro, um tratado que
fez de Schleswig parte da Dinamarca. Isto resultou numa breve guerra
entre a Dinamarca e a aliança
Austro-
Prussiana em
1864. Esta guerra foi desfavorável à Dinamarca e levou à anexação de Schleswing e Holstein à Prússia em
1865.
Devido à
Lei Sálica, a sucessão de Frederico VII, que não tinha filhos, tornou-se uma questão complicada que levou a vários conflitos.
As tendências nacionalistas na parte germanófona de
Schleswig-Holstein fizeram com que nenhuma solução que mantivesse a
união dos dois ducados com a Dinamarca fosse satisfatória para eles e
para vários elementos na
Alemanha.
Estes ducados haviam sido herdados através da lei sálica por
descendentes de Helwig de Schauenburg, sendo que a seguir a Frederico
VII na linha de sucessão estava Frederico, Duque de Augustenburg
(1829-1880). Este auto proclamou-se Frederico VIII de Schleswig-Holstein
em 1863 e tornou-se o símbolo da independência pró-alemã nos ducados.
No entanto, depois de o seu pai ter abdicado dos direitos sucessórios
por dinheiro após o Protocolo de Londres em
1852, não era considerado elegível como rei pela a maioria dos Dinamarqueses.
Na Dinamarca também vigorava a Lei Sálica, mas apenas entre os descendentes de
Frederico III da Dinamarca,
o primeiro rei a suceder por via hereditária (anteriormente os monarcas
eram oficialmente eleitos). A sua descendência por via masculina
extinguiu-se após a morte de Frederico VII, a partir de quando passou a
vigorar uma lei sucessória semi-sálica promulgada por Frederico III.
Havia no entanto dúvidas de interpretação da lei relativamente a quem
herdaria a coroa. O problema foi resolvido com uma eleição e uma nova
lei a confirmar o sucessor.
As parentes femininas mais próximas de Frederico VII eram as descendentes da sua tia paterna,
Luísa, que casara na família de Hesse. Contudo, não eram descendentes
agnáticos da família real e eram portanto não elegíveis para a sucessão em Schleswig-Holstein.
A herdeira dinástica de acordo com a antiga primogenitura de Frederico III era
Carolina da Dinamarca (1793-1881), a filha mais velha de
Frederico VI da Dinamarca, e depois a sua irmã
Guilhermina
(1808-1891). Nenhuma tinha filhos. Ter-se-ia seguido Luísa, a irmã de
Frederico VI, cujo descendente era o acima referido Frederico de
Augustenborg.
Alguns direitos pertenciam ainda a um ramo menor da família real,
descendentes de uma filha de Frederico V, elegíveis para suceder em
Schleswig-Holstein. Entre estes estavam o próprio Cristiano e os seus
dois irmãos mais velhos, um deles sem filhos e o outro com descendência
masculina.
O Príncipe Cristiano tinha sido adoptado como "neto" pelo rei
Frederico VI e Rainha Maria Sofia Frederica de Hesse, que não tinham
filhos varões. Ele estava por tanto familiarizado com a corte e as
tradições dos monarcas mais recentes. Cristiano era sobrinho-neto da
rainha Maria e descendia de uma prima direita de Frederico VI. Fora
criado Dinamarquês e não estava ligado ao nacionalismo alemão, o que
fazia dele um bom candidato aos olhos dinamarqueses. No entanto, apesar
de ser elegível para suceder, estava numa posição afastada na linha de
sucessão.
Cristiano casou com Luísa de Hesse-Kassel, a filha mais velha do
filho mais velho da parente feminina mais próxima de Frederico VII. O
pai e os irmãos de Luísa renunciaram aos seus direitos sucessórios em
favor dela e do seu marido. A mulher do príncipe Cristiano era agora a
herdeira mais próxima de Frederico VII. Este casamento cimentou a sua
posição como herdeiro do trono dinamarquês.
O sogro da Europa
Cristiano IX e Luísa de Hesse tiveram um casamento bem sucedido, e os
seus seis filhos realizaram casamentos notáveis em várias casas reais
europeias, sendo avós de cinco monarcas europeus. Hoje em dia, a maioria
das casas reais, reinantes e não reinantes, descendem de Cristiano IX.
Os seus filhos foram:
- Príncipe herdeiro Frederico da Dinamarca, mais tarde rei Frederico VIII da Dinamarca, casando-se com Luísa da Suécia e sendo pai dos Reis Cristiano X da Dinamarca e Haakon VII da Noruega.
- Princesa Alexandra da Dinamarca, que casou com Eduardo VII do Reino Unido. Foi mãe do Rei Jorge V do Reino Unido.
- Príncipe Guilherme, mais tarde rei Jorge I da Grécia. Foi pai de Constantino I da Grécia e avô paterno de Jorge II da Grécia, Paulo I da Grécia e de Filipe, Duque de Edimburgo, marido e Príncipe consorte da rainha Isabel II de Inglaterra.
- Princesa Dagmar da Dinamarca, que casou com o czar Alexandre III da Rússia. Foi mãe do czar Nicolau II da Rússia.
- Princesa Thyra da Dinamarca, que casou com Ernesto Augusto de Hanôver, duque de Cumberland.
- Príncipe Valdemar da Dinamarca, que casou com princesa Maria de Orleães-Bourbon.