Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque (
Batalha,
12 de novembro de
1855 -
Lisboa,
8 de janeiro de
1902) foi um oficial de
cavalaria português que ganhou grande fama em Portugal por ter protagonizado a captura do imperador
nguni Gungunhana em
Chaimite (
1895) e pela condução da subsequente
campanha de pacificação,
isto é de subjugação das populações locais à administração colonial
portuguesa, no território que viria a constituir o atual estado de
Moçambique,
e entre outras coisas uma das mais brilhantes figuras militares
portuguesas, herói de Chaimite e de Gaza, durante as gloriosas campanhas
de África (1894-1895), e um dos mais notáveis administradores
coloniais.
A espetacularidade da captura de Gungunhana e a campanha de imprensa
que se gerou aquando de sua chegada a Lisboa e subsequente exílio nos
Açores,
fizeram de Mouzinho de Albuquerque, malgrado alguma contestação ao seu
comportamento ético em Moçambique, uma figura muito respeitada na
sociedade portuguesa dos finais do
século XIX e inícios do
século XX. Era então visto pelos
africanistas como esperança e símbolo máximo da reação portuguesa à ameaça que o expansionismo das grandes potências
europeias da altura constituía para os interesses lusos em
África.
(...)
Foi condecorado com os graus de Grande-Oficial da
Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, Comendador da
Ordem Militar de Avis, Grã-Cruz da
Ordem do Império Colonial (a título póstumo a 14 de julho de 1932), Comendador da
Ordem da Águia Vermelha da
Prússia, Comendador da
Ordem dos Santos Maurício e Lázaro de
Itália, Comendador da
Ordem de São Miguel e São Jorge, da
Grã-Bretanha e Irlanda (com o inerente título de
Sir, que não podia usar por ser estrangeiro), Comendador da
Ordem de Leopoldo I da
Bélgica e Comendador da
Ordem de Carlos III de
Espanha, Oficial da
Ordem Nacional da Legião de Honra de
França, etc, etc.
Entre outros postos, foi nomeado, a
28 de setembro de
1898, para o Conselho de S.M.F., ajudante de campo efetivo do rei D.
Carlos I de Portugal, oficial-mor da Casa Real e aio do príncipe D.
Luís Felipe de Bragança.
A sua posição crítica face à política e aos políticos da sua época e os
rumores sobre a seu comportamento desumano durante as campanhas em
África, levaram a que fosse progressivamente ostracizado e envolvido num
crescente clima de intriga.
Incapaz de, pela sua própria formação militar rígida e pelo feitio
orgulhoso, de resistir ao clima de intriga acerca do seu comportamento
em África e à decadência em que a monarquia agonizava, Mouzinho de
Albuquerque preparou minuciosamente a sua morte, suicidando-se no
interior de um
coupé, na
Estrada das Laranjeiras, no dia
8 de janeiro de
1902.
Patrono da Cavalaria
A memória de Mouzinho de Albuquerque foi
repristinada durante o
Estado Novo, sendo apontado como o exemplo do herói da expansão colonial portuguesa e da heroicidade da
missão civilizadora que se apontava como justificação para a dominação colonial. Essa heroicidade foi acentuada durante a
Guerra Colonial pelo que, pelos seus valorosos feitos em África, o
major de
cavalaria Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque foi feito patrono da Arma de
Cavalaria do
Exército Português, sendo apontado como um exemplo para os militares que servem naquela Arma.
Numa tradição que ainda se mantém, sempre que uma força de
cavalaria é destacada em missão no estrangeiro, em cerimónia solene é entregue ao comandante da força o
Quadro Mouzinho. Sempre que não haja uma força de cavalaria destacada o
Quadro Mouzinho regressa a casa-mãe da
cavalaria, a
Escola Prática de Cavalaria,
local onde se encontram importantes peças do seu espólio. Um busto em
cera, moldado da face do próprio Mouzinho aquando da sua morte, está no
Museu do
Regimento de Lanceiros n.º 2.