Nasceu em Tomar a 17 de dezembro de 1906, cidade sobre a qual escreveria que é onde «o monumento completa a paisagem; a paisagem é o quadro digno do monumento; e a luz é o elemento transfigurador e glorificador da união quase consubstancial da Natureza com a Arte.»
Apenas com 14 anos, começou a trabalhar como pianista no Cine-Teatro de Tomar, procedendo ele próprio aos "arranjos" dos trechos que interpretava, tocando peças de
Debussy e de compositores russos contemporâneos. Na época, competiam em Tomar as duas bandas rivais: Gualdim Pais e a Nabantina.
Em
1928, frequentaria também o curso de Ciências Históricas e Filosóficas na
Faculdade de Letras de Lisboa, que viria a abandonar em
1931, em protesto contra a repressão a uma greve académica.
Entretanto, funda em Tomar o semanário republicano "A Acção".
Em
1931, no dia em que conclui, com a mais alta classificação, as provas de concurso para Professor de Solfejo e Piano do Conservatório Nacional, é preso pela polícia política, encerrado no Aljube e, a seguir, desterrado para
Alpiarça.
Em
1934 concorre a uma bolsa de estudo, na área da música, para Paris. Ganha o concurso mas a decisão do Júri é anulada por ordem da polícia política.
Em Setembro de
1935 é de novo preso e enviado para o Forte de Caxias.
Em
1937 é libertado e parte para
França por conta própria, aproveitando para ampliar os seus conhecimentos musicais, estudando
Composição e
Orquestração com Koechlin.
Em
1939 recusa a nacionalidade francesa, sendo forçado a regressar a
Portugal.
Em
1940 é-lhe proposto dirigir os Serviços de Música da Emissora Nacional. Não chega a tomar posse do cargo porque recusa assinar a declaração de "repúdio activo do comunismo e de todas as ideias subversivas" que, então, era exigida a todos os funcionários públicos.
Em
1945 integra o Movimento de Unidade Democrática (MUD], do qual virá a ser dirigente. No âmbito das actividades do MUD, Fernando Lopes-Graça cria o Coro do Grupo Dramático Lisbonense, mais tarde Coro da Academia dos Amadores de Música. As Canções Regionais Portuguesas e as Canções Heróicas são cantadas pelo Coro por todo o país. Por essa altura adere ao
Partido Comunista Português.
A repressão por parte do regime fascista cresce e acentua-se: na década de cinquenta as orquestras nacionais são proibidas de interpretar obras de Fernando Lopes-Graça; os direitos de autor são-lhe roubados; é-lhe anulado o diploma de professor do ensino particular; é obrigado a abandonar a Academia dos Amadores de Música, à qual só regressa em 1972.
É autor de uma vasta obra literária incidente em reflexões sobre a música
portuguesa e a música do seu tempo, mas maior ainda é a sua obra musical, da qual são assinaláveis os concertos para piano e orquestra, as inúmeras obras corais de inspiração folclórica nacional, o
Requiem pelas Vítimas do Fascismo (1979), o
concerto para
violoncelo encomendado e estreado por
Rostropovich, e a vastíssima obra para piano, nomeadamente as seis sonatas que constituem um marco na história da música pianística portuguesa do século XX, etc.