Alexander Fleming, o descobridor da penicilina
A
penicilina é um
antibiótico natural derivado de um
fungo, o
bolor do pão
Penicillium chrysogenum (ou
P. notatum). Ela foi descoberta em 15 de setembro de
1928, pelo médico e bacteriologista escocês
Alexander Fleming e está disponível como fármaco desde
1941, sendo o primeiro antibiótico a ser utilizado com sucesso.
A penicilina foi descoberta em
1928 por
Alexander Fleming, quando foi de férias e esqueceu algumas placas (caixas de Petri) com culturas de microrganismos no seu laboratório, no
Hospital St. Mary, em
Londres. Quando voltou, reparou que uma das suas culturas de
Staphylococcus tinha sido contaminada por um
bolor, e em volta das colónias deste não havia mais
bactérias. Então Fleming e o seu colega, Dr. Pryce, descobriram um fungo do género
Penicillium,
e demonstraram que o fungo produzia uma substância responsável pelo
efeito bactericida: a penicilina. Esta foi obtida em forma purificada
por
Howard Florey,
Ernst Chain e Norman Heatley, da
Universidade de Oxford, muitos anos depois, em
1940. Eles comprovaram as suas qualidades antibióticas em ratos infetados, assim como a sua não-toxicidade. Em
1941,
os seus efeitos foram demonstrados em humanos. O primeiro homem a ser
tratado com penicilina foi um agente da polícia que sofria de
septicémia
com abcessos disseminados, uma condição geralmente fatal na época. Ele
melhorou bastante após a administração do fármaco, mas veio a falecer
quando as reservas iniciais de penicilina se esgotaram. Em
1945, Fleming, Florey e Chain receberam o
Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina por este trabalho. A penicilina salvou milhares de vidas de soldados dos
aliados na
Segunda Guerra Mundial.
Durante muito tempo, o capítulo que a penicilina abriu na história da
Medicina parecia prometer o fim das doenças infecciosas de origem
bacteriana como causa de mortalidade humana. A penicilina ajudou muito a
sociedade daquela época e hoje ainda o faz.
Tem-se dito que muitas descobertas científicas são feitas ao acaso. O
acaso, já dizia Pasteur, só favorece aos espíritos preparados e não
prescinde da observação. A descoberta da penicilina constitui um exemplo
típico. Alexander Fleming, bacteriologista do St. Mary's Hospital, de
Londres, vinha já há algum tempo pesquisando substâncias capazes de
matar ou impedir o crescimento de bactérias nas feridas infetadas. Essa
preocupação se justificava pela experiência adquirida na Primeira
Grande Guerra (1914-1918), na qual muitos combatentes morreram em
consequência de infeção em ferimentos profundos. Em 1922 Fleming
descobrira uma substância antibacteriana na lágrima e na saliva, a qual
dera o nome de lisozima. Em 1928 Fleming desenvolvia pesquisas sobre
estafilococos, quando descobriu a penicilina. A descoberta da penicilina
deu-se em condições peculiaríssimas, graças a uma sequência de
acontecimentos imprevistos e surpreendentes.
No mês de agosto daquele ano Fleming tirou férias e, por
esquecimento, deixou algumas placas com culturas de estafilococos sobre a
mesa, em lugar de guardá-las no frigorífico ou inutilizá-las, como seria
natural.
Quando regressou ao trabalho, em setembro, observou que algumas das
placas estavam contaminadas com mofo, facto que é relativamente
frequente. Colocou-as então, numa bandeja para limpeza e esterilização
com lisol. Neste exato momento entrou no laboratório um seu colega, Dr.
Pryce, e lhe perguntou como iam suas pesquisas. Fleming apanhou
novamente as placas para explicar alguns detalhes ao seu colega sobre as
culturas de estafilococos que estava realizando, quando notou que
havia, numa das placas, um halo transparente em torno do mofo (bolor)
contaminante, o que parecia indicar que aquele fungo produzia uma
substância bactericida. O assunto foi discutido entre ambos e Fleming
decidiu fazer algumas culturas do fungo para estudo posterior.
O fungo foi identificado como pertencente ao género Penicilium, donde
deriva o nome de penicilina dado à substância por ele produzida.
Fleming passou a empregá-la em seu laboratório para selecionar
determinadas bactérias, eliminando das culturas as espécies sensíveis à
sua ação.
A descoberta de Fleming não despertou inicialmente maior interesse e
não houve a preocupação em utilizá-la para fins terapêuticos em casos de
infeção humana, até à eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939. Em
1940, Sir Howard Florey e Ernst Chain, de Oxford, retomaram as pesquisas
de Fleming e conseguiram produzir penicilina,com fins terapêuticos, em
escala industrial, inaugurando uma nova era para a medicina - a era dos
antibióticos.