Autorretrato (imagem daqui)
O ESPÍRITO
Nada a fazer, amor, eu sou do bando
impermanente das aves friorentas;
e nos galhos dos anos desbotando
já as folhas me ofuscam macilentas;
e vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
rugas me humilham. Não mais em estilo brando
ave estroina serei em mãos sedentas.
Pensa-me eterna que o eterno gera
quem na amada o conjura. Além, mais alto,
em ileso beiral, aí espera:
andorinha indemne ao sobressalto
do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.
Natália Correia
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