Matilde Rosa Lopes de Araújo (Lisboa, 20 de junho de 1921 - Lisboa, 6 de julho de 2010) foi uma escritora portuguesa, especializada em literatura infantil.
Biografia
Matilde Rosa Araújo nasceu e viveu em Lisboa, em 1921, tendo estudado em casa com professores particulares até ter entrado na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, em 1945.
Foi professora, lecionando a disciplina de Português e de Literatura
Portuguesa na Escola Industrial Fonseca de Benevides em Lisboa. Foi
formadora de professores na Escola do Magistério Primário de Lisboa.
Foi autora de mais de 40 livros (contos e de poesia para adultos)
e de mais de duas dezenas de livros de contos e poesia para crianças.
Dedicou-se à defesa dos direitos das crianças através da publicação de
livros e de intervenções em organismos com atividade nesta área, como a
UNICEF em Portugal.
Em 1980, recebeu o Grande Prémio de Literatura para Crianças, da Fundação Calouste Gulbenkian, e o prémio para o melhor livro infantil, pela mesma fundação, em 1996, pelo seu trabalho Fadas Verdes (livro de poesias de 1994).
Matilde Rosa Araújo recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (8 de março de 2003) e, em maio de 2004, foi distinguida com o Prémio Carreira, da Sociedade Portuguesa de Autores.
Encontra-se colaboração da sua autoria na revista Mundo Literário (1946-1948).
Faleceu, em 6 de julho de 2010, na sua casa em Lisboa.
Matilde tinha 2 irmãos, nunca casou nem teve filhos.
Morte
A escritora Matilde Rosa Araújo tinha 89 anos quando morreu em sua casa, em Lisboa, na madrugada de 6 de julho de 2010. O seu corpo esteve em câmara ardente na Sociedade Portuguesa de Autores, donde saiu para o Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
in Wikipédia
BALADA DAS VINTE MENINAS FRIORENTAS
Vinte meninas, não mais,
Eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
E branquinho o avental.
Vinte meninas, não mais,
Eu via naquele muro:
Tinham cabecinha preta,
Vestidinho azul escuro.
As minhas vinte meninas,
Capinhas dizendo adeus,
Chegaram na Primavera
E acenaram lá dos céus.
As minhas vinte meninas
Dormiam quentes num ninho
Feito de amor e de terra,
Feito de lama e carinho.
As minhas vinte meninas
Para o almoço e o jantar
Tinham coisas pequeninas,
Que apanhavam pelo ar.
Já passou a Primavera
Suas horas pequeninas:
E houve um milagre nos ninhos.
Pois foram mães, as meninas!
Eram ovos redondinhos
Que apetecia beijar:
Ovos que continham vidas
E asinhas para voar.
Já não são vinte meninas
Que a luz do Sol acalenta.
São muitas mais! muitas mais!
Não são vinte, são oitenta!
Depois oitenta meninas
Eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
E branquinho o avental.
Mas as oitenta meninas,
Capinhas dizendo adeus,
Em certo dia de Outono
Perderam-se pelos céus.
Matilde Rosa Araújo