Brasão de D. Sancho II
Guerra Civil, Deposição e Morte
O isolamento político de Sancho II começa provavelmente em 1232,
estando o reino com conturbações internas; Afonso de Castela entra nesse
ano pelo Norte do reino em defesa de Sancho II. Resigna também em Roma o
bispo de Coimbra, Pedro, aliado de Sancho.
D.
Afonso, irmão mais novo de Sancho, denuncia em 1245 o casamento de Sancho com Mécia. Nesse mesmo ano a Bula
Inter alia desiderabilia prepara a deposição
de facto do monarca. O papado, através de duas Breves, aconselha
Afonso,
Conde de Bolonha, a partir para a Terra Santa em Cruzada e também que
passe a estar na Hispânia, fazendo aí guerra ao Islão. A 24 de julho, a
Bula
Grandi non immerito depõe oficialmente Sancho II do governo do reino, e Afonso torna-se regente. Os fidalgos levantam-se contra Sancho, e
Afonso
cede a todas as pretensões do clero no
Juramento de Paris, uma
assembleia de prelados e nobres portugueses, jurando que guardaria todos
os privilégios, foros e costumes dos municípios, cavaleiros, peões,
religiosos e clérigos seculares do reino. Abdicou imediatamente das suas
terras francesas e marchou sobre Portugal, chegando a Lisboa nos
últimos dias do ano.
Em 1246,
Afonso
segura Santarém, Alenquer, Torres Novas, Tomar, Alcobaça e Leiria;
Sancho II fortifica-se em Coimbra. A Covilhã e a Guarda ficam nas mãos
de
Afonso.
Sancho II procura a intervenção castelhana na guerra civil, depois da
conquista de Jaén. Assim, o infante Afonso de Castela entra em Portugal
por Riba-Côa a 20 de dezembro, tomando a Covilhã e a Guarda e devastando
o termo de Leiria, derrotando a 13 de janeiro de 1247 o exército do
Conde de Bolonha. Apesar de não ter perdido nenhuma das batalhas contra o
irmão do Rei de Portugal, Afonso de Castela decide abandonar a empresa,
levando consigo para Castela D. Sancho II, visto que a pressão
da Santa Sé aumentava. Embora no Minho continuem partidários de Sancho
II e fiquem no terreno as guarnições castelhanas no castelo de Arnoia
(seu grande apoiante e anticlerical), o caso encontra-se perdido. D.
Sancho II redige o seu segundo e último testamento enquanto exilado em
Toledo a 3 de janeiro de 1248, e morre a 4 desse mesmo mês. Julga-se que
os seus restos mortais repousem na
catedral de Toledo.
Afonso III declara-se Rei de Portugal em 1248, já após a morte do seu irmão mais velho, Sancho.
Martim de Freitas, alcaide de Coimbra, faz abrir o túmulo de Sancho II para verificar a sua morte