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sexta-feira, março 21, 2025

Hoje é dia dos Poetas...

(imagem daqui)



para seres poeta



para seres poeta

usa as palavras
como se falasses pássaro

vive entre os homens
como se fosses
um deles

e nunca eles saibam
que só vieste vê-los

dá nomes
à tua solidão

mas nenhum
que não seja teu

depois cresce
para dentro de ti

até que no mundo
já não existam sinais
da tua ausência



Carlos Lopes Pires

 

NOTA - nesta data tão bonita, um poema de um excecional Poeta, que foi Professor na minha alma mater (doutorado em Psicologia pela Universidade de Coimbra, onde deu aulas)  e meu colega no ISLA de Leiria (fizemos parte do Conselho Científico dessa instituição) e no mester de oferecer aulas à SemprAudaz - Universidade Sénior de Leiria...

sábado, janeiro 11, 2025

Poema para recordar um não admirável mundo novo que está a chegar...

 

 

desde que a literatura se tornou cúmplice

 

desde que a literatura se tornou cúmplice

 

desde que somos poucos

os que resistem

à estória do lobo

e da raposa

 

à invasão da europa

por frankenstein e custer

 

desde que a poesia

se tornou literária e afins

 

a linguagem do não sei quê

com metáforas em vez

de gente

 

colaboracionista de um mundo

sem sentido outro que não seja

o do mercado

 

thackeray anunciou

eliot avisou e carroll adivinhou

 

mas os poetas tornaram-se

cultos e cegos

 

a feira o negócio

a síndroma da branca de neve

 

a maçã podre das igrejas

a conivência com o mundo a fingir

 

e agora ficou ninguém

 

olá ninguém

 

in diário poético de carlos lopes pires

sexta-feira, setembro 20, 2024

Poema alusivo a uma desgraça sobre outra desgraça...

 https://cdn-images.rtp.pt/icm/noticias/images/6c/6c9f6f7a45f47ed781158ac4bb704b96?w=860&q=90&rect=0,0,1499,822

(imagem daqui


183

 

a ti suspiramos

neste vale de lágrimas

 

onde choramos e

gememos

 

nesta espécie de

desterro

 

neste lugar

que já foi de árvores

 

nesta água

outrora limpa

 

e agora um

lamaçal

 

 

in "a palavra que diz o mundo" diário poético de carlos lopes pires

quarta-feira, agosto 07, 2024

O poeta-psicólogo Carlos Lopes Pires nasceu há 68 anos


Carlos Lopes Pires
       
Carlos Lopes Pires nasceu a 7 de agosto de 1956, em Quadrazais, aldeia situada perto da Serra de Malcata, junto ao rio Côa. Passou a residir em Leiria a partir dos cinco anos de idade. Licenciou-se em Psicologia pela Universidade de Coimbra onde lecionou na mesma área. Obras publicadas: A Invenção do Tempo e Outros Poemas (Átrio, 1993), Falar às Aves (1993), O Livro de Pó (Poemas de Terra e Adeus) (1994), O Livro dos Salmos (Poemas de Redenção e Nada) (1994), O Caminho do País Lilás (Editorial Notícias, 1995), Viver (1995; 2ª ed. revista em 1997 pela Editorial Diferença), O Livro dos Cânticos (Poemas de Amor e ausência) (Editorial Notícias, 1995), A Poeira dos Dias (Editorial Notícias, 1996), A Última Ceia (Editorial Diferença, 1996; 2ª ed. revista em 1997), O Perfume da Flor (romance, Editorial Diferença, 1996), A Fuga das Cidades (Editorial Diferença, 1997), De Immenso (Editorial Diferença, 1997), Todas as Estrelas do Mundo (em co-autoria com Maria Rosa Colaço; Editorial Diferença, 1997), Alguém que tu Conheces (Editorial Diferença, 1998), Imensitude (poesia, Editorial Diferença, 1999; com fotos de Saul Neves de Jesus).
 
 
 

Teoria sobre as coisas felizes

 

Conheço as coisas pelos olhos.
Seus olhos redondos e leves,
que levam as mãos de orvalho
até ao fundo do coração.

Coração de lágrimas, coração de rosas.

E sinto-as. Sinto-as quando sobem
pela pele como se fossem navios
a unir todo o mar. O mar que move
o mundo e o sustenta
com suas traves de água imensa.

O mar das coisas felizes.

 

Carlos Lopes Pires

Poema de aniversariante de hoje...

 

 

a minha poesia

é uma profunda ignorância

 

senhor

faz com que seja ainda mais

 

e que nela habitem os insectos

e as crianças da chuva

 

e que cada verso louve

a abundância da tua ausência

 

e que nela não haja soberba

orgulho ou impaciência

 

mas apenas silêncio

 

 

Carlos Lopes Pires