domingo, junho 06, 2021

El-Rei D. João III nasceu há 519 anos


D. João III de Portugal
(Lisboa, 6 de junho de 1502 - Lisboa, 11 de junho de 1557) foi o décimo quinto Rei de Portugal, cognominado O Piedoso ou O Pio pela sua devoção religiosa. Filho do rei D. Manuel I de Portugal, sucedeu-lhe em 1521, aos 19 anos. Herdou um império vastíssimo e disperso, nas ilhas atlânticas, costas ocidental e oriental de África, Índia, Malásia, Ilhas do Pacífico, China e Brasil. Continuou a política centralizadora do seu pai. Durante o seu reinado foi obrigado a negociar as Molucas com Espanha, no tratado de Saragoça, adquiriu novas colónias na Ásia - Chalé, Diu, Bombaim, Baçaim e Macau e um grupo de portugueses chegou pela primeira vez ao Japão em 1543, estendendo a presença portuguesa de Lisboa até Nagasaki. Para fazer face à pirataria iniciou a colonização efectiva do Brasil, que dividiu em capitanias hereditárias, estabelecendo o governo central em 1548. Ao mesmo tempo, abandonou diversas cidades fortificadas em Marrocos, devido ao custos da sua defesa face aos ataques muçulmanos. Extremamente religioso, permitiu a introdução da inquisição em Portugal em 1536, obrigando à fuga muitos mercadores judeus e cristãos-novos, forçando o recurso a empréstimos estrangeiros. Inicialmente destacado entre as potências europeias económicas e diplomáticas, viu a rota do Cabo fraquejar, pois a rota do Levante recuperava, e em 1548 teve de mandar fechar a feitoria Portuguesa de Antuérpia. Viu morrer os dez filhos que gerou e a crise iniciada no seu reinado amplificou-se sob o governo do seu neto e sucessor, o Rei D. Sebastião de Portugal.
  
    
Nascido em Lisboa, era filho de El-Rei Manuel I de Portugal e de Maria de Aragão, princesa de Espanha, filha dos Reis Católicos. Na câmara da Rainha, parturiente, Gil Vicente em trajes de vaqueiro representou a sua primeira peça, o Auto da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro. O batismo em 15 de junho foi realizado na capela de São Miguel do Paço da Alcáçova, tendo como padrinho o Doge de Veneza, Leonardo Loredan, representado por Pero Pasquaglio. Foram madrinhas uma tia paterna, a Rainha Dona Leonor, viúva de D. João II, e a avó paterna, a infanta Dona Beatriz, duquesa de Beja. Nas Cortes a seguir convocadas, para 15 de agosto, o príncipe foi jurado herdeiro.
    
Estátua de D. João III, Coimbra
    

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

Aquilino Ribeiro no seu Livro "Príncipes de Portugal-Suas Grandezas e Misérias" diz a propósito de D. João III:...transferiu a Universidade para Coimbra e de princípio foi o caos. Não havia ali biblioteca boa nem má, nem mesmo lugares aptos a receber mestres e discípulos. Houve que recorrer aos colégios eclesiásticos já existentes e o reitor resignou-se a dar aulas nos seus próprios aposentos. Os velhos catedráticos de Lisboa, salvo Pedro Nunes, que foi ganhar um ordenado de grão-duque,recusaram-se a trocar a capital pela parvónia provincial. ...
...O estabelecimento da Inquisição foi o acto de política interna que mais apaixonou D. João III. Portugal passou a ser com a Espanha a sentinela alerta da fé contra todos aqueles que se atrevessem a formular uma dúvida, uma sombra de incerteza, uma interrogação ao santo nome de Deus segundo o credo romano.
Fugiram por todos os caminhos quantos podiam representar espírito de progresso, temerosos da noite que se adensava sobre a Nação. Hoje Portugal gloria-se dos Amatos, dos Sanches, dos Gouveias, que enalteceram a terra portuguesa, pelo facto de terem ouvido aqui a canção do berço. Fraca consolação! Antes são eles fantasmas miliários, clamando contra aquele que Pinheiro Chagas, na peugada aliás de Herculano, chama o mais estúpido e fanático dos reis.

Alexandre Herculano escreveu o seguinte sobre D. João III: "Envolvido de contínuo em questões eclesiásticas e, sobretudo, em questões fradescas, e deixando, como acabamos de ver, caminhar o Estado à ruína, o rei de Portugal entretinha-se, no intervalo do descanso que lhe concediam as matérias da Inquisição, em pensar na criação de novas Sés, na trasladação de mosteiros de Ordem para Ordem,... A própria reforma da Universidade, ideia generosa e grande a princípio, descera às proporções de uma intriga de claustro, sobretudo desde a entrada dos jesuítas no Reino."