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quinta-feira, setembro 26, 2024

As coisas que os geólogos descobrem no fundo do mar...

Catastrófica avalanche gigante arrasou fundo marinho de Agadir há 60 mil anos

 

Imagem 3D da avalanche subaquática gigante que ocorreu há cerca de 60 mil anos no Canhão Submarino de Agadir

 

Um novo estudo revelou a forma como uma avalanche submarina, que multiplicou o seu tamanho mais de 100 vezes, devastou 2.000 quilómetros de fundo marinho a norte das Ilhas Canárias, há 60 mil anos.

Uma equipa liderada pelo sedimentologista Chris Stevenson, da Universidade de Liverpool, cartografou pela primeira vez uma avalanche submarina gigante que ocorreu no Canhão Submarino de Agadir e se espalhou pelo interior do Atlântico a norte das Ilhas Canárias.

Os resultados do estudo foram apresentados num artigo publicado no mês passado na revista Science Advances.

A equipa de investigadores cartografou o percurso da avalanche submarina, que há cerca de 60 mil anos percorreu 2.000 km através do fundo do mar ao largo da costa noroeste de África.

O evento começou como um pequeno deslizamento de terra no fundo do mar, com cerca de 1,5 km3 de volume, no canhão submarino de Agadir, um dos maiores desfiladeiros submarinos do mundo. Rapidamente cresceu mais de 100 vezes em tamanho, tornando-se num “evento catastrófico gigante“.

“O que é muito interessante é a forma como o evento cresceu de um início relativamente pequeno para uma avalanche submarina enorme e devastadora, atingindo alturas de 200 metros à medida que se movia, a cerca de 15 m/s, rasgando o fundo do mar e arrancando tudo no seu caminho”, explica Chris Stevenson, autor principal do estudo, num artigo no The Conversation.

“Para pôr isto em perspetiva: é uma avalanche do tamanho de um arranha-céus, movendo-se a mais de 64 km/h de Liverpool a Londres, que escava uma trincheira com 30 metros de profundidade e 15 km de largura, destruindo tudo no seu caminho”, detalha o investigador.

“Depois, espalha-se por uma área maior do que o Reino Unido, enterrando-o sob cerca de um metro de areia e lama”, conclui Chris Stevenson.

 

Mapa geral da margem noroeste de África com o percurso do evento e as suas marcas de erosão no fundo do mar

 

As avalanches submarinas, tal como os deslizamentos de terras e as avalanches de neve, são o que se designa por fluxos gravitacionais de sedimentos. Estes são os principais mecanismos através dos quais materiais, como sedimentos, nutrientes e poluentes, se deslocam pela superfície da Terra.

Os investigadores analisaram mais de 300 amostras de núcleos recolhidos na área nos últimos 40 anos, juntamente com dados sísmicos e medições da profundidade do fundo do oceano, explica a Cosmos.

“Calculamos que o fator de crescimento é de, pelo menos, 100, o que é muito superior ao das avalanches de neve ou dos fluxos de detritos, que apenas crescem cerca de 4 a 8 vezes”, afirma Christoph Bottner, investigador da Universidade de Aarhus, na Dinamarca e co-autor do estudo.

“Também observámos este crescimento extremo em avalanches submarinas mais pequenas medidas noutros locais, pelo que pensamos que este pode ser um comportamento específico associado às avalanches submarinas e é algo que tencionamos investigar mais aprofundadamente”, acrescentou.

Sebastian Krastel, diretor de geofísica marinha na Universidade de Kiel, na Alemanha, e cientista-chefe a bordo dos navios que cartografaram o desfiladeiro, diz que a nova visão desafia fundamentalmente a forma como vemos estes eventos.

“Antes deste estudo, pensávamos que as grandes avalanches resultavam apenas de grandes falhas nas encostas. Mas agora sabemos que podem começar pequenas - e transformar-se em eventos gigantes extremamente poderosos e extensos”, salienta o investigador.

 

in ZAP

sexta-feira, agosto 23, 2024

Uma solução para o crescente problema de falta de areia...

O mundo está a ficar sem areia - mas a China tem um “milagre” como solução

 

 

Um novo estudo revela que a China está agora a utilizar até 80% de areia artificial nos seus projetos de construção.

Esta informação é particularmente importante porque a areia, um recurso aparentemente abundante, está a tornar-se cada vez mais escasso devido à extração excessiva.

O mundo consome cerca de 50 mil milhões de toneladas de areia e gravilha por ano, sendo a maior parte utilizada na construção. Esta grande procura levou a práticas de extração insustentáveis, resultando em degradação ambiental, incluindo a perda de areia dos oceanos, rios e praias.

“A questão da areia é uma surpresa para muitos, mas não devia. Não podemos extrair 50 mil milhões de toneladas por ano de qualquer material sem causar impactos enormes no planeta e, consequentemente, na vida das pessoas”, explicou Pascal Peduzzi, investigador do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), em declarações à BBC.

Em resposta, a China foi pioneira na utilização de areia artificial, que é produzida através da trituração de rochas e de materiais que sobram da exploração mineira. Esta inovação permitiu à China reduzir significativamente a sua dependência da areia natural.

Nos últimos 40 anos, a China transformou-se de uma nação em desenvolvimento numa superpotência económica, em grande parte impulsionada pela rápida urbanização. No entanto,isto trouxe um custo, incluindo o esgotamento de materiais de construção naturais como a areia.

Em 2010, o país enfrentou um aumento acentuado dos preços da areia devido à diminuição das reservas naturais e a regulamentos mais rigorosos contra a extração ilegal de areia. Isto levou a indústria da construção a explorar alternativas, o que levou à adoção da areia artificial, explica o ZME Science.

O estudo, publicado recentemente na revista Nature Geoscience, acompanhou os padrões de utilização de areia na China de 1995 a 2020.

As conclusões foram surpreendentes: embora a oferta global de areia na China tenha aumentado 400% durante este período, a proporção de areia natural no mercado desceu de cerca de 80% para apenas 21%. Em 2020, a areia artificial representava quase 90% da areia utilizada na construção em toda a China.

Song Shaomin, professor da Universidade de Engenharia Civil e Arquitetura de Pequim, descreveu esta mudança como um “milagre”.

 

in ZAP