Em 1840, foi enviado pelo padrasto, preocupado com a sua vida desregrada, à Índia, mas nunca chegou ao destino. Sai na ilha da Reunião e regressa a Paris. Atingindo a maioridade, toma posse da herança do pai. Durante dois anos, vive entre drogas e álcool na companhia de Jeanne Duval. Em 1844, a sua mãe presenta queixa na justiça, acusando-o de pródigo, e então a sua fortuna fica controlada por um notário.
Em 1857, é lançado livro As flores do mal, contendo 100 poemas. O autor do livro é acusado, no mesmo ano, pela justiça, de ultrajar a moral pública. Os exemplares são apreendidos, pagando, de multa, o escritor, 300 francos, e a editora, 100 francos.
Essa censura se deveu a apenas seis poemas do livro. Baudelaire aceita a sentença e escreve seis novos poemas, "mais belos que os suprimidos", segundo ele.
O Vampiro
Tu que, como uma punhalada,
Em meu coração penetraste,
Tu que, qual furiosa manada
De demónios, ardente, ousaste,
De meu espírito humilhado,
Fazer teu leito e possessão
- Infame à qual estou atado
Como o galé ao seu grilhão,
Como ao baralho o jogador,
Como à carniça ao parasita,
Como à garrafa ao bebedor
- Maldita sejas tu, maldita!
Supliquei ao gládio veloz
Que a liberdade me alcançasse,
E ao veneno, pérfido algoz,
Que a covardia me amparasse.
Ai de mim! Com mofa e desdém,
Ambos me disseram então:
"Digno não és de que ninguém
Jamais te arranque a escravidão,
Imbecil! - se de teu retiro
Te libertássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!"
Charles Baudelaire