Talleyrand demonstrou admirável capacidade de sobrevivência política,
ao ocupar altos cargos no governo revolucionário francês, sob
Napoleão, durante a restauração da
monarquia dos
Bourbons e sob o Rei
Luís Filipe.
Embora de ascendência aristocrática, ele não pôde seguir a carreira
militar por causa de um defeito físico, e, opcionalmente, foi preparado
para a carreira religiosa e, como seminarista, estudou teologia e leu a
obra dos filósofos progressistas contemporâneos.
Expulso do seminário, em
1775, por não seguir as regras do celibato, mesmo assim recebeu as ordens menores e o Rei nomeou-o Abade de
Saint-Denis, em
Reims (
1776). Ordenado (
1779),
foi nomeado vigário-geral pelo tio Alexandre, arcebispo de Reims e, um
ano depois, tornou-se agente geral do clero junto do governo da
França.
Defensor dos privilégios eclesiásticos, as suas atividades puseram-no em
contato direto e frequente com os ministros da coroa, o que lhe permitiu
adquirir experiência parlamentar e ser consagrado, em
1788, como
Bispo de
Autun.
Durante o período pré-revolucionário, foi membro do
Clube dos Trinta.
Apoiou depois a nacionalização dos bens da igreja e conseguiu a adoção
da constituição civil do clero que, sem o apoio papal, permitiu a
reorganização completa da Igreja francesa ao serviço do Estado.
Com o objetivo da pacificação da Europa, esforçou-se por articular
uma política de alianças com as principais potências europeias e
promoveu a reconciliação de
Napoleão com o resto da Europa. No entanto, por discordar do projeto de conquistas do Imperador, demitiu-se (
1807). Apoiado pelo Czar
Alexandre I da Rússia, organizou a oposição a
Napoleão e preparou a restauração dos Bourbons.
Com a entrada da liga antinapoleónica em
Paris (
1814), persuadiu o
Senado a estabelecer um governo provisório e a declarar Napoleão deposto. O novo governo imediatamente convocou
Luís XVIII, que o nomeou ministro das Relações Exteriores. No
Congresso de Viena (
1814-
1815), representou a
França e expôs as suas habilidades diplomáticas, mas prejudicou a
França em termos territoriais, pois aceitou ceder à
Prússia a maior parte da margem esquerda do
rio Reno.
Acusado em vida de cínico e imoral, alegava servir à França, e não aos regimes políticos. Foi, ao lado de
Fouché, uma das figuras mais polémicas da França.
Armas do Príncipe de Talleyrand durante o I Império
Armas do Príncipe de Talleyrand (na monarquia restaurada)