Alexandre Alberto da Rocha de Serpa Pinto, visconde de Serpa Pinto, (20 de abril de 1846 - 28 de dezembro de 1900) foi um militar, explorador e administrador colonial português.
Nasceu na freguesia e paróquia de Tendais, casa e quinta das Poldras, concelho de Cinfães, no dia 20 de Abril de 1846, filho do miguelista José da Rocha Miranda de Figueiredo, médico, e de D. Carlota Cacilda de Serpa Pinto - sendo neto, pelo lado materno, do famoso liberal, militar e político, Alexandre Alberto de Serpa Pinto (falecido em 1839).
Ingressou no Colégio Militar com dez anos e aos dezassete tornou-se no seu primeiro Comandante de Batalhão aluno.
Serpa Pinto viajou pela primeira vez até à África oriental em 1869 numa expedição ao rio Zambeze.
Integrava uma coluna de quase mercenários, cujo objectivo conhecido era
o de enfrentar as milícias do Bonga, que já infligira nas tropas
portuguesas várias e humilhantes derrotas. Mas Serpa Pinto integra a
coluna como técnico, avaliando a rede hidrográfica e a topografia local,
pelo que podemos inferir ou suspeitar dos intuitos não apenas bélicos,
mas de interesse estratégico no reconhecimento e posterior controle da
região.
Em 1877 explorou a zona da costa oeste de Angola , integrando uma expedição que partiu de Benguela (Angola) e que contava com a participação de Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo. Por alturas do Bié
houve uma cisão no grupo e Serpa Pinto assumiu, por sua conta e risco, a
travessia solitária que contrariava o intuito inicial da expedição
científica. A sua jornada terminou em 1879 e atravessou as bacia do rio Congo e do Zambeze, Angola e partes das actuais Zâmbia, Zimbabwe e África do Sul.
A expedição de Serpa Pinto tinha como objectivo fazer o reconhecimento do território e efectuar o mapeamento
do interior do continente africano, para preparar a entrada de Portugal
na discussão pela ocupação dos territórios africanos que até então
apenas utilizara como entrepostos comerciais ou destino de degredados. A
«ocupação efectiva», sobre a ocupação histórica, determinada pelas
actas da Conferência de Berlim
(1884-1885) obrigou o Estado Português a agir no sentido de reclamar
para si uma vasta região do continente africano que uniria as províncias
de Angola e Moçambique (então embrionárias) através do chamado "mapa cor-de-rosa"; esta intenção falhou após o ultimato britânico de 1890,
o «incidente Serpa Pinto», já que nela interveio o explorador, ao
arrear as bandeiras inglesas, num espaço cobiçado e monitorizado pela
rede de espionagem do Reino Unido, junto ao lago do Niassa.
A aventura de Serpa Pinto, travessia solitária e arriscada, moldaram a
imagem de um homem intrépido que concedeu ao militar uma aura de
heroicidade necessária às liturgias cívicas e às celebrações dos feitos
passados, quando Portugal atravessava uma grave crise política e moral.
Nesse sentido a sua figura foi explorada como o novo herói, das novas
descobertas que já não passavam por sulcar os mares, mas rasgar as
selvas e savanas de África como forma de manutenção do prestígio
internacional na arena diplomática europeia.
Conotado com a ala direita dos partidos monárquicos portugueses, por
um dos quais foi três vezes deputado (partido Regenerador), o seu nome
feneceu depois de 1910, por um lado pela necessidade de exaltação das
novas figuras heróicas republicanas e pela cristalização do espaço
colonial europeu pós-guerra (1914-1918). A sua figura é ressuscitada
pela filha, Carlota de Serpa Pinto, que o glorifica como ídolo heróico
do Estado Novo, aventureiro e administrador colonial, em detrimento do
político e cientista (embora este estatuto que, por vezes, lhe foi
imposto, seja o mais discutido de todos).
Tanto o Rei D. Luís I, como o seu filho Carlos I de Portugal, nomearam-no seu Ajudante de Campo e o segundo concedeu-lhe, em duas vidas, o título de Visconde de Serpa Pinto [1899].
A vila de Menongue, no sudeste de Angola, foi chamada Serpa Pinto até 1975 em alusão a este explorador.
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