Criado até os dez anos numa quinta no
Oklahoma, partiu para
Los Angeles no final dos
anos 30, quando começou a estudar
teoria musical. Chet Baker sempre foi influenciado pelo seu pai,
guitarrista, de quem herdou a paixão pela
música e de quem ganhou, aos 10 anos de idade, um
trombone, que substituiu mais tarde por um trompete. Amante do
jazz, não tardou em conquistar o sucesso, sendo apontado como um dos melhores trompetistas do
género logo com o seu primeiro disco.
Ainda bem jovem, passou a integrar grupos de renome da música americana da época. Os seus primeiros trabalhos foram com a
Vido Musso's Band e com
Stan Getz, porém Chet só conheceu o sucesso depois do convite de
Charlie Parker (
Bird), em 1951, para uma série de apresentações na
Costa Oeste dos Estados Unidos. Em
1952 entrou para a banda de
Gerry Mulligan, alcançando grande notoriedade com a primeira versão de
My Funny Valentine. Entretanto, por causa dos problemas de Gerry com as
drogas,
o quarteto acabou tendo vida curta, existindo menos de um ano. Mas o
talento de Chet logo o transformaria em ídolo em toda a
América e na
Europa.
Especialistas dividem a vasta obra do músico em duas etapas: a fase
cool, do início da sua carreira, mais ligada ao
virtuosismo jazzístico, e a outra, a partir de
1957, quando a sensibilidade na interpretação torna-se ainda mais evidente.
Avesso a
partituras, Chet não deixou, entretanto, de integrar as
big bands
americanas. Era dotado de extrema criatividade, inaugurando um modo
de cantar no qual a voz era quase sussurrada. Possivelmente exerceu
grande influência em alguns dos grandes nomes da
bossa nova, como
João Gilberto e
Carlos Lyra, embora alguns, como o
contrabaixista Sizão Machado, por exemplo, acreditem que a bossa nova é que teria influenciado os músicos americanos - e não o contrário.
Para tocar as músicas, Chet apenas pedia o
tom. Económico nas notas (ao contrário de outros trompetistas, como
Dizzy Gillespie,
que preferiam o virtuosismo), Chet improvisava com sentimento. Certo
dia, deram-lhe o tom errado de uma música de propósito, e mesmo assim
Chet Baker conseguiu encontrar um caminho
harmónico. Valorizava as
frases melódicas, com
notas longas e encorpadas, o que acabou lhe valendo o rótulo de
cool.
No começo dos
anos 60, Chet realizou diversas experiências com o
flugelhorn, instrumento de timbre macio e aveludado.
No entanto, a sua gloriosa trajetória na música não lhe deu uma vida segura, afastada de problemas. Por causa do seu
envolvimento com drogas, especialmente com a
heroína (durante as suas
crises de abstinência, que eram monitorizadas por médicos, usava
metadona), Chet foi preso muitas vezes. Conta-se que chegou a ser espancado por não ter pago uma dívida contraída com a
compra de drogas. Este episódio levou-o à perda de vários dentes.
Para alguns especialistas, as falhas na sua
arcada dentária
teriam contribuído para prejudicar a sua performance. Contudo, para
outros, contraditoriamente, tal facto teria obrigado o músico a
enveredar pelas
nuances do instrumento, alcançando, deste modo, sonoridades ímpares e inconfundíveis.
Em
1985, Chet Baker esteve no Brasil para duas apresentações na primeira edição do
Free Jazz Festival. A banda era formada pelo
pianista brasileiro
Rique Pantoja (com quem Chet já havia gravado um disco no início dos
anos 80 - Chet Baker & The Boto Brasilian Quartet), pelo
baixista Sizão Machado, pelo
baterista americano
Bob Wyatt e pelo
flautista Nicola Stilo. A primeira apresentação, no
Hotel Nacional, na
cidade do Rio de Janeiro, foi considerada magnífica por muitos e dececionante por alguns, mas a apresentação em
São Paulo, igualmente tida por alguns como um sucesso e por outros como dececionante, quase entra para a história do
jazz pela porta dos fundos: depois do espetáculo, já no seu quarto, no
Maksoud Plaza,
Chet roubou a mala do médico que o acompanhava e tomou doses
cavalares das drogas que lhe estavam sendo administradas para controlar
as crises de abstinência. Chet teve uma
overdose e quase morreu.
Naquele mesmo ano, em
Roma, o trompetista iniciou, com Rique Pantoja, as gravações de
Rique Pantoja & Chet Baker (
WEA, Musiquim), que terminariam em
São Paulo, no ano de
1987. O LP foi um sucesso para a crítica.
Chet Baker morreria, aos 58 anos, em Amesterdão, de forma trágica e
misteriosa, na madrugada de 13 de maio de 1988, ao cair da janela do
hotel. Até hoje há controvérsias sobre as circunstâncias da sua morte -
acidente ou
suicídio?