Meteorito colorido está a suscitar dúvidas sobre a origem da vida
Em abril de 2019, um meteoro colorido atingiu a Costa Rica. A
rocha, que está a ser analisada por cientistas, destaca-se por
pertencer a uma classe rara de condritos carbonáceos, e por conter uma
possível presença de aminoácidos essenciais à construção da vida.
O meteoro que atingiu a Terra partiu-se mesmo antes de chegar ao solo.
Os fragmentos acabaram por se espalhar nas aldeias de La Palmera e
Aguas Zarcas, na Costa Rica. Para homenagear o local, foram batizados
com o nome da aldeia: Aguas Zarcas.
Segundo a Space.com, embora haja meteoritos a colidir com a Terra um pouco por todo o lado, estes fragmentos parecem ser especiais. É que o asteroide que os gerou era um fragmento remanescente do início do sistema solar.
O meteorito pertence a uma classe rara chamada condritos carbonáceos,
originados nas primeiras horas de vida do Sistema Solar. Este tipo de
rocha espacial contém compostos de carbono complexos, que podem incluir aminoácidos – capazes de se unir para formar proteínas e ADN – e talvez outros elementos de construção da vida.
Enquanto outros pedaços rochosos do sistema solar acabam por se tornar partes de planetas, este permaneceu intacto. O meteorito apenas se alterou com o tempo,
através de reações químicas impulsionadas pela luz solar. Estas
mudanças estimularam a criação de compostos químicos cada vez mais
complexos.
Em 1969, na Austrália, explodiu o meteoro Murchison, que apresenta características semelhantes. Num artigo para a Science, Joshua Sokol revela que a análise aos elementos químicos que compõe este tipo de meteoritos, pode ter ajudado a formar a ideia de que a vida teve origem no espaço. Tal como o meteorito Murchison, este fragmento de Aguas Zarcas contém poeira da antiga Via Láctea, antes do Sol se formar.
O jornalista explica que os estudos deste novo meteorito ainda estão
incompletos. Contudo os investigadores estão entusiasmados com a
possibilidade de o examinar através de técnicas mais modernas. A
expectativa é encontrar, além dos aminoácidos, proteínas – o que seria um passo importante para entender como a vida surgiu.
Os fragmentos do novo meteoro podem oferecer as amostras mais puras
do início do sistema solar e da nuvem de poeira pré-solar. “Esses
restos de asteroides deverão ser realmente puros, pois podem nunca ter
tocado na atmosfera ou ter-se instalado no solo”, escreveu Sokol.
Sokol espera que no futuro outras amostras originais possam ficar disponíveis para análise. A sonda japonesa Hayabusa2 – lançada em 2014 – tem o objetivo de analisar o asteroide Ryugu, uma amostra que pode conter condrito carbonáceo.
Também em 2023, a NASA irá retomar a análise das suas próprias amostras de um asteroide semelhante – o Bennu – que Sokol acredita estar relacionado com Aguas Zarcas.
Mas por enquanto, este fragmento é a melhor fonte disponível para análise.
in ZAP
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