Publicou a sua obra muitas vezes marcada pela vivência tropical
africana em Moçambique. Integrou o grupo de intelectuais locais.
Conviveu com muitos dos artistas, críticos literários e outros da capital
moçambicana, como Eugénio Lisboa, Carlos Adrião Rodrigues, Craveirinha,
António Quadros (pintor), etc. Como fotógrafo publicou um livro sobre a
Ilha de Moçambique (
A Ilha de Próspero, 1972). Com António Quadros (pintor) fundou
Os Cadernos de Caliban. Deixou
Moçambique em 1975. A nacionalidade portuguesa não impediu que a sua alma fosse assumidamente
africana.
Mas a sua desilusão pelos acontecimentos políticos estão expressos na
sua poesia publicada após a saída da sua terra. Tem colaboração
dispersa por vários jornais e revistas e publicou alguns livros.
Desempenhou funções de adido cultural na Embaixada Portuguesa em
Londres.
Testamento
Se por acaso morrer durante o sono
não quero que te preocupes inutilmente.
Será apenas uma noite sucedendo-se
a outra noite interminavelmente.
Se a doença me tolher na cama
e a morte aí me for buscar,
beija Amor, com a força de quem ama,
estes olhos cansados, no último instante.
Se, pela triste monotonia do entardecer,
me encontrarem estendido e morto,
quero que me venhas ver
e tocar o frio e sangue do corpo.
Se, pelo contrário, morrer na guerra
e ficar perdido no gelo de qualquer Coreia,
quero que saibas, Amor, quero que saibas,
pelo cérebro rebentado, pela seca veia,
pela pólvora e pelas balas entranhadas
na dura carne gelada,
que morri sim, que não me repito,
mas que ecoo inteiro na força do meu grito.
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