sexta-feira, novembro 18, 2022

Marcel Proust morreu há um século...

   
Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust (Auteuil, 10 de julho de 1871 - Paris, 18 de novembro de 1922) foi um escritor francês, mais conhecido pela sua obra À la recherche du temps perdu (Em Busca do Tempo Perdido), que foi publicada em sete volumes, entre 1913 e 1927.

Filho de Adrien Proust, um célebre professor de medicina, e Jeanne Weil, alsaciana de origem judaica, Marcel Proust nasceu numa família rica que lhe assegurou uma vida tranquila e lhe permitiu frequentar os salões da alta sociedade da época. Após estudos no Liceu Condorcet, prestou serviço militar em 1889. De volta à vida civil, assistiu na École Libre des Sciences Politiques aos cursos de Albert Sorel e Anatole Leroy-Beaulieu; e na Sorbonne os de Henri Bergson (1859-1941) cuja influência sobre a sua obra será essencial.

Em 1900, efetuou uma viagem a Veneza e se dedica às questões de estética. Em 1904, publicou várias traduções do crítico de arte inglesa John Ruskin (1819-1900). Paralelamente a artigos que relatam a vida mundana publicados nos grandes jornais (entre os quais Le Figaro), escreveu Jean Santeuil, uma grande novela deixada incompleta, e publicou Os Prazeres e os Dias (Les Plaisirs et les Jours), uma reunião de contos e poemas. Após a morte dos seus pais, a sua saúde já frágil deteriorou-se mais. Ele passou a viver recluso e a esgotar-se no trabalho. A sua obra principal, Em Busca do Tempo Perdido (À la Recherche du Temps Perdu), foi publicada entre 1913 e 1927, o primeiro volume editado à custa do autor na pequena editora Grasset, ainda que muito rapidamente as edições Gallimard recuaram na sua recusa e aceitaram o segundo volume À Sombra das Raparigas em Flor pela qual recebeu em 1919 o prêmio Goncourt.

A homossexualidade é tema recorrente em sua obra, principalmente em Sodoma e Gomorra e nos volumes subsequentes. Trabalhou sem repouso na escrita dos seis livros seguintes de Em Busca do Tempo Perdido, até 1922. Faleceu, esgotado, acometido por uma bronquite mal cuidada.

 
Vida

Proust nasceu em Auteuil-Neuilly-Passy (o setor sul do então rústico 16.º arrondissement de Paris), na casa de seu tio-avô, dois meses após o Tratado de Frankfurt terminar formalmente a Guerra Franco-Prussiana. Seu nascimento ocorreu durante a violência que envolveu a supressão da Comuna de Paris e sua infância corresponde ao período da consolidação da Terceira República Francesa. Grande parte de Em Busca do Tempo Perdido diz respeito às grandes mudanças, mais particularmente o declínio da aristocracia e a ascensão das classes médias que ocorreram na França durante a Terceira República e o fin de siècle.

O pai de Proust, Achille Adrien Proust, foi um proeminente patologista e epidemiologista, responsável por estudar e tentar remediar as causas e os movimentos da cólera através da Europa e da Ásia. Foi o autor de muitos artigos e livros sobre medicina e higiene. A mãe de Proust, Jeanne Clémence Weil, era filha de uma rica e culta família judia da Alsácia. Ela era culta e bem informada; as suas cartas demonstram um senso bem desenvolvido de humor e o seu domínio do inglês foi suficiente para lhe fornecer a assistência necessária para as tentativas posteriores de seu filho de traduzir John Ruskin.

Por volta dos nove anos de idade, Proust teve seu primeiro ataque grave de asma e, a partir daí, ele foi considerado uma criança doente. Proust passou longos períodos de férias na aldeia de Illiers. Esta aldeia, juntamente com as lembranças da casa do seu tio-avô em Auteuil, tornaram-se o modelo para a cidade fictícia de Combray, onde algumas das cenas mais importantes de Em Busca do Tempo Perdido têm lugar. (Illiers foi renomeada para Illiers-Combray por ocasião das comemorações do centenário de Proust).

Em 1882, com onze anos, Proust tornou-se aluno do Liceu Condorcet, mas sua educação foi interrompida por causa de sua doença. Apesar disso, ele destacou-se na literatura, recebendo um prémio no seu último ano. Foi através de seus colegas que ele foi capaz de ganhar acesso a alguns dos salões da alta burguesia, fornecendo-lhe material abundante para Em Busca do Tempo Perdido.

Apesar da sua saúde debilitada, Proust serviu durante um ano (1889-1890) no exército francês, estabelecido em Coligny Caserne em Orleans, uma experiência que providenciou um longo episódio em O Caminho de Guermantes, parte três do seu romance. Quando jovem, Proust foi um diletante e um alpinista social cujas aspirações como escritor foram prejudicadas pela sua falta de disciplina. A sua reputação a partir deste período, como um snobe e amador, contribuíram para seus problemas mais tarde com a obtenção de No Caminho de Swann, a primeira parte de seu romance em grande escala, publicado em 1913.

Proust tinha uma estreita relação com sua mãe. A fim de agradar seu pai, que insistia que ele seguisse uma carreira, Proust obteve uma posição de voluntário na Bibliothèque Mazarine no verão de 1896. Depois de exercer um esforço considerável, obteve uma licença, por doença, que se estendeu por vários anos até que ele foi considerado aposentado. Nunca trabalhou no seu emprego e não se mudou do apartamento de seus pais até que ambos estivessem mortos.

Proust, que era homossexual, foi um dos romancistas da Europa a tratar a homossexualidade de forma aberta e detalhada.

Sua vida e círculo familiar mudou consideravelmente entre 1900 e 1905. Em fevereiro de 1903, o irmão de Proust, Robert, casou-se e deixou a casa da família. Seu pai morreu em novembro do mesmo ano. Finalmente, e de efeitos muito mais devastadores, a querida mãe de Proust morreu em setembro de 1905. Ela deixou uma herança considerável. A sua saúde durante este período continuou a deteriorar-se.

Proust passou os últimos três anos da sua vida confinado ao seu quarto, dormindo durante o dia e trabalhando à noite, para concluir o seu romance. Ele morreu de pneumonia e de um abcesso pulmonar em 1922. Foi enterrado no cemitério Père Lachaise, em Paris

   

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