O Fado é um quadro do pintor português José Malhoa, criado em 1910. Pintura a óleo sobre tela, mede 150 cm de altura e 183 cm de largura.
José Malhoa pintou duas versões do quadro, a de 1909 e a de 1910. Foram
expostas pela primeira juntas, lado a lado, na exposição O Fado de 1910, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa em 2010.
A obra de 1909 é propriedade da família do empresário Vasco Pereira Coutinho.
Nas obras é retratado Amâncio, afamado marginal (ou "fadista", então sinónimo) da Mouraria
a quem chamavam "pintor" (e por isso, no bairro, chamavam a Malhoa o
"pintor fino"), e Adelaide, mulher de má vida, conhecida por Adelaide da
Facada (exibia no rosto uma cicatriz, desenhada a navalha).
Para concluir a obra, o pintor teve de andar no Governo Civil a meter
cunhas para libertar da cela Amâncio, um desordeiro violento, teve de
conter o temperamento do "pintor" de Mouraria quando se virava a
Adelaide, teve de lhe atender alguns caprichos, sobretudo púdicos.
Sem Amâncio por perto, como quando estava preso, por exemplo, Malhoa
desnudava os ombros e até um seio a Adelaide; os ciúmes tempestuosos de
Amâncio foram levando o artista a subir a alça da camisola a Adelaide.
Malhoa convidou os habitantes de Mouraria e figuras da elite para opinar sobre a obra no seu estúdio.
Até El-Rei D. Manuei II
sugeriu algumas alterações à pintura. Assim, inicialmente Adelaide
tinha muitas tatuagens, o que era muito pouco comum para a época, e foi
sugerido que fossem retiradas, ficando apenas uma muito pequena numa
das mãos.
A pintura foi muito mal recebida pela crítica por retratar essa coisa
menor do fado, a marginalidade. Começou por ser reconhecida no
estrangeiro.
A obra foi exposta pela primeira vez em 1910 na Exposição Internacional de Arte do Centenário da República da Argentina, em Buenos Aires, com o título Bajo el Encanto, tendo obtido a Medalha de Ouro.
Em Janeiro de 1912, O Fado foi apresentado pela primeira vez em Portugal, na cidade do Porto.
Daí seguiu para o Salão de Paris, com o título Sous le Charme e, posteriormente, para Liverpool, com o título The Native Song.
Em 1915 obteve o Grand Prize, na Panamá-Pacific International Exposition, evento realizado em São Francisco, por ocasião da abertura do Canal do Panamá.
Foi exposta pela primeira vez em Lisboa somente em 1917, na 14ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes.
Na sequência desta última exposição, a pintura foi adquirida pela
Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido colocada no salão nobre dos Paços
do Concelho, à época Sala das Sessões, onde permaneceu até ser
integrado na exposição permanente do Museu da Cidade.
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