Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro GC TE • GC C • GC L (Porto, 19 de Julho de 1934 - Camarate, 4 de Dezembro de 1980) foi um advogado e político português, fundador e líder do Partido Popular Democrático / Partido Social Democrata, e ainda Primeiro-Ministro de Portugal, durante cerca de onze meses, no ano de 1980.
Nascido no Porto no dia 19 de Julho de 1934, cresceu no seio de uma família da alta burguesia do Porto. Era filho do advogado José Gualberto Chaves Marques de Sá Carneiro, natural de Barcelos, e de Maria Francisca Judite Pinto da Costa Leite, natural de Salamanca, filha do 2º conde de Lumbrales. Era sobrinho do professor João Pinto da Costa Leite.
Advogado de profissão, licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, foi eleito pelas listas da Acção Nacional Popular, o partido único do regime salazarista, para a Assembleia Nacional, convertendo-se em líder da Ala Liberal , onde desenvolveu diversas iniciativas tendentes à gradual transformação da ditadura numa democracia típica da Europa Ocidental. Colaborou com Mota Amaral
na elaboração de um projecto de revisão constitucional, apresentado em
1970. Não tendo alcançado os objectivos aos quais se propusera, viria a
resignar ao cargo de deputado com outros membros da Ala Liberal, entre os quais Francisco Pinto Balsemão e Magalhães Mota.
Foi, no entanto, na cidade do Porto, sua cidade natal, que o Partido
Social Democrata teve a sua génese, em parte, no diálogo entre amigos e
colegas dos meios republicanos do Porto, como Miguel Veiga, Artur Santos Silva (pai) ou Mário Montalvão Machado.
Sá Carneiro professava o republicanismo e a laicidade como as formas de
organização estrutural do Estado Português, como refere na célebre
entrevista de 1973 concedida a Jaime Gama no Jornal República: " Os
conceitos de catolicismo progressista e de democracia cristã são
bastante equívocos para mim – e não aceito enquadrar-me em qualquer
deles. Entendo que os partidos políticos – que considero absolutamente
indispensáveis a uma vida política sã e normal – não carecem de ser
confessionais, nem devem sê-lo. Daí que não me mostre nada favorável,
nem inclinado, a filiar-me numa democracia cristã. É evidente que a
palavra pode não implicar nenhum conceito confessional e nesse sentido
apresentar-se apenas como um partido que adopte os valores cristãos.
Simplesmente, em política, parece-me que os valores não têm que ter
nenhum sentido confessional e, portanto, se amanhã me pudesse enquadrar
em qualquer partido, estou convencido de que, dentro dos quadros da
Europa Ocidental, comummente aceites, iria mais para um, partido
social-democrata." Foi no escritório dos maçons Mário Cal Brandão e António Macedo, conhecido como "A Toca", que o Partido Popular Democrático tem, em parte, a sua génese: nestes meios republicanos do Porto de resistência ao Estado Novo, alguns maçons como Artur Santos Silva (pai) e outros republicanos sem serem maçons como Mário Montalvão Machado,
defendiam a ideia de criar um partido social-democrata de tipo europeu,
para além do PPD/PSD ter sido gerado nos escritórios de Francisco Sá
Carneiro e de Mário Montalvão Machado da Rua da Picaria, no Porto, no diálogo político frequente entre os dois colegas e amigos.
Em Maio de 1974, após a Revolução dos Cravos, Sá Carneiro fundou o Partido Popular Democrático (PPD), entretanto redesignado Partido Social Democrata (PSD), juntamente com Francisco Pinto Balsemão e Joaquim Magalhães Mota. Torna-se o primeiro Secretário-Geral do novo partido.
Nomeado Ministro (Sem Pasta) em diversos governos provisórios, seria eleito deputado à Assembleia Constituinte em 1975 e, em 1976, eleito deputado (na I Legislatura) à Assembleia da República.
Em Novembro de 1977, demitiu-se da chefia do partido, mas seria reeleito no ano seguinte para desempenhar a mesma função.
Em finais de 1979, criou a Aliança Democrática, uma coligação entre o seu PPD/PSD, o Partido do Centro Democrático Social (CDS) de Diogo Freitas do Amaral, o Partido Popular Monárquico (PPM) de Gonçalo Ribeiro-Telles,
e alguns independentes. A coligação vence as eleições legislativas
desse ano com maioria absoluta. Dispondo de uma ampla maioria a apoiá-lo
(a maior coligação governamental até então desde o 25 de Abril), foi chamado pelo Presidente da República Ramalho Eanes para liderar o novo executivo, tendo sido nomeado Primeiro-Ministro a 3 de Janeiro de 1980, sucedendo assim a Maria de Lurdes Pintasilgo.
Francisco Sá Carneiro faleceu na noite de 4 de Dezembro de 1980, em circunstâncias trágicas e nunca completamente esclarecidas, quando o avião no qual seguia se despenhou em Camarate, pouco depois da descolagem do aeroporto de Lisboa, quando se dirigia ao Porto para participar num comício de apoio ao candidato presidencial da coligação, o General António Soares Carneiro. Juntamente com ele faleceu o Ministro da Defesa, o democrata-cristão Adelino Amaro da Costa, bem como a sua companheira Snu Abecassis, para além de assessores, piloto e co-piloto.
Nesse mesmo dia, Sá Carneiro gravara uma mensagem de tempo de antena onde exortava ao voto no candidato apoiado pela AD,
ameaçando mesmo demitir-se caso Soares Carneiro perdesse as eleições (o
que viria de facto a suceder três dias mais tarde, sendo assim o
General Eanes reeleito para o seu segundo mandato presidencial). Dada a
sua trágica morte, noticiada ao país na RTP por Diogo Freitas do Amaral, pode-se muito bem especular sobre se teria ou não demitido em função dos acontecimentos subsequentes.
Trinta anos depois dos acontecimentos, contudo, continuam a existir
duas teses relativas à sua morte: a de acidente (eventualmente motivado
por negligência na manutenção do avião), ou a de atentado (neste último
caso, desconhecendo-se quem o perpetrara e contra quem teria sido ao
certo - Sá Carneiro ou Amaro da Costa).
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Adelino Manuel Lopes Amaro da Costa GC IH (Algés, 18 de Abril de 1943 — Camarate, 4 de Dezembro de 1980) foi um engenheiro e político português.
Engenheiro civil, licenciado em 1966, foi assistente do Instituto Superior Técnico e director do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação Nacional, sob a chefia de José Veiga Simão. Durante o período académico, dirigiu o jornal O Tempo. Cumpriu o serviço militar na Marinha de Guerra. Após a Revolução dos Cravos, influenciado pela Democracia Cristã, foi um dos fundadores do então Centro Democrático Social, hoje CDS - Partido Popular. Foi um dirigente destacado, ao lado de Diogo Freitas do Amaral, Francisco Lucas Pires e Luís Beiroco. Exerceu os cargos de primeiro secretário-geral do CDS, em 1974, deputado à Assembleia Constituinte, entre 1975 e 1976, e deputado à Assembleia da República, até 1980, onde presidiu ao Grupo Parlamentar do CDS. Colaborou nos jornais Expresso e O Século. Após a vitória da Aliança Democrática, nas eleições legislativas de 1980, foi-lhe atribuída a pasta da Defesa Nacional do VI Governo Constitucional, tornando-se assim o primeiro civil a assumir o cargo de ministro da Defesa, depois do 25 de Abril.
Na noite de 4 de Dezembro de 1980, é vítima do despenho de um avião em Camarate, onde viajava em direcção ao Porto, em conjunto com a sua esposa, o então primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro e a companheira deste, Snu Abecassis. Sá Carneiro e Amaro da Costa iriam participar num comício de apoio a Soares Carneiro, o candidato da AD nas eleições presidenciais de 1980.
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