(imagem daqui)
Joaquim Afonso Fernandes Duarte (Ereira, 1 de janeiro de 1884 - Coimbra, 5 de março de 1958) foi um poeta português.
Biografia
Nasceu em Ereira, Montemor-o-Velho e formou-se em Ciências Físico-Naturais na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Professor da Escola Normal, interessava-se por etnografia e arte popular, reflectidos na sua obra poética, ligada às crenças e mitos seculares, aos motivos da terra, vida animal, ao povo e à lide agrária. A sua sensibilidade poética deu-lhe um convívio com literatos de vários grupos e escolas. Colaborou na "Águia" e dirigiu a "Rajada" (1912-1914).
Encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas Atlântida (1915-1920) e Contemporânea (1915-1926).
Obra
Trata-se dum poeta em permanente actualidade, dado que vai acompanhando todos os movimentos poéticos da primeira metade do século XX. Nasce numa atmosfera de saudosismo, dominado por Teixeira Pascoais. Entretanto, surgem outras escolas a que adere sem compromisso, mas com ironia e pendor populista. Logo as crianças, o desenho infantil, as pedras, as águas. Aparece, então, como saudosista, no conteúdo, e um modernista, na forma.
Poesia
- Cancioneiro das Pedras (1912)
- Tragédia do Sol Posto (1914)
- Rapsódia do Sol-Nado e Ritual do Amor (1916)
- Os Sete Poemas Líricos (reedição aumentada dos anteriores, 1929)
- Ossadas (1947)
- Post-Scriptum de um Combatente (1949)
- Sibila (1950)
- Canto da Babilónia (1952)
- Canto de Morte e Amor (1952)
- Lápides e Outros Poemas (1950)
- Obra Poética (1956)
in Wikipédia
Humana Condição
Um sonhar-me distante, um longe incrível
É agora o meu estado: Eu sonho o Espaço
Que se fixa no mundo ao invisível
Como se o mundo andasse por meu braço,
Existo além: Sou o animal temível
De Jesus com o mundo-Deus na mão.
Sou para além do mundo concebível
Onde morre e começa a criação.
Eu, homem, sondo e meço o Infinito;
Sou corpo e espírito, esse corpo oculto,
E é só na mão de Deus que ressuscito.
E chamam a isto humana condição ...
Um nada, e tudo: — Vivo e me sepulto
Dentro e fora do próprio coração.
in Ossadas (1947) - Afonso Duarte
Um sonhar-me distante, um longe incrível
É agora o meu estado: Eu sonho o Espaço
Que se fixa no mundo ao invisível
Como se o mundo andasse por meu braço,
Existo além: Sou o animal temível
De Jesus com o mundo-Deus na mão.
Sou para além do mundo concebível
Onde morre e começa a criação.
Eu, homem, sondo e meço o Infinito;
Sou corpo e espírito, esse corpo oculto,
E é só na mão de Deus que ressuscito.
E chamam a isto humana condição ...
Um nada, e tudo: — Vivo e me sepulto
Dentro e fora do próprio coração.
in Ossadas (1947) - Afonso Duarte
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