A Batalha de Matapão foi uma batalha naval travada a 19 de julho de 1717, entre uma armada de aliados cristãos e a armada do Império Otomano. Foi travada no mar Mediterrâneo, na golfo da Lacónia, no extremo sul da Grécia, a cerca de vinte milhas náuticas a nordeste do cabo de Matapão, que lhe deu o nome.
A armada cristã era essencialmente composta pela Armata grossa da República de Veneza, com uma esquadra de auxiliares dos Estados Pontifícios, da Ordem de Malta, do Grão-Ducado da Toscânia, e de Portugal.
Com o desenvolver dos acontecimentos, foram estes últimos que travaram o
combate mais importante da batalha, tendo a armada otomana retirado
após um dia de combates, principalmente com as naus de guerra
portuguesas.
A batalha foi uma vitória táctica dos aliados, mas indecisa do ponto
de vista estratégico. No entanto, apesar de não apresentar qualquer
resultado estratégico, o desempenho da esquadra portuguesa chefiada pelo
seu almirante Lopo Furtado de Mendonça (conde de Rio Grande) prestigiou a Armada Real portuguesa, e toda a campanha pode ser considerada um grande êxito diplomático de D. João V - apenas, parafraseando Clausewitz, com outros meios.
(...)
Embora a Batalha do Matapão não tenha tido qualquer relevância
estratégica para a guerra contra os turcos, a batalha teve assim um
papel de relevo na política externa de D. João V, prestigiando a sua
Armada Real e projectando o reino de Portugal na Europa, afirmando mais
uma vez a sua aliança com o cunhado, o Imperador Carlos VI, o Papa, e no
caso os seus aliados, Veneza e a Ordem de Malta. Talvez por essa razão
foi o português D. António Manuel de Vilhena cinco anos mais tarde eleito grão-mestre da Ordem de Malta em 1722, tornando-se um dos mais notáveis mestres da história da Ordem.
Na Batalha de Matapão vemos assim a Armada Real de Portugal ser
usada, mais que para fins militares de defesa, como uma peça no grande
jogo de xadrez da política europeia. A esquadra do Conde do Rio Grande
foi assim, para citar o célebre dito de Clausewitz,
uma continuação da política com outros meios. No entanto, esta foi a
última vez que a Armada Real portuguesa assim foi usada. Futuramente,
graças às prioridades de D. João V e seus sucessores, limitar-se-ia a
missões puramente militares de defesa do território do império
português.
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