O enfraquecimento do governo da União Soviética levou a uma série de eventos que terminaram por causar a dissolução da União Soviética, um processo gradual que ocorreu entre cerca de 19 de janeiro de 1990 a 31 de dezembro de 1991.
O golpe de agosto de 1991 praticamente abriu as comportas para o movimento de independência das repúblicas que compunham a União Soviética.
As repúblicas do Báltico já tinham tentado separar-se em 1990, mas
foram severamente reprimidas. Com o fracasso do golpe, o cenário mudou
totalmente. As forças conservadoras estavam derrotadas e quem mandava
realmente era Bóris Yeltsin – e não mais Gorbatchev, cujo poder estava
completamente esvaziado.
Já no mês seguinte, setembro, as repúblicas da Letónia, Estónia e Lituânia, uma após a outra, reafirmaram, agora em caráter definitivo, as suas declarações de independência. A própria Rússia
foi um dos primeiros países a reconhecer a independência dessas
repúblicas. Estava aberto o processo para as outras, que em sua grande
maioria também se declararam independentes.
Outra consequência importante do golpe foi a suspensão, determinada por Yeltsin em toda a Rússia, das atividades do Partido Comunista, que implicou até mesmo o confisco de seus bens. A KGB, o poderoso serviço secreto soviético, teve sua cúpula dissolvida. Gorbatchev admitiu a implosão da União Soviética,
mas ainda tentou manter o vínculo entre as repúblicas, propondo a
assinatura do chamado Tratado da União. Mas suas palavras não tiveram
eco, e o processo de separação se tornou irreversível.
Em 4 de setembro de 1991, Gorbatchev, como presidente da União Soviética, Boris Iéltsin, na qualidade de presidente da Rússia,
e mais os líderes de outras nove repúblicas, em sessão extraordinária
do Congresso dos Deputados do Povo, apresentaram um plano de transição
para criar um novo Parlamento, um Conselho de Estado e uma Comissão
Económica Inter-Republicana. Embora tentasse estabelecer os parâmetros
para uma nova união entre as diversas repúblicas, esse plano, na
verdade, significava o desmantelamento formal da estrutura tradicional
do poder soviético. De qualquer forma, a proposta acabou sendo aprovada.
Percebendo
a importância de Gorbatchev para a estabilidade da nação, naquele
momento, Yeltsin prometeu o apoio da República russa ao novo plano.
Enquanto
isso, os líderes ocidentais também davam sinais de uma clara
preferência pela permanência de Gorbatchev no poder, embora demorassem a
assumir o compromisso de uma ajuda económica mais efetiva à União
Soviética.
O
agravamento da situação económica era justamente o que tornava mais
delicada a posição de Gorbatchev. Decididamente, o povo soviético tinha
perdido a paciência com os problemas económicos, que se manifestavam na
vida diária de cada cidadão. A desorganização da economia era visível
nas prateleiras vazias dos supermercados e nas filas intermináveis para
comprar os produtos mais corriqueiros, como sabonete ou farinha de
trigo.
Aprovado
o plano de mudanças, faltava agora conseguir a assinatura do Tratado
da União com todas as repúblicas. Mas em 1 de dezembro de 1991 a
situação precipitou-se com a consolidação da independência da Ucrânia,
aprovada em plebiscito por 90% da população.
Uma
semana depois, numa espécie de golpe branco contra Gorbatchev, os
presidentes das repúblicas da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, reunidos
na cidade de Brest (Bielorrússia), criaram a Comunidade de Estados
Independentes (CEI), decretando o fim da União Soviética.
Diante
disso, James Baker, secretário de Estado norte-americano, declarou: “O
Tratado da. União sonhado pelo presidente Gorbatchev nunca esteve tão
distante. A União Soviética não existe mais”. De facto, em 17 de
dezembro Gorbatchev comunicou que a União Soviética
desapareceria oficialmente na passagem de Ano Novo.
No dia 21 de dezembro, os líderes de 11 das 15 repúblicas soviéticas reuniram-se em Alma Ata, capital do Casaquistão, para referendar a decisão da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia e oficializar a criação da Comunidade de Estados Independentes (CEI) e o fim da União Soviética.
Antecedentes
A política de abertura económica e política levada a cabo por Mikhail Gorbatchev, secretário-geral do Partido Comunista no final dos anos 1980,
desencadeou mobilizações pela independência de povos minoritários no
país. Sob pressão externa e atravessando uma crise económica, o governo
central concordou com a reorganização do país numa União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, conferindo maior poder às administrações locais.
Em agosto de 1991, um golpe de estado depôs Gorbachev por três dias; a linha-dura do Partido Comunista tentou reassumir o controle da URSS e impedir o prosseguimento das reformas.
Liderada por Boris Ieltsin,
a população revoltosa forçou a volta de Gorbachev ao governo. Em
resposta ao golpe, o Partido Comunista soviético foi banido da Rússia
pelo então presidente Ieltsin. Após o seu regresso, Gorbachev não
possuía mais que um poder esvaziado, e o controle da União fora
enfraquecido. Em 25 de dezembro de 1991 Gorbachev renunciou à presidência da URSS e em 31 de dezembro todas as funções administrativas do país deixaram de existir.
in Wikipédia
Sem comentários:
Enviar um comentário