Tu és a esperança
Tu és a esperança, a madrugada.
Nasceste nas tardes de Setembro,
quando a luz é perfeita e mais doirada,
e há uma fonte crescendo no silêncio
da boca mais sombria e mais fechada.
Para ti criei palavras sem sentido,
inventei brumas, lagos densos,
e deixei no ar braços suspensos
ao encontro da luz que anda contigo.
Tu és a esperança onde deponho
meus versos que não podem ser mais nada.
Esperança minha, onde meus olhos bebem, fundo,
como quem bebe a madrugada.
in As mãos e os Frutos - Eugénio de Andrade
1 comentário:
Desculpem, só vi hoje! Estão tão bonitos! Como é que se põe "gosto" nisto? Lindahomenagem, sim senhor! aposto que a nossa Goretinha chorou...
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