Post do Blog do astroPT.org, republicado pelo AstroLeiria, com novidades excelentes...!
sexta-feira, outubro 26, 2007
Cometa 17P/Holmes !
terça-feira, outubro 23, 2007
Parabéns, menina Terra...?!?
Passaram, na transição da noite de 22 para 23 de Outubro, 6.010 anos desde que Deus criou a Terra (as comemorações para o Universo foram ontem...). Quem o disse (e calculou cientificamente...) foi o ilustre teólogo e Bispo Anglicano James Ussher, Arcebispo Primaz da Irlanda e Bispo de Armagh no século XVII, que hoje (depois de tudo o que se descobriu no século XIX e XX) ainda tem seguidores... Um deles, por sinal também um ilustre Professor da Universidade de Coimbra (não se assustem - é docente da Faculdade de Direito...) certamente não deixaria passar a data se se lembrasse - como não se lembrou, aqui os parabéns p´ra você da minha parte e do Doutor Jónatas Machado...!
sábado, outubro 20, 2007
Música de Adriano Correia de Oliveira reeditada
O primeiro CD, ao som do qual escrevo agora, intitula-se Trova do Amor Lusíada - Fados e Baladas de Coimbra e inclui os seus quatro primeiros EP's (pequenos discos, com um máximo de 4 músicas) de Fado de Coimbra na sua forma mais clássica, publicados entre 1960 e 1962. Tem, no livro, uma introdução de José Niza ao conjunto da colecção, um texto de Manuel Alegre (e uma poesia dedicada ao Adriano), uma Biografia breve, uma discrição do primeiro CD, fotos das capas dos discos abrangidos pelo CD e letras das suas canções (com um lamentável erro na letra da Canção de Fornos...) bem como algumas fotografias de época do Adriano.
Excelente este primeiro volume - o Blog Geopedrados recomenda vivamente a obra, até porque o melhor está para vir...!
Site da Colecção - AQUI.
ADENDA: Para fazer o download do Fado de Coimbra "Senhora, partem tão tristes" (a mais bela poesia lírica portuguesa, na minha opinião...) e que o Público oferece aos seus leitores legalmente, clicar AQUI.
Astronomia em Portugal fora de foco
«O Livro das Escolhas Cósmicas» já foi mencionado no De Rerum Natura. O seu autor, Orfeu Bertolami, faz um diagnóstico da investigação em astronomia no nosso país neste post convidado.
Na última década, a astronomia em Portugal fez progressos notáveis. No início da década de 1990 contavam-se com os dedos de uma mão os astrónomos profissionais a trabalhar em Portugal. No final do século passado, o país contava já com cerca de quarenta astrónomos doutorados, embora só cerca de um quarto detenha posições estáveis. Desde então a actividade está praticamente estagnada — ao ponto de, entre os jovens astrónomos que entusiasticamente responderam ao apelo desta fascinante actividade, alguns já se encontrarem na amarga situação de desemprego, depois de terem esgotado todos os meios de financiamento disponíveis a curto prazo. Acresce à gravidade desta confrangedora situação a possibilidade de muitos outros investigadores passarem à mesma condição num futuro próximo. Nunca é demais relembrar que os doutoramentos obtidos por estes jovens astrónomos, tanto no país como no estrangeiro, foram, via de regra e em larga medida, financiados pelo contribuinte português.
Se no início dos anos 1990, a astronomia foi considerada uma das prioridades científicas do país, dada a adesão de Portugal ao Observatório Europeu do Sul (ESO) e o anseio de aderir à Agência Espacial Europeia (ESA), o que de facto se concretizou em 2001, parece não haver hoje grande interesse no desenvolvimento de raízes desta actividade. Assim, os assinaláveis ganhos científicos não se podem tornar no ponto de partida para a consolidação desta no sistema universitário; consequentemente, afasta-se a comunidade astronómica nacional da maturidade que esta disciplina tem adquirido na Europa, para além da já existente nos quatro grandes países — Alemanha, França, Itália e Reino Unido — que, ao longo da história, têm vindo a contribuir regularmente para a cultura astronómica.
Como é evidente, esta situação é de todo indesejável e prejudica os interesses do país a médio e longo prazo; impõe-se analisar as suas razões primeiras e procurar encetar um conjunto de medidas que visem recuperar a iniciativa e garantir a continuidade da astronomia em Portugal. É nossa opinião que a causa principal desta problemática está na incapacidade de resposta do sistema universitário. De modo geral, este sistema é opaco aos desenvolvimentos científicos mais importantes, e ainda não deu mostras de conseguir reagir positivamente às profundas alterações que tiveram lugar nas qualificações profissionais adquiridas pelas novas gerações de cientistas e investigadores portugueses. Não se vislumbra no seio do sistema universitário qualquer plano estratégico ou medidas de longo alcance para absorver a jovem geração de cientistas. É evidente que houve, ao longo dos últimos anos, inúmeras contratações de indivíduos e importantes mudanças de atitude relativamente à importância da investigação e da sua relação com o ensino. Porém, dificilmente podemos falar de uma estratégia ou de um genuíno interesse no bom acolhimento das novas gerações.
É relevante notar que o novo enquadramento jurídico das instituições de ensino superior que entrou em vigor no dia 10 de Outubro passado, não tem qualquer implicação directa para a problemática da absorção dos novos doutores. Pode quando muito, mitigar o problema quando vontade ou verbas para este fim houver. No caso específico da astronomia, a situação é, em certa medida, mais grave do que em outras áreas, dado que a actividade praticamente não existia no sistema universitário; como tal, não podia assim contar com as cumplicidades tão essenciais para uma boa assimilação e acomodação com as estruturas existentes. A experiência de transformação dos históricos observatórios astronómicos em activos centros de investigação das universidades também não tem sido completamente satisfatória, devendo-se essencialmente à insipiência das relações de colaboração científica e institucional e a alguma incompreensão relativa à dispersão temática que uma área de investigação inevitavelmente adquire, quando se instala num sistema onde não existia ou onde não tinha grande expressão. A inexistência de um laboratório ou estrutura nacional dedicado à astronomia também não facilita o desenvolvimento da actividade, pois não há uma base segura para a estabilidade laboral necessária para que a nova geração dê o seu contributo.
Note-se que a abertura fortuita de umas poucas posições de cinco anos, conforme anunciado no verão passado, vem naturalmente ao encontro das aspirações de alguns investigadores com sorte, porém dificilmente altera a natureza estrutural do problema.
Infelizmente, a situação presente contrasta com o optimismo que se respirava há poucos anos e com a notável expansão científica observada nos últimos tempos, tanto a nível quantitativo como qualitativo. Num estudo recentemente realizado por este autor sobre a evolução da cosmologia em Portugal nos últimos vinte anos, são objectivamente visíveis os avanços alcançados. É também notável que Portugal se destaque na Europa pelo vigor do progresso realizado nos últimos anos, para além da qualidade e da diversidade dos trabalhos realizados.
Assim, no nosso entender, é fundamental a criação de um ambiente conjunturalmente mais propício para o desenvolvimento da astronomia em Portugal. Tal passa por uma maior abertura do sistema universitário, o que exige, entre outras medidas de fundo, uma alteração do regime de contratações, que deve ser necessariamente desacoplado do processo de promoção dos docentes e investigadores que já se encontram no sistema.
Para além disto, seria importante que o país pudesse contar com um laboratório nacional para agregar as diversas competências e saberes. Uma estrutura desta natureza é perfeitamente compatível com os recentes esforços de constituição do consórcio Física N, que congregará as actividades de investigação em física nuclear, fusão nuclear e física dos plasmas, física experimental de partículas e computação avançada. Uma vertente de física do espaço, que unificasse esforços em ciência do espaço, astronomia, astrofísica, cosmologia e física de detectores seria um complemento lógico ao consórcio que se pretende criar. Como modelo de estrutura desta natureza, podemos mencionar o Instituto Kavli da Universidade de Chicago, uma congregação contemporânea de competências transversais para desenvolver investigação em cosmologia e que abriga astrónomos, cosmólogos, físicos de altas energias, especialistas em detectores e física do espaço. Para muitos especialistas em gestão científica, esta é a configuração organizacional ideal para se responder com inteligência e flexibilidade aos desafios do século XXI.
Conferência Ibérica de Arqueoastronomia
O Centro Multimeios de Espinho vai organizar a Iª Conferência Ibérica de Arqueoastronomia e Astronomias Antigas. Trata-se de um evento revestido do maior carácter científico e no qual se pretende compreender a relação que existe entre duas ciências, a Arqueologia e a Astronomia, nomeadamente na relação entre variados vestígios arqueológicos e a sua relação com o estudo da astronomia pelas designadas culturas ou civilizações antigas. Porém as balizas cronológicas são muito ténues e esta nova ciência abarca várias realidades temporais que vão para além das civilizações antigas e também diversos campos de estudo.
Dentro da comunidade científica internacional a Arqueoastronomia é considerada uma disciplina jovem, com pouco mais de vinte e cinco anos, mas onde muito trabalho tem sido desenvolvido. Tendo em conta que a Astronomia desempenha um papel muito importante na cultura de povos e civilizações, tem havido um trabalho sério de cooperação entre equipas de arqueólogos, historiadores e astrónomos. Assim, pretende-se reunir nesta Iª Conferência, trabalhos de investigação que se têm vindo a realizar no âmbito do espaço ibérico em áreas que se relacionam com a Arqueoastronomia, nomeadamente:
- Arqueologia
- Astronomia
- História da Astronomia
- Etnologia
- Pré-história
- História da arte
- Arquitectura
- História das mentalidades
- História das religiões
- História dos descobrimentos
- História da cultura das civilizações ancestrais
- História da literatura e da cartografia
Fonte:
sexta-feira, outubro 19, 2007
Dinossáurio de Areia
Escrito por Geraldo Barros, "Campeão das Províncias,12-Out-2007
Reproduzido numa escala próxima do real pelo escultor Pedro Mira na Praça Marquês de Marialva (Cantanhede), o dinossauro de areia, um triceratops, pretende divulgar a exposição “Os Dinossáurios Regressam a Cantanhede”, patente ao público no Museu da Pedra.
A peça escultórica está a ganhar forma na praça em frente ao edifício dos Paços do Concelho de Cantanhede e deverá ficar concluída dia 13 de Outubro. Integralmente patrocinada pelo Banco Popular, esta original iniciativa implica a utilização de mais de 40 toneladas de areia para dar forma a uma composição com aproximadamente oito metros de comprimento por seis de largura e dois e meio de altura. Apesar do material utilizado – a areia – a escultura deverá manter-se intacta durante cerca de dois meses, ou seja, até 9 de Dezembro, data em que termina a exposição “Os Dinossáurios Regressam a Cantanhede” e após a qual a areia utilizada na escultura será aproveitada pelos serviços técnicos camarários na execução de obras municipais.
Formado em artes plásticas com especialização em escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Pedro Mira tem desenvolvido intensa actividade em diferentes territórios das artes plásticas, designadamente, em trabalhos semelhantes ao que está a executar em Cantanhede, com participações em alguns dos mais prestigiados certames de escultura de areia, como o World Championships of Sand Sculpture (Søndervig, Dinamarca), Festival de Haarlemmermeer (Holanda), Festival de Istambul (Turquia), Lara Sand City (Antália, Turquia) e F.I.E.S.A. – Festival Internacional de Escultura em Areia de Armação de Pêra.
Organizada pelo Museu Nacional de História Natural, em parceria com o Município de Cantanhede, a exposição “Os Dinossáurios Regressam a Cantanhede” é constituída por réplicas de esqueletos completos de diversos exemplares de dinossáurios, ninhos com ovos de diferentes espécies e vários tipos de dentes e garras, bem como painéis representativos sobre os seus modos de vida.
in Blog De Rerum Natura - post aqui
O cancro que mata os professores
Mas, se calhar, o cancro que mata os professores tem outro nome - e para não dizer nada de que me arrependa, aqui ficam duas notícias, com três meses e seis dias de intervalo, a primeira de 11.07.2007 e a segunda de 17.10.2007:
in JN (11.07.2007) - notícia aqui
A legislação que rege as juntas médicas vai mesmo mudar. Depois de se conhecer, há um mês, o caso de uma docente que faleceu no activo por lhe ver recusada a reforma antecipada por doença incurável e, há 15 dias, o de outro professor; depois de a Ordem dos Médicos alertar para a necessidade de as juntas terem só médicos e não fazerem depender as suas decisões de critérios administrativos e financeiros; depois de os deputados do PS terem acedido a estudar como funcionam essas juntas; e depois de a ministra da Educação ter falado em aproveitamento político quando foi instada a pronunciar-se sobre os casos, o primeiro-ministro veio dar uma carga política à questão. E dizer-se chocado ao ponto de ordenar uma auditoria a todos os processos da Caixa Geral de Aposentações.
"Eu fiquei tão chocado como a opinião pública com esses dois casos e penso que não se devem repetir", disse ontem José Sócrates. Casos que "merecem resposta política", apesar de não competir ao Governo a decisão sobre baixas.
O primeiro-ministro afirmou ter dado "orientações ao Ministério das Finanças" para as auditorias "a todas as juntas médicas da área da Caixa Geral de Aposentações" (CGA) mal soube dos casos. E promete agora que a lei vai impedir que nenhuma junta terá membros não médicos e que a CGA lhes dará apoio técnico mas "não participará em nenhuma das decisões".
Esta sugestão fora já deixada pela OM, cujo bastonário vem agora "aplaudir" o anúncio de Sócrates. "O que o nosso país precisa é de auditorias", disse Pedro Nunes ao JN. Recorde-se que as juntas da CGA (que gere as reformas da Função Pública) são compostas por médicos do quadro ou contratados e têm as decisões validadas pelo médico-chefe do organismo.
A intervenção do primeiro-ministro no processo foi já aproveitada pelo CDS-PP, que vai pedir uma audição pública com pessoas envolvidas em casos semelhantes aos dos dois docentes, médicos e intervenientes em juntas e com especialistas em gestão da administração pública. De acordo com o deputado popular Pedro Mota Soares, pretende-se perceber "que tipo de alteração se impõe se nas próprias juntas médicas, se na legislação, ou, apenas numa coisa mais simples: a validação dada pelas autoridades". A iniciativa surge depois de o CDS ter sido acusado pela ministra da Educação de aproveitar politicamente o caso dos dois docentes. "A ministra nem reconheceu a gravidade da situação. Foi preciso o primeiro-ministro vir hoje reconhecê-la e dizer que são necessárias alterações", disse ao JN o deputado, que recebeu "várias queixas e denúncias anónimas de histórias relativamente semelhantes".
Caixa Geral de Aposentações recusa reforma a professora com cancro na língua
in Público (17.10.2007) - notícia aqui
A Caixa Geral de Aposentações (CGA) recusou a reforma por invalidez a uma professora de 50 anos a quem foi retirada parte da língua devido a um cancro, anulando uma decisão da junta médica que a tinha declarado permanentemente incapaz.
Em declarações à Lusa, Conceição Marques, professora do primeiro ciclo na escola básica da Regedoura, em Ovar, explicou que, em 2003, foi-lhe diagnosticado um cancro na língua, tendo sido submetida, em Abril do mesmo ano, a uma cirurgia para retirar uma parte substancial daquele órgão, o que a deixou com grande dificuldade em falar.
Na altura, foi-lhe dada uma baixa médica de 36 meses e, no final desse período, a Direcção Regional de Educação do Centro indicou-lhe que deveria pedir a aposentação por invalidez, um processo que se arrasta desde Novembro de 2005.
"Tenho muitas dores e uma grande dificuldade em falar, sobretudo depois de algumas horas a dar aulas. Às vezes, durante as aulas, fico com lesões na língua, que começa a sangrar, e tenho de pedir a alguma colega ou funcionária da escola para ficar com as crianças", contou a docente.
CGA anula decisão de junta médica
Em Agosto do ano passado, Conceição Marques, que lecciona há 29 anos, foi chamada à primeira junta médica, que a declarou permanentemente incapaz para o exercício das funções, tendo-lhe sido atribuída a aposentação por invalidez.
No entanto, essa decisão acabou por ser anulada pela própria CGA, que alegou que tinha havido um erro no preenchimento dos relatórios por parte da junta médica.
Perante o incidente, a professora pediu uma junta médica de revisão, para a qual foi chamada já em Agosto deste ano. Na sequência da mesma, a CGA notificou-a para ir a uma consulta de otorrinolaringologia numa clínica do Porto, marcada para ontem, mas, quando lá chegou, disseram-lhe que não havia qualquer marcação e que a consulta não poderia ser realizada por ausência do médico.
"Não aguento mais dar aulas"
Conceição Marques tem agora uma nova consulta agendada para 23 de Outubro, mas, perante o arrastar da situação e os vários incidentes do processo, lamenta que a Caixa Geral de Aposentações "ande a brincar" com a sua vida.
"Não aguento mais dar aulas. Estou física e psicologicamente arrasada. Se eu morrer fico mais barata à CGA", afirmou a docente.
A indignação de Conceição Marques é ainda maior porque nunca tinha requerido baixas médicas ou a reforma, mesmo quando, antes deste processo, lhe foram diagnosticados outros dois cancros.
Em Julho de 1997, um cancro da mama obrigou-a a fazer uma mastectomia radical, retirando todo o seio direito, e quatro meses depois foi-lhe diagnosticado um outro tumor maligno no útero, o que levou à extracção daquele órgão e dos ovários.
"Mantive sempre a minha vida profissional sem alteração. Mesmo nos dias da quimioterapia, nunca faltei e nunca pus baixa médica", assegura a professora.
Hoje, no entanto, a situação é diferente. Conceição Marques afirma "não aguentar mais" e lamenta "não ser capaz" de dar aos seus 21 alunos do primeiro ano "tudo aquilo que merecem, inclusivamente estabilidade emocional".
"Não compreendo o que me estão a fazer. Não se faz a mim, mas também não se faz a estas crianças", considerou Conceição Marques.
Sindicato "exige que a tutela analise os casos"
A situação indignou o Sindicato dos Professores da Zona Norte, que "exige que a tutela analise os casos que envolvem a aposentação de docentes, concretamente no que toca à apreciação e decisão das juntas médicas".
"Já após o conhecimento de inúmeros casos de clara injustiça, onde docentes são obrigados a trabalhar em clara inferioridade física e psicológica, existem hoje situações que não foram alteradas e que, pelo contrário, se mantêm num impasse e seguem até contornos pouco claros", refere o sindicato, em comunicado.
A Lusa contactou o Ministério das Finanças, responsável pela Caixa Geral de Aposentações, mas não obteve resposta até ao momento.
Em Julho, o primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou uma auditoria a todas as juntas médicas da CGA e mudanças na legislação que regula a sua composição.
A decisão surgiu na sequência da divulgação pública dos casos de uma professora de Aveiro com leucemia e de um docente de Braga com cancro na traqueia que trabalharam nas escolas praticamente até à data da morte, depois de lhes serem negados os respectivos pedidos de aposentação.
"Eu fiquei tão chocado como a opinião pública ficou com esses dois casos e penso que não se devem repetir", afirmou, na altura, José Sócrates.
Com a revisão da composição das juntas médicas, aprovada a 12 de Julho, o Governo definiu que estas passavam a ser exclusivamente constituídas por médicos e aumentou os direitos de recurso por parte dos requerentes de processos de verificação de incapacidade.
Chernes e ornitorrincos
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 18/10/2007)
“A prova de que Deus tem sentido de humor é o ornitorrinco”, Woody Allen
A atribuição de características humanas a seres vivos ou a elementos naturais – antropomorfismo – é recorrente na literatura, pintura ou na linguagem do dia-a-dia. O inverso – zoomorfismo – que é designar ou conceder singularidades animais a pessoas ou instituições humanas, é frequente na vida política portuguesa. O mais recente caso compara a situação do maior partido da posição ao ornitorrinco – Ornithorhynchus anatinus.
Pacheco Pereira, no seu livro “O Paradoxo do Ornitorrinco – textos sobre o PSD” deve, e digo deve pois não li o livro, discorrer sobre o aparente caos em que o PSD parece estar mergulhado.
Mas quais os motivos pelos quais o ornitorrinco exerce um fascínio tão grande?
Apesar de mamífero, as fêmeas ornitorrinco colocam ovos sendo as crias posteriormente alimentadas com o leite materno. Este animal apresenta ainda a mandíbula semelhante a um bico de pato, morfologia ímpar entre os mamíferos, morfologia que está na justificação etimológica do seu nome científico Ornithorhynchus – focinho de ave.
É esta amálgama de particularidades reptilianas, avianas e mamiferóides que contribuem para que este monotrémato – grupo de mamíferos primitivos a que pertence o ornitorrinco – desempenhe um papel quase mitológico no imaginário colectivo.
Num dos capítulos de “A Feira dos Dinossáurios” do paleontólogo e historiador da Ciência Stephen Jay Gould, é feita a resenha histórica de como os naturalistas dos sécs. XVIII e XIX observavam o ornitorrinco. Primitivo, ineficiente e imperfeito foram alguns dos adjectivos utilizados então para descrever o mamífero australiano. A Natureza, para aqueles cientistas, deveria apresentar divisões claras e inequívocas na sua diversidade de formas. Estas divisões seriam o resultado da sabedoria divina.
A miscelânea morfológica do ornitorrinco originava, assim, acesos debates não só biológicos mas também teológicos.
Os monotrématos (como o ornitorrinco) divergiram evolutivamente das linhagens de mamíferos marsupiais (como o canguru) e placentários (como o ser humano) há mais de 100 milhões de anos. Assim, sempre se pensou que estariam desprovidos da fase REM do sono (nos humanos a fase do sono em que se sonha) pois esta seria uma característica moderna. Um estudo de 1998 veio desmentir aquela suposição – o ornitorrinco apresenta sono REM. A quem interessar…
O aparente paradoxo, seja político, morfológico ou outro, materializado na forma do ornitorrinco, assenta na errada premissa evolutiva de que os organismos não devem apresentar fusão de características – um animal não deveria colocar ovos e alimentar as suas crias com leite produzido por glândulas mamárias, entre outras.
Gould contrapõe que é precisamente essa amálgama de especificidades que teriam concedido ao ornitorrinco vantagens evolutivas.
Um outro caso de zoomorfismo político envolveu, no passado recente, um conhecido político português e o poema de Alexandre O'Neill:
Sigamos o cherne, minha amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Adivinhem quem é…
Imagens (fontes) - links nas imagens
quinta-feira, outubro 18, 2007
O Que Há Para Negociar ou Avaliar Com Gente Desta?
Também eu me distrai com a história das grelhas de avaliação e todo aquele rendilhado para preencher, quando afinal nada daquilo interessa caso tenhamos um acidente ou um percalço imprevisto e formos obrigados a faltar a um bloco ou dois de aulas e não o pudermos repor ou permutar.
Como se determina no número 7 do artigo 22º do decreto que está em “negociação” quem não der 100% das suas aulas nos diversos anos escolares em que for avaliado não poderá ter Excelente. O que significa que se eu apanhar qualquer doença nunca poderei ser excelente se faltar a um dia de aulas e não o conseguir substituir em todas as turmas. Ou quem fique encravado no trânsito. E já nem falo nas situações de gravidez.
Nem sei para que está lá no n.º 6 a previsão de quotas para as classificações. Com este regime é impossível a quem tenha uma vida normal, com percalços, familiares doentes que é preciso acompanhar, crianças sempre susceptíveis de adoecerem ou criarem situações de emergência, compromissos inadiáveis, chegar ao Excelente, a menos que mendigue permutas ou ande a dar aulas extra. Porque as substituições não chegam, mesmo que seja com planos de aula.
Não é que pretenda obter tal classificação, porque espero faltar mesmo só porque sim, por puro e simples mau feitio, mas já fui obrigado a recusar ir à cerimónia de entrega dos diplomas e medalhas de doutoramento na Universidade de Lisboa, assim como deixei de poder comparecer às reuniões de uma unidade de investigação a que pertenço na FCSH da Universidade Nova, pois sou um dos que têm o ME como tutela.
As minhas situações ainda são males menores, mas há outras (casos de doenças ou acidentes com alguma duração que impedem um sistema de permutas, em especial se acontecerem perto do final do ano lectivo) para as quais são incompreensíveis tais consequências, sendo absolutamente vergonhoso, indigno e mesmo asqueroso que isto seja implementado por gente que no passado teve um desempenho pessoal duvidoso exactamente na área da assiduidade. Tenha ou não a coisa sido lavada com legislação ou pareceres mais ou menos à medida.
Sendo que depois são esses que mandam para a comunicação social as bocas off the record sobre a falta de assiduidade dos professores ou que o que eles querem é faltar.
Recordemos o currículo de um certo SE lá pelas suas terras de origem ou mesmo as faltas da Ministra a reuniões em Bruxelas, logo em 2005, quando a imprensa se distraiu e noticiou tais ausências (tenho esse Expresso ainda guardado).
HAJA VERGONHA!
O Regresso do Professor(a) Como Missionário(a)
Não sei se já terão reparado como a política deste Governo em prol da natalidade está pensada de forma a não incluir os docentes nos incentivos à procriação.
Efectivamente, os docentes que ousarem procriar a quiserem beneficiar dos direitos paternais a que têm legalmente direito, verão quaisquer possibilidades de avaliação e progressão na carreira irremediavelmente comprometidas.
Uma professora que fique grávida, por exemplo, duas vezes num espaço de tempo que apanhe quatro anos lectivos e desfrute da natural licença de maternidade para cada uma das situações, verá a sua avaliação suspensa, o que para todos efeitos corresponde a um congelamento.
Um professor que seja pai e pretenda gozar os dias de licença correspondentes, caso não queira ver a sua avaliação prejudicada pelas faltas correspondentes, terá de repor todas as aulas que não der, mesmo que deixe todas as actividades planificadas com planos para as respectivas substituições.
Ou seja, sendo a licença destinada a atribuir um direito especial à paternidade, de acordo com o ME deve ser um “privilégio” a remover, pois o docente deve, na prática, dar exactamente as mesmas aulas. O que, na prática, significa que não gozará qualquer licença.
Estas situações, bem concretas e não caricaturais, estão em cima da mesa para aprovação pelo ME, exactamente quando o PM se arvora em campeão das políticas de natalidade. Há uns tempos, com a infelicidade que se lhe reconhece quando fala sem guião, a Ministra da Educação justificava penalizações semelhantes nos concursos para professor-titular, com a justificação que esse(a)s docentes já não estariam em idade de ter filhos. Não sei se agora considera que isso se aplica a toda uma classe, independentemente da idade.
Se lhes recomenda mais o celibato ou a castidade, como forma privilegiada de manifestação da excelência para progressão na carreira. Ou se considerará que esses factores devem ser pesados por quem pensar seguir a via da docência, como afirmou para o caso do desemprego. Não é exagero nenhum afirmar que nem Salazar avançou tanto nesta via tristonha e reveladora de uma mentalidade tacanha e autista em relação aos direitos das professoras.
Mas estas são situações que não atentam apenas sobre direitos adquiridos dos professores, atentam contra direitos adquiridos nas sociedades ocidentais democráticas que gostam de se apresentar como modelos para o resto do mundo.
E não são situações que, de modo algum, sejam significativas para o combate ao insucesso ou abandono escolar. Ou que, sequer, tenham relevo em matéria de combate ao défice orçamental.
São apenas sinais de uma profunda arrogância e desrespeito pelos indivíduos, enquanto cidadãos plenos. São quase apenas manifestações de despeito e desforço para com uma classe profissional.
E são obviamente situações de constitucionalidade mais do que duvidosa. Será por isso que agora acham que devem mudar a Constituição?
Posted by Paulo Guinote under Abusos de Poder, Avaliação, Carreira, Educação, Vergonhas
120 anos da AAC
A Associação Académica de Coimbra (AAC) nasceu, há 120 anos, como uma fonte de cultura. De então para cá as formas culturais que dela emanam não tem parado de aumentar e de se diversificar. O C no final de AAC bem podia ser de Cultura!
Com efeito, a origem da AAC está intimamente ligada a uma antiga manifestação cultural – o teatro – relacionam-se com o sítio onde é hoje a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Foi em 1887 que foram escritos os primeiros Estatutos da que é uma das mais antigas associações de estudantes do mundo. Mas tinha sido cinquenta anos antes, em 1837, que um grupo de estudantes, professores e antigos estudantes fundou, na sequência da apresentação de uma peça de Almeida Garrett, a Academia Dramática no edifício do Colégio de São Paulo. Essa Academia Dramática veio a dar origem a duas das mais fortes e duradoiras instituições culturais do país, que aí tiveram as suas sedes. Por um lado surgiu o Instituto de Coimbra, formado por professores, ao qual os estudantes chamavam “Clube dos Lentes” e que foi formalizado em 1852 (curiosamente o espólio bibliográfico e documental dessa instituição que evanesceu depois da Revolução de 1974 deu há pouco entrada na Biblioteca Geral). E, por outro lado, em 1866 os estudantes fundaram, com base num clube académico anterior, o Clube Académico e Dramático, que viria a dar origem à actual Associação. Depois de ter andado por outros sítios, a Associação Académica voltou ao sítio onde é hoje a Biblioteca Geral e onde outrora funcionou o Teatro Académico (um dos fundadores foi o pai de Eça de Queirós). Em 1913, o Senado Universitário concedeu à AAC – que já então incluía o Orfeon (cuja primeira apresentação foi em 1880 quando se comemoravam os trezentos anos da morte de Camões) e a Tuna Académica (fundada em 1888, sob o nome de Academia Musical de Coimbra) - o rés-do-chão do Colégio de São Paulo, onde também estava instalado o “Clube dos Lentes”. A relação entre as duas instituições não foram as melhores, como aliás se compreende: o academismo e a “gravitas” do Instituto contrastavam com a juventude e a irreverência que sempre foram uma marca da Associação Académica. É bem conhecido que o Largo da Porta Férrea, diante da Porta Férrea e também da porta da actual Biblioteca, tem sido desde esses tempos palco de manifestações estudantis.
A cultura da Associação Académica foi, portanto, no início uma forte componente de música. Tanto Orfeon como a Tuna têm largas tradições e albergaram grandes nomes da cultura portuguesa: bastará dizer que ao Orfeon pertenceram Artur Paredes, José Afonso, Viana da Mota, Vitorino Nemésio, Vitorino de Almeida, etc. O Coro Misto da Universidade de Coimbra foi fundado em 1955 e o Grupo de Etnografia e Folclore da Universidade de Coimbra (GEFAC) foi fundado em 1966.
Mas o teatro foi revigorado com a fundação em 1938 do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (o famoso TEUC, ligado ao nome de Paulo Quintela e cujas actividades incluíram as Bienais de Teatro Universitário – BUC) em 1956 do Centro de Iniciação ao Teatro da Universidade de Coimbra (CITAC), fundado por um movimento de dissidência (está agora a comemorar os cinquenta anos e é curioso referir a ligação a ele de Rui Vilar, actual Presidente da Fundação Gulbenkian).
A AAC foi também sede de actividades de artes plásticas – O Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (um organismo autónomo tal como todos os outros antes indicados, um sinal de que a AAC sabe garantir a liberdade cultural no seu seio) foi fundado em 1958; de actividades cinéfilas – o Centro de Estudos Cinematográficas foi fundado em 1958; de fotografia – o Centro de Estudos de Fotografia, que esteve ligado aos famosos Encontros de Fotografia de Coimbra - foi fundado em 1964; mediáticas - a Rádio Universidade de Coimbra foi fundada em 1986 e a Secção de Jornalismo (refiram-se a revista “Via Latina”, que remonta a 1888, com a colaboração de António Nobre, e o actual jornal “Cabra”); de fado, cuja secção foi criada em 1980 e que tem dado origem a diversas formações; e de coleccionismo – a secção de Filatelia data de 1965.
E a cultura científica não foi esquecida: o grupo Ecológico data de 1976, o Centro de Informática de 1989 e a Secção de Astronomia, Astrofísica e Astronáutica de 1989. Pela indicação destas datas é bem visível a forte expansão das actividades culturais durantes os últimos vinte anos, o que não se fez nunca à custa da diminuição das actividades com maior tradição.
Pessoalmente estive envolvido como estudante nas actividades de uma secção desportiva da AAC – o xadrez – mas acompanhei as actividades das secções culturais. A Revolução de Abril de 1974, que vivi como estudante, foi uma data marcante para a AAC e para todos. Também estive então em vários plenários nos Jardins da AAC. Foram numerosos os espectáculos ligados de uma formas ou de outra à AAC a que assisti, como estudante ou professor, no Teatro Académico de Gil Vicente (vivo no meu espírito ficou particularmente um espectáculo de Carlos Paredes e a projecção de filmes de Charlie Chaplin logo após a sua morte). Lembro com saudade os Encontros de Fotografia de Coimbra, quando percorria à chuva vários locais da cidade, e a Bienal Universitária de Teatro, quando vi um espectáculo memorável nas Escadas Monumentais. É uma pena que esses grandes eventos tenham sido interrompidos... A minha experiência é, de resto, uma experiência partilhada com muitas outras pessoas que viveram ou vivem em Coimbra ou que vieram a Coimbra por causa da cultura. A AAC tem sido uma fonte permanente de cultura e, por isso, não é de admirar que tenha reagido em 2003, quando Coimbra foi designada “Capital Nacional da Cultura”, entre outras razões porque as actividades culturais da AAC não foram acolhidas e realçadas do modo que mereciam. Hoje tenho orgulho em colaborar com a “Cabra”, com a Rádio Universidade de Coimbra e a sua sucedânea TV-AAC, onde já estive em várias ocasiões, e a Secção de Astronomia, Astrofísica e Astronauta, com cujos membros já andei a ver estrelas. O meu modesto apoio traduz um reconhecimento e uma homenagem por uma obra ímpar de cultura.
Mas, como na AAC os estudantes são quem tem a palavra, dou a palavra aos estudantes. Nos 116 anos da AAC o então Presidente Miguel Duarte declarou a inaugurar uma mostra cultural: “Viver a Associação Académica de Coimbra é viver sem limites os seus anos carregados de sentimentos, de esperança, de criação, de participação, de entusiasmo, de experiências de cada um de nós e ao mesmo tempo de todos nós.(...) Viver a Associação Académica de Coimbra é descobrir todos os dias o poder que reside nas nossas ideias traduzidas na intensa produção artística e cultural das nossas secções.” Hoje, quando a AAC vai fazer 120 anos, essa mensagem continua tão verdadeira como oportuna.
quarta-feira, outubro 17, 2007
e-Learning - 4º curso Moodle
http://www.metododirecto.net/moodle/course/view.php?id=14
Se o e-Learning (aprendizagem por meio de redes electrónicas) é uma temática do seu interesse e pretende desenvolver competências em actividades de blended-learning (ensino misto), portfolio ou na dinamização de comunidades interactivas, inscreva-se neste curso e viva uma experiência enriquecedora de aprendizagem partilhada e de valorização pessoal:
http://www.metododirecto.net/moodle/mod/questionnaire/view.php?id=147
terça-feira, outubro 16, 2007
Conferências do GeoFCUL
17 de Outubro às 16.15 horas
Faculdade de Ciências - Universidade de Lisboa
por
Carlos Marques da Silva (GeoFCUL)
Sala 6.2.56 do Edifício C6
Adriano - 25 anos de saudade
Faz hoje 25 anos que o cantor Adriano Correia de Oliveira partiu. Uma hemorragia no esófago, fulminante, levou-o quando estava nos braços de sua mãe, ainda um jovem e com tanto para dar. Um dos melhores cantores de Coimbra e da canção de intervenção, uma voz única que deixa muitas saudades...
Adeus Adriano...!
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quinta-feira, outubro 11, 2007
Localização da Antiga Mina da Guimarota
- as opções Map (mapa), Sat (Satellite - fotografia área) e Hyb (Hybride - fotografia área com alguns aspectos marcados);
- a Escala (entre o + e -);
- a mudança da área visível (usar as setas ou o rato do PC - que aparece com aspecto de mão dentro do mapa - para mudar de localização visível).
View Larger Map
quarta-feira, outubro 10, 2007
Adiamento da ida à Mina da Guimarota
Foi com profunda tristeza que decidimos adiar a ida à Antiga Mina da Guimarota, pelo que vamos explicar o que fizemos previamente e o correu mal nos momentos finais que antecederam a visita.
Depois, já neste ano, eu e a Céu Machado, num dia em que não tínhamos aulas, fomos até à Mina (com um aluno de Geologia de 12º Ano) e, como esta tinha sido ventilada pela máquina do dono do terreno, pudemos descer até ao estrato com carvão (onde se localizavam as duas primeiras galerias laterais, quase totalmente entulhadas) que está actualmente um pouco acima do nível de água na mina. Para tal descemos cerca de 50 metros, havendo escadas (degraus) em bom estado, com a galeria coberta a cimento (bem conservada) e iluminação eléctrica - um luxo... Deu para fotografar, recolher amostras e ainda para negociar com o dono do terreno a ida à Mina em Setembro/Outubro de 2007.
Depois disso começámos a contactar diversas instituições para nos apoiarem na visita (NEL - Núcleo Espeleológico de Leiria, na segurança e eventual detecção de morcegos, Bombeiros Municipais de Leiria, na questão da segurança, e ainda a Câmara Municipal de Leiria e a Junta de Freguesia de Leiria, no apoio a Almoço dos Doutores presentes e recordações para todos os participantes). Todas estas instituições nos apoiaram sem reservas, o que é de louvar.
Aproximando-se a data da actividade, fui numa primeira pré-visita mostrar a um elemento do NEL (o arqueólogo da CML Pedro Ferreira, que serviu de elemento de ligação com a Câmara) a localização da Mina e o seu interior. Nesta primeira ida (em 04.10.2007) verificámos que o interior da Mina estava sem oxigénio (íamos ficando lá...). Depois, em 08.10.2007, voltei à Mina e tive a confirmação do dono de que podíamos ir à Mina em 13.10.2007, tendo sido informado de que o ventilador da mina estava avariado. Nessa altura optámos por levar um carro dos Bombeiros até à Mina, com equipamento de respiração autónoma e alguns medidores de gases (não detectaram monóxido de carbono mas que confiram que o ar na mina era irrespirável a partir de uma certa profundidade).
Depois, em nova conversa, o dono do terreno reafirmou que podíamos ir à Mina no próximo sábado 10 de Outubro, mas, infelizmente, que não queria carros no terreno e que não queria ninguém na Mina antes de sábado. Assim, na impossibilidade de analisar correctamente os gases presentes na Mina (e que o antigo Comandante dos Bombeiros Municipais de Leiria, Eng.º Cunha Lopes, nos garantiu incluirem gases sulfurosos, com ácido sulfúrico, o que nos suscita algumas dúvidas...), na impossibilidade de ventilar longamente a mina (viemos a saber mais tarde que o ventilador da mina ainda funciona mas o dono do terreno não nos autorizou a sua utilização...) e na impossibilidade de ter um veículo de socorro dos Bombeiros no local, optámos por adiar a actividade.
Vamos agora brevemente reunir com a Câmara Municipal de Leiria para que esta tente fazer um protocolo com o dono do terreno onde a Mina está e tentar ainda que o INETI (ou ex-INETI...) comunique por escrito à Câmara Municipal de Leiria a importância da Antiga Mina da Guimarota e da necessidade de se fazer uma visita à mesma com especialistas para desemperrarmos esta actividade.
Às pessoas que demonstraram interesse na actividade e se inscreveram nela resta-nos agradecer o interesse demonstrado e pedir desculpas por termos de adiar a actividade, restando-nos a esperança de que tudo isto ajude na futura classificação da Mina da Guimarota como Monumento Natural (ou Geomonumento ou Sítio Classificado, que a nós tanto nos faz a tipologia da classificação...) e a realização de mais estudos sobre a sua conservação e preservação.
Geo-Emprego
Caros subscritores
Para os recém-licenciados em Geologia (e afins) talvez seja interessante ter conhecimento que o Brasil constitui, actualmente, uma forte hipótese para conseguir trabalho na área, conforme se pode comprovar no texto que se segue.
Será que o nosso Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior está a par desta recente tendência? E os Reitores das Universidades?
Será inteligente estar a regular as vagas nas universidades apenas tendo em conta o quociente lucro/prejuízo a curto prazo?
Cumprimentos.
José Brilha
Dep. de Ciências da Terra da Univ. do Minho
Matéria do Jornal "Estado de Minas"
Falta de geólogo no mercado garante vagas aos recém-formados
Aquecimento do setor de mineração, petróleo e gás e metalurgia faz com que empresas disputem profissionais jovens. Salário inicial pode chegar a cerca de R$ 4 mil
Marta Vieira - Estado de Minas
Cristina Horta/EM
Carlos Barcelos, que acaba de se formar pela Ufop, foi contratado pela Companhia Vale do Rio Doce, onde pretende fazer carreira
Engenheiros de minas e geólogos recém-formados estão sendo disputados pelas empresas de mineração, de petróleo e gás e metalurgia. Não há desemprego nestes setores – pelo contrário, o que existe é uma farta oferta de trabalho e salários valorizados que, em alguns casos, chegam R$ 4 mil iniciais. Os sinais de aquecimento da economia já chegaram às salas de aulas dos cursos da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e da UFMG, classificados entre as escolas de maior prestígio no ramo. Os alunos têm recebido mais de uma proposta de emprego antes mesmo da formatura, reflexo dos programas de expansão da indústria da mineração e do petróleo em todo o país e no exterior.
Os 24 engenheiros de minas que se formaram há cerca de dois meses na UFMG já estão trabalhando tanto em empresas de mineração quanto em escritórios de projetos de engenharia, informa Armando Corrêa de Araújo, vice-chefe do Departamento de Engenharia de Minas. Outros 22 alunos que se formaram em julho e dezembro do ano passado já saíram da universidade empregados. A procura não se limita ao trabalho no Brasil. Multinacionais também têm buscado na escola profissionais para trabalhar nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Chile e Portugal.
"A forte procura por esses profissionais transformou-se numa tendência mundial nos últimos dois anos e tem levado grandes empresas a buscá-los na própria universidade, como fazem a Vale do Rio Doce, Votorantim Metais, AngloGold Ashanti e MMX (do empresário Eike Batista)", afirma Armando Araújo. O crescimento rápido da indústria mineral, principalmente, esbarra na escassez de profissionais qualificados, o que está trazendo, agora, novas oportunidades também para aposentados e trabalhadores na faixa dos 50 anos.
Na Ufop, 95 alunos formados desde 2005 nas engenharias de minas e geológica saíram da faculdade cobiçados por mais de uma empresa, segundo Marcone Janilson Freitas Souza, pró-reitor de Graduação. "Os próprios coordenadores dos cursos e chefes de departamento são procurados pelas empresas com vagas abertas nessas áreas", afirma. A escola de engenharia de minas e geológica da Ufop é a mais antiga do país, aberta em 1876.
Os salários oferecidos estão entre os mais valorizados para os profissionais da engenharia, de acordo com Hegel Botinha, diretor- comercial do Grupo Selpe, especializado em contratação e consultoria na área de recursos humanos, de Belo Horizonte. A remuneração de ingresso de um engenheiro de minas chega a R$ 4 mil e os que comprovam experiência de pelo menos três anos na função, podem receber de R$ 5 mil a R$ 6 mil.