terça-feira, maio 09, 2023

Baptista-Bastos morreu há seis anos...

 


Armando Baptista-Bastos (Lisboa, 27 de fevereiro de 1933 – Lisboa, 9 de maio de 2017) foi um jornalista e escritor português

 
Biografia
Nascido no Bairro da Ajuda, ficou órfão de mãe precocemente, aos seis anos de idade. A profissão do pai, tipógrafo - viria a ser chefe de tipografia em O Século - despertará em Baptista-Bastos um interesse pela imprensa e, reflexamente, pela literatura, que o acompanhará pela vida fora. Contudo, na infância, Baptista-Bastos aspirava tornar-se arquiteto, tendo frequentado com esse intuito a Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa. Também estudou francês no Liceu Francês Charles Lepierre.
Aos 14 anos publicou os seus primeiros contos na secção infantil do Diário Popular. Aos 19 entrou como estagiário para a redação d' O Século, instituição conhecida à época no meio da imprensa por «universidade» do jornalismo. O chefe de redação, Acúrsio Pereira foi decisivo nos primeiros anos de Baptista-Bastos como jornalista, fazendo-o trabalhar em rotatividade em todas as secções do jornal. Em 1953 tornou-se subchefe de redação da revista O Século Ilustrado, assinando uma coluna de crítica, comentário de cinema, e iniciando, assim, um estilo jornalístico próprio, inovador, mas frequentemente tido como controverso e polémico.
Baptista-Bastos participou na Revolta da Sé em 1959, e embora não tenha sido sequer julgado, foi despedido d'O Século em abril de 1960, dada a inconveniência para o jornal em manter um opositor declarado do regime salazarista na sua redação. Desempregado e sob o controlo da polícia política, chegou a pensar exilar-se em Paris, mas conseguiu subsistir, na clandestinidade. Sob o pseudónimo de Manuel Trindade, redigiu notícias para a RTP e colaborou em diversos documentários da estação pública, realizados por Fernando Lopes (Cidade das Sete Colinas, Os Namorados de Lisboa, Este século em que vivemos) e Baptista Rosa (O Forcado, a que ficaria associada a imagem de Augusto Cabrita e a música Scketchs of Spain, de Miles Davies).
Em fevereiro de 1962, Baptista-Bastos vai com Fernando Lopes durante um mês para a Ericeira, para fazer a adaptação do romance Domingo à tarde, de Fernando Namora. Foi lá que escreveu a primeira versão do seu primeiro livro de ficção, O Secreto Adeus, uma crítica ao jornalismo que existia na altura. A associação a Fernando Lopes levaria ainda Baptista-Bastos a colaborar com o realizador no primeiro filme da autoria deste, Belarmino, obra-chave do Cinema Novo Português, como autor da entrevista a Belarmino Fragoso.
Proibido de colaborar na RTP por ordem direta do diretor do Secretariado Nacional de Informação, César Moreira Baptista, ficou mais uma vez no desemprego, passando sazonalmente pela redação da Agence France Press, em Lisboa. Pouco tempo depois, entrou para o jornal República. No entanto, resolveu aceitar o convite de Raúl Solnado, que então procurava lançar-se como ator no Brasil, e que tinha sido contratado pela TV Rio, e acompanhá-lo na qualidade de seu secretário. Por coincidência, quando o jornalista chegou ao Brasil deu-se o golpe militar contra o presidente Goulart, fazendo Batista-Bastos a cobertura dos acontecimentos subsequentes, redigindo notícias para o jornal República, que nunca chegarão a ser publicadas, por impedimento da censura.
Volvidos oito meses, de regresso a Portugal, Baptista-Bastos regressa ao República, mas não por muito tempo, pois é convidado para integrar o Diário Popular. Neste matutino irá permanecer por cerca de duas décadas, mais precisamente, 23 anos, desde 1965 até 1988, ficando para sempre associado a este jornal, onde assinou centenas de peças, entre reportagens, entrevistas e crónicas. Foi também aí que teve oportunidade de viajar e escrever sobre Portugal e muitos outros países europeus, americanos, africanos, e contactar e entrevistar inúmeras personalidades, da política, à cultura e ao desporto, mas sem deixar de revelar a opinião e o sentimento do povo anónimo.
Fez ainda parte das redações do Europeu, de João Soares Louro, e de O Diário, bem como das revistas Almanaque, Gazeta Musical e Todas as Artes, Época e Sábado.
Como cronista, teve igualmente uma extensa colaboração; com o Jornal de Notícias, A Bola, Diário de Notícias, Jornal de Negócios e a revista Tempo Livre, editada pelo INATEL. Também na rádio leu as suas crónicas na Antena 1 e na Rádio Comercial.
Foi um dos fundadores do semanário O Ponto, periódico onde registou uma série de entrevistas semanais, entre outros textos e reportagens, posteriormente editadas no livro O Homem em Ponto.
Apresentou na televisão o programa de entrevistas Conversas Secretas, emitido na SIC. A convite do jornal Público, realizou também uma série de 16 célebres entrevistas, com o título «Onde é que você estava no 25 de Abril?», posteriormente editadas em CD-ROM, uma pergunta que se tornou icónica da imagem de Baptista-Bastos e recorrente em entrevistas de caráter biográfico, por outros jornalistas.
Faleceu a 9 de maio de 2017, aos 84 anos de idade, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde se encontrava internado há várias semanas.
  

2 comentários:

Manuel M Pinto disse...

Henrique Araújo Moreira (Avintes, Vila Nova de Gaia, 9 de Maio de1890 - Porto, 16 de Fevereiro de 1979) foi um escultor português.
Após a conclusão da licenciatura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, passou a trabalhar no atelier do Mestre Teixeira Lopes, vindo, poucos anos depois, a seguir um caminho autónomo.
Tem muitas obras espalhadas pelo país (Monumento à Padeira de Avintes e os bustos de Eng.º Arantes de Oliveira e de Calouste Gulbenkian em Avintes, Vila Nova de Gaia; a estátua de Ferreira de Castro e Nossa Senhora de La Salette, em Oliveira de Azeméis; o Monumento aos Mártires da Grande Guerra e o Conde Dias Garcia, em S. João da Madeira; a escultura de Cristóvão Colombo no Funchal; a homenagem ao Almirante Jaime Afreixo em Murtosa; o Padre Saúde em Sandim; estátua a António Cândido em Amarante; estátua do Infante D. Henrique em Tomar; o Bombeiro em Barcelos; quatro-relevos para o Salão de Festas do Pavilhão dos irmãos Rebelo de Andrade para a Exposição Ibero-Americana de Sevilha, de 1929; participação nas decorações do Pavilhão de Raul Lino para a Exposição Internacional e Colonial de Paris, de 1931; etc.) e até por Angola (Padrão aos Mortos da Grande Guerra na Praça dos Lusíadas), mas a maior e mais substancial parte da sua vasta obra foi produzida para a cidade do Porto, sendo por isso justamente considerado "o escultor do Porto". São marcantes obras suas como o busto de Camilo Castelo Branco, na Avenida Camilo; A Juventude popularmente conhecida como a Menina da Avenida e Os Meninos, na Avenida dos Aliados, O Salva-vidas ou Lobo-do-mar e o monumento de homenagem a Raul Brandão na Foz do Douro, a estátua do Padre Américo no Jardim da República ou o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular na Rotunda da Boavista.

Ver:

http://bioterra.blogspot.com/2023/04/a-escltura-juventude-mais-conhecida.html?m=1

https://sigarra.up.pt/up/pt/p/antigos%20estudantes%20ilustres%20-%20henrique%20moreira

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/henrique-moreira-escultor/

Fernando Martins disse...

Obrigado pela sugestão - publicámos um post sobre o escultor...