Luís XVI (Versalhes, 23 de agosto de 1754 - Paris, 21 de janeiro de 1793) foi Rei da França e Navarra de 1774 até ser deposto em 1792 durante a Revolução Francesa, sendo executado no ano seguinte. O seu pai, Luís, Delfim de França, era o filho e herdeiro aparente do rei Luís XV.
Como resultado da morte do seu pai, em 1765, Luís tornou-se o novo
delfim e sucedeu ao seu avô em 1774. Era irmão mais velho dos futuros reis Luís XVIII e Carlos X.
Nascido em Versalhes, recebeu o título de Duque de Berry. Após a morte repentina de seu pai Luís Fernando,
tornou-se o novo herdeiro da França em 1765 e foi coroado Rei aos 19 anos.
A primeira parte de seu reinado foi marcada por tentativas de reformar a
França, de acordo com os ideais iluministas. Estes incluíram esforços para abolir a servidão, remover a taille, e aumentar a tolerância em relação aos protestantes. A nobreza francesa
reagiu com hostilidade às reformas propostas e opôs-se com sucesso à
sua implementação. Em seguida ocorreu o aumento do descontentamento
entre as pessoas comuns. Em 1776, Luís XVI apoiou ativamente os colonos
norte-americanos, que buscavam a sua independência da Grã-Bretanha, que foi realizada no Tratado de Paris de 1783.
A dívida e crise financeira que vieram em seguida contribuíram para a impopularidade do Antigo Regime, que culminou no Estado Geral de 1789.
O descontentamento entre os membros das classes média e baixa da França
resultou em reforçada oposição à aristocracia francesa e à monarquia
absoluta, das quais Luís e a sua esposa, a rainha Maria Antonieta, eram vistos como representantes. Em 1789, a tomada da Bastilha, durante os distúrbios em Paris, marcou o início da Revolução Francesa.
A indecisão e conservadorismo de Luís levaram algumas percepções ao
povo da França em vê-lo como um símbolo da tirania do Antigo Regime e
sua popularidade deteriorou-se progressivamente. A sua desastrosa fuga de Varennes, em junho de 1791, quatro meses antes da monarquia constitucional
ser declarada, parecia justificar os rumores de que o rei amarrou suas
esperanças de salvação política nas perspectivas de alguma invasão estrangeira. A sua credibilidade ficou extremamente comprometida. A abolição da
monarquia e a instauração da república tornaram-se possibilidades cada
vez maiores.
Num contexto de guerra civil e internacional, o rei foi suspenso e preso na época da insurreição de 10 de agosto de 1792, um mês antes da monarquia constitucional ser abolida e a Primeira República Francesa ser proclamada, em 21 de setembro. Foi julgado pela Convenção Nacional (auto-instituída como um tribunal para a ocasião), considerado culpado de alta traição e executado na guilhotina,
em 21 de janeiro de 1793, como um cidadão francês dessacralizado,
conhecido como "Cidadão Luís Capeto", um apelido em referência a Hugo Capeto, o fundador da dinastia capetiana
– que os revolucionários interpretavam como o seu nome de família.
Depois de inicialmente considerado tanto um traidor como um mártir,
historiadores franceses têm adotado uma visão geral diferente da sua
personalidade e papel como rei, descrevendo-o como um homem honesto ,
impulsionado por boas intenções, mas que não estava à altura da tarefa
hercúlea que teria sido uma profunda reforma da monarquia. Foi o único
rei da França na história a ser executado, e sua morte pôs fim a mais de
mil anos de monarquia francesa contínua.
(...)
Em 15 de janeiro de 1793, a Convenção, composta por 721 deputados, votou sobre o veredicto. Dada a evidência esmagadora de conluio de Luís com os invasores, o
veredicto teve uma conclusão precipitada – com 693 deputados votando
como culpado, nenhum para absolvição, e 23 abstenções. No dia seguinte,
uma votação nominal foi realizada para decidir sobre o destino do
ex-rei, e o resultado foi desconfortavelmente perto de uma decisão
dramática. Votaram contra a morte e por alguma outra alternativa,
principalmente alguns meios de prisão ou o exílio, 288 deputados.
Votaram a favor da pena de morte, mas sujeito a uma série de condições
dilatórias e reservas, 72 deputados. Votaram pela sua morte imediata 361
deputados. Filipe Égalité,
anteriormente o duque de Orleães e primo do ex-rei, votou por sua
execução, o que chocou a maioria dos presentes. O próprio Luís comentaria: "Lamento muito pensar que Monsieur d'Orléans, meu parente,
deve ter votado pela minha morte."
No dia seguinte, uma moção para conceder a Luís XVI um indulto da
sentença de morte foi rejeitado: 310 deputados pediram misericórdia, mas
380 votaram a favor da execução imediata da pena de morte. Esta decisão
seria final. Na segunda-feira, 21 de janeiro de 1793, Luís XVI foi
decapitado pela guilhotina na Place de la Révolution. O carrasco, Charles-Henri Sanson, testemunhou que o ex-rei tinha bravamente encontrado seu destino.
Quando Luís XVI subiu ao cadafalso, apareceu digno e renunciou a seus
títulos. Proferiu um curto discurso em que reafirmou sua inocência:
"Perdoo aqueles que são a causa de minha morte....". Declarou-se inocente dos crimes de que era acusado, rezando para que seu sangue jamais recaísse sobre a França. Muitos relatos sugerem seu desejo em falar mais, mas Antoine Joseph Santerre, um general da Guarda Nacional,
parou o discurso pedindo um rufar de tambores. O ex-rei foi então
rapidamente decapitado. Alguns relatos de sua decapitação indicam que a
lâmina não rompeu seu pescoço inteiramente na primeira vez. Há também
relatos de um grito horrível vindo de Luís após a lâmina cair mas isso é
improvável, visto que a lâmina cortou sua coluna. Ficou acordado que,
enquanto seu sangue pingava no chão muitos membros da multidão correram
para mergulhar seus lenços nele. Este relato foi provado em 2012, depois de uma comparação de ADN
ligando o sangue que acreditava-se ser da decapitação de Luís XVI, do
ADN retirado de amostras de tecidos originários do que acreditava-se ser
a cabeça mumificada de Henrique IV.
A amostra do sangue foi tirada a partir de uma cabaça esculpida para
comemorar os heróis da Revolução Francesa, que tinha, segundo a lenda,
sido utilizada para abrigar o sangue de Luís.
in Wikipédia
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