Filho de
Manco Inca (também conhecido como
Manco Capac II), foi feito sacerdote e guardião do corpo do seu pai.
Túpac Amaru assumiu o
título de
supa inca, na época em que o
Império Inca já havia perdido a sua capital,
Cusco, e se resumia apenas à região de
Vilcabamba, dezenas de quilómetros a norte de Cusco.
Ascensão
Túpac Amaru assumiu como
Inca de Vilcabamba depois que o seu meio-irmão, o inca
Titu Cusi, morreu em
1570 . Os incas acreditavam que o seu meio-irmão tinha sido forçado a admitir
missionários agostinianos em
Vilcabamba
e que os espanhóis o haviam envenenado. Nestes tempos os espanhóis
ainda não tinham sido avisados da morte do ex-Inca e tinham enviado como
faziam rotineiramente embaixadores para continuar as negociações em
curso. Um deles foi o conquistador
Atilano de Anaya que, depois de atravessar a ponte de
Chuquisaca, foi capturado e executado, juntamente com a sua escolta pelo general inca
Curi Paucar. Ao ser informado dessa notícia pelo padre de Amaybamba, o novo
vice-rei do Peru,
Francisco de Toledo, decidiu submeter pela força o
Reino de Vilcabamba, apelando para a justificativa de que
os incas tinham quebrado a lei inviolável de todas as nações do mundo: o respeito pelos embaixadores, o vice-rei declarou formalmente a guerra em
14 de abril de
1572.
A guerra final com a Espanha
Para liderar a expedição de conquista foi contratado o conquistador
Martín Hurtado de Arbieto e como mestre-de-campo foi nomeado
Juan Alvarez Maldonado, como tenente-real e secretário
Pedro Sarmiento de Gamboa. As
tropas sob o seu comando eram compostas de várias peças de artilharia,
250 soldados espanhóis e 2.500 aliados nativos, entre os quais 1.000
Cañaris, inimigos mortais dos Incas rebeldes. Para a defesa de Vilcabamba,
Túpac Amaru tinha cerca de 2.000 soldados dos quais 600 ou 700 eram guerreiros
antis (chamados
chunchos pelos incas de Cusco), sobre os quais o falecido
Titu Cusi dizia aos espanhóis, fingida ou verdadeiramente, que os mesmos ainda praticavam o
canibalismo. Entre os seus generais estavam
Hualpa Yupanqui,
Parinango,
Curi Paucar e
Coya Topa.
Para atacar a cidadela inca,
Hurtado de Arbieto dividiu seu exército em dois grupos, o primeiro, sob o seu comando direto atacaria por
Chuquichaca, enquanto a segunda coluna, comandada por
Arias de Sotelo, atacaria por
Curahuasi. Ocorreram várias escaramuças, mas somente uma única grande batalha que teve lugar em
Choquelluca,
nas margens do rio Vilcabamba. Os incas atacaram primeiro com muita
garra, apesar de parcamente armados, mas os espanhóis e os seus aliados
indígenas foram capazes de resistir. Nesta batalha ocorreu uma luta
pessoal e desarmada entre o capitão inca
Huallpa e o comandante
Garcia de Loyola,
quando o comandante espanhol estava em apuros depois ter recebido
vários golpes diretos e estar prestes de cair de um barranco, um de seus
homens traiçoeiramente disparou nas costas do inca, matando-o e
causando um clima de indignação que reacendeu a luta.
Durante a batalha, por um momento, os espanhóis estiveram prestes a
serem dominados pelos guerreiros incas, mas, de repente, estes
abandonaram a luta depois que os seus generais
Maras Inga e
Parinango foram mortos por projeteis de
arcabuzes.
No final da batalha os espanhóis capturaram a cidade e o
Palácio de Vitcos, ao se aproximarem da cidadela de
Tumichaca foram recebidos pelo seu comandante
Puma Inga, que se rendeu e disse que a morte do embaixador espanhol
Anaya fora responsabilidade de
Curi Paucar e outros rebeldes. Em
23 de junho, caiu ante a artilharia espanhola o último foco de resistência Inca, o forte de
Huayna Pucará, os nativos tinham-no construído recentemente e era defendido por 500 arqueiros
antis. Os restos do exército Inca, agora em retirada, optaram por abandonar
Vilcabamba, a sua última cidade e dirigiram-se a selva para reagrupar. Em
24 de junho os espanhóis tomaram posse de
Vilcabamba. Nesta ocasião
Sarmiento dirigiu as solenidades, levantou o estandarte real, o levou até a praça principal e proclamou:
- Eu, o capitão Pedro Sarmiento de Gamboa, tenente-general deste campo, sob mandado do ilustre senhor Martín Hurtado de Arbieto, General, tomo posse desta cidade de Vilcabamba de sua região, províncias e jurisdição.
A Captura de Túpac Amaru
Enquanto isso ocorria
Túpac Amaru, acompanhado por seus guerreiros, havia deixado
Vilcabamba no dia anterior e rumado a oeste, pelas matas das
várzeas.
O seu séquito, que incluía os seus generais e membros da sua família,
foram divididos em pequenos grupos, numa tentativa de evitar que fossem
presos todos juntos na perseguição.
Grupos de soldados espanhóis e guerreiros indígenas foram enviados para
caçá-los, ocorrendo escaramuças sangrentas com a escolta do Inca. Um
dos grupos espanhóis enviados capturou a esposa e filho de
Wayna Cusi. Um segundo voltou sem encontrar nada. Um terceiro ao regressar voltou com dois irmãos de
Tupac Amaru, outros parentes e os seus generais. Mas o
Inca e o seu comandante permaneciam soltos.
A perseguição continuou, um grupo de quarenta soldados escolhidos a dedo saiu atrás de
Tupac Amaru e
Curi Paucar. O grupo seguiu o
Rio Masahuay por 275 quilómetros, onde encontraram um
tambo com ouro e pratos. Os espanhóis capturaram um grupo de
antis e os forçaram a contar o que tinham visto, e eles relataram que ele tinham visto o
Inca rio abaixo num barco. Os espanhóis construíram 20 balsas e continuaram a perseguição.
Ao chegarem às terras
Momorí os espanhóis descobriram que
Tupac Amaru
tinha ancorado e continuou a sua fuga por terra. Eles continuaram com a
ajuda de indígenas da região, que mostraram a rota pela qual os incas
seguiram e avisaram que
Tupac estava seguindo lentamente porque
a sua esposa estava prestes a dar à luz. Após uma marcha de cerca de 80
quilómetros, os espanhóis viram uma fogueira, por volta das nove horas
da noite. Encontraram
Tupac Amaru e a sua esposa, aprisionando-os.
Os cativos foram trazidos de volta para as ruínas de
Vilcabamba e de lá entraram foram conduzidos para Cusco. Os vencedores também trouxeram os restos mumificados de
Manco Capac e
Titu Cusi e a estátua de ouro de
Punchao,
a mais preciosa relíquia da linhagem inca que continha os restos
mortais dos corações dos incas falecidos. Estes objetos sagrados foram
destruídos de seguida.
Execução
Os cinco generais incas capturados foram acusados das mortes de Frei Diego Ortiz, de Pedro Pando e do embaixador Atilano de Anaya, receberam um julgamento sumário em que nada foi dito em sua defesa sendo condenados a serem enforcados por Gabriel de Loarte, magistrado da corte, e então governador da cidade de Cusco.
Os generais foram conduzidos pelas ruas até ao local de execução,
depois de serem torturados na prisão. Três não aguentaram até chegar ao
cadafalso, morrendo no caminho, e tendo o seu corpo colocado ao pé da
forca, os dois restantes, Curi Paucar e um índio chamado Huanca, foram pendurados ainda vivos.
Já o julgamento de
Tupac Amaru começou dois dias depois.
Condenado à decapitação pelo assassinato de sacerdotes em Urcos, dos
quais provavelmente era inocente. Muitos clérigos, convencidos dessa
inocência, imploraram de joelhos ao vice-rei para que o líder Inca fosse
enviado à Espanha, para ser julgado em vez de ser executado. No dia
24 de setembro de
1572,
Tupac Amaru foi conduzido pelas ruas de
Cusco entre o padre
Alonso de Baranza e o padre
Molina
tendo as suas mãos atadas. Uma multidão aguardava na praça, que era
guarnecida por cerca de 400 guardas com lanças. Em frente à catedral, na
praça central de Cuzco, uma plataforma havia sido erguida.
Tupac Amaru subiu ao cadafalso. Os índios lamentavam a sua sorte.
Tupac Amaru levantou calmamente as mãos e o silêncio e a imobilidade caíram sobre a multidão.
Tupac
falou e implorou para que a multidão nunca amaldiçoasse os seus filhos
por um mau comportamento, que os castigassem, mas nunca os
amaldiçoasse. Os sacerdotes tinham-no convencido de que a sua morte era
o desejo de Deus, pois uma vez tinha irritado a sua mãe e esta o
amaldiçoara com uma morte não natural. As suas últimas palavras dos
incas foram:
Ccollanan Pachacamac ricuy auccacunac yahuarniy hichascancuta.
Mãe Terra, testemunha como meus inimigos derramaram meu sangue. Ao proferir essas palavras colocou a cabeça no tronco e o carrasco, um índio
Canãri, tomou o cabelo de
Tupac numa mão e cortou a cabeça com um único golpe de
machete.
Ele ergueu a cabeça no ar para a multidão ver. Ao mesmo tempo, os
sinos igrejas e mosteiros da cidade tocaram. Uma grande tristeza se
abateu em todos os nativos presentes.
Legado
O seu bisneto
Tupac Amaru II liderou uma revolta, duzentos anos depois, e o seu nome e a sua história inspiraram o movimento revolucionário
Tupamaros.