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sexta-feira, novembro 21, 2025

O poeta Luís Filipe Castro Mendes nasceu há 75 anos...!

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Luís Filipe Carrilho de Castro Mendes (Idanha-a-Nova, Idanha-a-Nova, 21 de novembro de 1950) é um diplomata, escritor, poeta, ficcionista e político português.

Foi ministro da Cultura do XXI Governo Constitucional de Portugal de abril de 2016 a outubro de 2018.
 

Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (1974), seguiu a carreira diplomática, desenvolvendo a partir de 1975 a sua atividade, sucessivamente em Luanda, Madrid e Paris.

Estreou-se cedo como poeta (1965-1967), ao publicar poemas no suplemento juvenil do Diário de Lisboa e no suplemento literário do diário República. Começou a publicar poesia em livros na década de 80. Recados (1983) é uma “obra onde se impõem desde logo duas das mais marcantes características da sua poesia: o virtuosismo no tratamento de formas poéticas tradicionais e a intertextualidade”.

Desde 2022, é sócio correspondente da Classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa (1.ª Secção - Literatura e Estudos Literários).

 

in Wikipédia





ANUNCIAÇÃO



Não fujo ao poema.
Espero-o com a alegria de quem caminha
sobre brasas e destroços
e dele espero a música, toda a música
que não sei dar nem receber.

Antes de fechar as contas, digo eu,
espero o poema
como um riso atrás da cortina
da vida.


 

 Luís Filipe Castro Mendes

quinta-feira, novembro 21, 2024

O poeta Luís Filipe Castro Mendes nasceu há 74 anos

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Luís Filipe Carrilho de Castro Mendes (Idanha-a-Nova, Idanha-a-Nova, 21 de novembro de 1950) é um diplomata, escritor, poeta, ficcionista e político português.

Foi ministro da Cultura do XXI Governo Constitucional de Portugal de abril de 2016 a outubro de 2018.

 

in Wikipédia


DO MEDO

 

1 

Não pode o poema 
circunscrever o medo, 
dar-lhe o rosto glorioso 
de uma fábula 
ou crer intensamente na sua aura. 
Nós permanecemos, quando 
escurece à nossa volta o frio 
do esquecimento 
e dura o vento e uma nuvem leve 
a separar-se das brumas 
nos começa a noite. 

Não pode o poema 
quase nada. A alguns inspira 
uma discreta repugnância. 
Outras vezes inclinamo-nos, reverentes, ante os epitáfios 
ou demoramo-nos a escutar as grandes chuvas 
sobre a terra. 
Quem reconhece a poesia, esse frio 
intermitente, essa 
persistência através da corrupção? 
Quase sempre a angústia 
instaura a luz por dentro das palavras 
e lhes rouba os sentidos. 
Quase sempre é o medo 
que nos conduz à poesia. 




Voltando ao medo: as asas 
prendem mais do que libertam; 
os pássaros percorrem necessariamente 
os mesmos caminhos no espaço, 
sem possibilidades de variação 
que não estejam certas com esse mesmo voo 
que sempre descrevem. 

Voltando ao medo: o poema 
desenha uma elipse em redor da tua voz 
e cerca-se de angústia 
e ervas bravias — nada mais 
pode fazer. 


in A Ilha dos Mortos
(1991) - Luís Filipe Castro Mendes