Foi com profunda tristeza que decidimos adiar a ida à Antiga Mina da Guimarota, pelo que vamos explicar o que fizemos previamente e o correu mal nos momentos finais que antecederam a visita.
Desde que comecei a interessar-me por Geologia de Portugal e Paleontologia que a Mina da Guimarota me fascinou (ainda durante o curso...). Quando decidi viver em Leiria procurei encontrar, nas minhas andanças, a zona da Guimarota e, dentro dela, acabei por encontrar a Rua das Minas. Passeei muitos vezes por aquela zona até que um dia optei por ir até ao final da Rua (numa parte da mesma em que esta é privativa de um conjunto de casas de uma única família) procurar a Mina e, apesar de ter estado a dois metros da mesma, não a descobri....
Mas à segunda tentativa encontrei o dono do terreno e estive à sua entrada, tendo este falado longamente comigo (e com a colega Céu Machado) sobre a Mina, os seus riscos e os seu fósseis. Já nessa vez pedi autorização para trazer ali, um dia, alguns Doutores de Geologia, que me foi concedida pelo dono do terreno e reafirmado posteriormente.
Depois, já neste ano, eu e a Céu Machado, num dia em que não tínhamos aulas, fomos até à Mina (com um aluno de Geologia de 12º Ano) e, como esta tinha sido ventilada pela máquina do dono do terreno, pudemos descer até ao estrato com carvão (onde se localizavam as duas primeiras galerias laterais, quase totalmente entulhadas) que está actualmente um pouco acima do nível de água na mina. Para tal descemos cerca de 50 metros, havendo escadas (degraus) em bom estado, com a galeria coberta a cimento (bem conservada) e iluminação eléctrica - um luxo... Deu para fotografar, recolher amostras e ainda para negociar com o dono do terreno a ida à Mina em Setembro/Outubro de 2007.
Depois disso começámos a contactar diversas instituições para nos apoiarem na visita (NEL - Núcleo Espeleológico de Leiria, na segurança e eventual detecção de morcegos, Bombeiros Municipais de Leiria, na questão da segurança, e ainda a Câmara Municipal de Leiria e a Junta de Freguesia de Leiria, no apoio a Almoço dos Doutores presentes e recordações para todos os participantes). Todas estas instituições nos apoiaram sem reservas, o que é de louvar.
Aproximando-se a data da actividade, fui numa primeira pré-visita mostrar a um elemento do NEL (o arqueólogo da CML Pedro Ferreira, que serviu de elemento de ligação com a Câmara) a localização da Mina e o seu interior. Nesta primeira ida (em 04.10.2007) verificámos que o interior da Mina estava sem oxigénio (íamos ficando lá...). Depois, em 08.10.2007, voltei à Mina e tive a confirmação do dono de que podíamos ir à Mina em 13.10.2007, tendo sido informado de que o ventilador da mina estava avariado. Nessa altura optámos por levar um carro dos Bombeiros até à Mina, com equipamento de respiração autónoma e alguns medidores de gases (não detectaram monóxido de carbono mas que confiram que o ar na mina era irrespirável a partir de uma certa profundidade).
Depois, em nova conversa, o dono do terreno reafirmou que podíamos ir à Mina no próximo sábado 10 de Outubro, mas, infelizmente, que não queria carros no terreno e que não queria ninguém na Mina antes de sábado. Assim, na impossibilidade de analisar correctamente os gases presentes na Mina (e que o antigo Comandante dos Bombeiros Municipais de Leiria, Eng.º Cunha Lopes, nos garantiu incluirem gases sulfurosos, com ácido sulfúrico, o que nos suscita algumas dúvidas...), na impossibilidade de ventilar longamente a mina (viemos a saber mais tarde que o ventilador da mina ainda funciona mas o dono do terreno não nos autorizou a sua utilização...) e na impossibilidade de ter um veículo de socorro dos Bombeiros no local, optámos por adiar a actividade.
Vamos agora brevemente reunir com a Câmara Municipal de Leiria para que esta tente fazer um protocolo com o dono do terreno onde a Mina está e tentar ainda que o INETI (ou ex-INETI...) comunique por escrito à Câmara Municipal de Leiria a importância da Antiga Mina da Guimarota e da necessidade de se fazer uma visita à mesma com especialistas para desemperrarmos esta actividade.
Às pessoas que demonstraram interesse na actividade e se inscreveram nela resta-nos agradecer o interesse demonstrado e pedir desculpas por termos de adiar a actividade, restando-nos a esperança de que tudo isto ajude na futura classificação da Mina da Guimarota como Monumento Natural (ou Geomonumento ou Sítio Classificado, que a nós tanto nos faz a tipologia da classificação...) e a realização de mais estudos sobre a sua conservação e preservação.
Sem comentários:
Enviar um comentário