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segunda-feira, dezembro 11, 2023

Porque uma Poetisa não morre, enquanto for recordada...

 (imagem daqui)

 

Poema

 

Negue-se o mundo a me dizer: sim!
Negue-se o ar da serra aos meus pulmões!
Fechem-se as janelas porque vim
interromper os solheiros e os pregões!
Neguem-me o passaporte
pra o estrangeiro!
Encontre-se sem norte
e sem dinheiro
(e desprevenidamente des-emotiva!)
frente às rodas paralelas
duma qualquer locomotiva,
ou entre elas,
ou melhor: debaixo delas!
— Por tudo encolherei os ombros
que, em suma, dizem crentes e descrentes
a vida é feita de rombos e de tombos,
doença, hostilidade e guinchos de serpentes.

Mas tu — (Homem! Garra!
Sucesso! ou Vento! ou Amarra!
Vício alegre! ou Labirinto!
Bebedeira de absinto
Filhos!
E Deus neles!)
— não me negues o tom simples
e às vezes reles
da tua voz pura-impura
com que seques
a minha vil e vã desenvoltura.

 

Fernanda Botelho

A poetisa Fernanda Botelho morreu há dezasseis anos

(imagem daqui)
  
Maria Fernanda de Faria e Castro Botelho (Porto, 1 de dezembro de 1926 - Lisboa, 11 de dezembro de 2007) foi uma escritora portuguesa.
Era parente afastada do escritor Camilo Castelo Branco. Estudou Filologia Clássica nas Universidades de Coimbra e Lisboa, viria a fixar-se em Lisboa, para ocupar a direção do departamento belga de turismo entre 1973 e 1983.
Foi co-fundadora da revista Távola Redonda, tendo ainda colaborado ainda em outras publicações periódicas, nomeadamente a Europa e a Graal.
    

 

Legenda

 

Como quem sente
na legenda do presente
o fim duma história breve,
vou vivendo um sonho intacto
num pesadelo crescente
- uma luz fecunda e leve
nos olhos pardos dum gato.

 

Fernanda Botelho

sexta-feira, dezembro 01, 2023

A poetisa Fernanda Botelho nasceu há 97 anos...

(imagem daqui)
  
Maria Fernanda de Faria e Castro Botelho (Porto, 1 de dezembro de 1926 - Lisboa, 11 de dezembro de 2007) foi uma escritora portuguesa.
Era parente afastada do escritor Camilo Castelo Branco. Estudou Filologia Clássica nas Universidades de Coimbra e Lisboa, viria a fixar-se em Lisboa para ocupar a direção do departamento belga de turismo entre 1973 e 1983.
Foi co-fundadora da revista Távola Redonda, tendo ainda colaborado ainda em outras publicações periódicas, nomeadamente a Europa e a Graal.
    
 

As Coordenadas Líricas

Desviou-se o paralelo um quase nada
e tudo escureceu:
era luz disfarçada em madrugada
a luz que me envolveu

A geométrica forma de meus passos
procura um mar redondo.
Levo comigo, dentro dos meus braços,
oculto, todo o mundo.

Sozinha já não vou. Apenas fujo
às negras emboscadas.
Em cada esfera desenho o meu refúgio
— as minhas coordenadas.

 

Fernanda Botelho

 

quinta-feira, dezembro 01, 2022

Fernanda Botelho nasceu há 96 anos

(imagem daqui)
  
Maria Fernanda de Faria e Castro Botelho (Porto, 1 de dezembro de 1926 - Lisboa, 11 de dezembro de 2007) foi uma escritora portuguesa.
Era parente afastada do escritor Camilo Castelo Branco. Estudou Filologia Clássica nas Universidades de Coimbra e Lisboa, viria a fixar-se em Lisboa para ocupar a direção do departamento belga de turismo entre 1973 e 1983.
Foi co-fundadora da revista Távola Redonda, tendo ainda colaborado ainda em outras publicações periódicas, nomeadamente a Europa e a Graal.
    
 
  
Amnésia

Posso pedir, em vão, a luz de mil estrelas:
apenas obtenho este desenho pardo
que a lâmpada de vinte e cinco velas
estende no meu quarto.

Posso pedir, em vão, a melodia, a cor
e uma satisfação imediata e firme:
(a lúbrica face do despertador
é quem me prende e oprime).

E peço, em vão, uma palavra exata,
uma fórmula sonora que resuma
este desespero de não esperar nada,
esta esperança real em coisa alguma.

E nada consigo, por muito que peça!
E tamanha ambição de nada vale!
Que eu fui deusa e tive uma amnésia,
esqueci quem era e acordei mortal.
 

Fernanda Botelho

sábado, dezembro 11, 2021

Fernanda Botelho morreu há catorze anos

(imagem daqui)

Maria Fernanda Botelho de Faria (Porto, 1 de dezembro de 1926 - Lisboa, 11 de dezembro de 2007) foi uma escritora portuguesa.

Era parente afastada do escritor Camilo Castelo Branco e sobrinha-neta de Abel Botelho. Estudou Filologia Clássica nas Universidades de Coimbra e Lisboa, viria a fixar-se em Lisboa, para ocupar a direção do departamento belga de turismo, entre 1973 e 1983.
Foi co-fundadora da revista Távola Redonda, tendo ainda colaborado ainda em outras publicações periódicas, nomeadamente a Europa e a Graal.
Em termos literários fez a sua estreia com o livro Coordenadas Líricas (1951).
 

 
As Coordenadas Líricas

Desviou-se o paralelo um quase nada
e tudo escureceu:
era luz disfarçada em madrugada
a luz que me envolveu

A geométrica forma de meus passos
procura um mar redondo.
Levo comigo, dentro dos meus braços,
oculto, todo o mundo.

Sozinha já não vou. Apenas fujo
às negras emboscadas.
Em cada esfera desenho o meu refúgio
— as minhas coordenadas.

 

Fernanda Botelho

quarta-feira, dezembro 01, 2021

Fernanda Botelho nasceu há 95 anos

(imagem daqui)
  
Maria Fernanda de Faria e Castro Botelho (Porto, 1 de dezembro de 1926 - Lisboa, 11 de dezembro de 2007) foi uma escritora portuguesa.
Era parente afastada do escritor Camilo Castelo Branco. Estudou Filologia Clássica nas Universidades de Coimbra e Lisboa, viria a fixar-se em Lisboa para ocupar a direção do departamento belga de turismo entre 1973 e 1983.
Foi co-fundadora da revista Távola Redonda, tendo ainda colaborado ainda em outras publicações periódicas, nomeadamente a Europa e a Graal.

Obras
  • Coordenadas Líricas (1951)
  • O Enigma das Sete Alíneas (1956)
  • O Ângulo Raso (1957)
  • Calendário Privado (1958)
  • A Gata e a Fábula (1960)
  • Xerazade e os outros (1964)
  • Terra sem Música (1969)
  • Lourenço É Nome de Jogral (1971)
  • Esta Noite Sonhei com Brughel (1987)
  • Festa em Casa de Flores (1990)

Crítica
Sobre o estilo o escritor Urbano Tavares Rodrigues disse que «que é de um rigor, de uma originalidade tais que a troca de uma simples palavra na maioria das suas frases apagaria intenções. esse estilo acutilante, irónico, pessoalíssimo, todo ele nervo e criação, bastaria para impor decisivamente Fernanda Botelho».
O poeta Jorge de Sena afirmou: que a sua escrita era "[...] árida, sarcástica, anti-lirica [...] vivendo a sua lucidez na desagregação e pela desagregação de uma desassombrada e cínica visão que usa insolitamente as palavras e os símbolos."

Prémios
1961 - Prémio Castelo Branco, graças à obra A Gata e a Fábula.
  
 
  
Amnésia

Posso pedir, em vão, a luz de mil estrelas:
apenas obtenho este desenho pardo
que a lâmpada de vinte e cinco velas
estende no meu quarto.

Posso pedir, em vão, a melodia, a cor
e uma satisfação imediata e firme:
(a lúbrica face do despertador
é quem me prende e oprime).

E peço, em vão, uma palavra exata,
uma fórmula sonora que resuma
este desespero de não esperar nada,
esta esperança real em coisa alguma.

E nada consigo, por muito que peça!
E tamanha ambição de nada vale!
Que eu fui deusa e tive uma amnésia,
esqueci quem era e acordei mortal.
 

Fernanda Botelho

segunda-feira, dezembro 11, 2017

Fernanda Botelho morreu há dez anos

(imagem daqui)

Maria Fernanda Botelho de Faria (Porto, 1 de dezembro de 1926 - Lisboa, 11 de dezembro de 2007) foi uma escritora portuguesa.

Era parente afastada do escritor Camilo Castelo Branco e sobrinha-neta de Abel Botelho. Estudou Filologia Clássica nas Universidades de Coimbra e Lisboa, viria a fixar-se em Lisboa, para ocupar a direção do departamento belga de turismo, entre 1973 e 1983.
Foi co-fundadora da revista Távola Redonda, tendo ainda colaborado ainda em outras publicações periódicas, nomeadamente a Europa e a Graal.
Em termos literários fez a sua estreia com o livro Coordenadas Líricas (1951).
 

 
As Coordenadas Líricas

Desviou-se o paralelo um quase nada
e tudo escureceu:
era luz disfarçada em madrugada
a luz que me envolveu

A geométrica forma de meus passos
procura um mar redondo.
Levo comigo, dentro dos meus braços,
oculto, todo o mundo.

Sozinha já não vou. Apenas fujo
às negras emboscadas.
Em cada esfera desenho o meu refúgio
— as minhas coordenadas.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

A poetisa Fernanda Botelho nasceu há 85 anos

(imagem daqui)

Maria Fernanda de Faria e Castro Botelho (Porto, 1 de Dezembro de 1926 - Lisboa, 11 de Dezembro de 2007) foi uma escritora portuguesa.
Era parente afastada do escritor Camilo Castelo Branco. Estudou Filologia Clássica nas Universidades de Coimbra e Lisboa, viria a fixar-se em Lisboa para ocupar a direção do departamento belga de turismo entre 1973 e 1983.
Foi co-fundadora da revista Távola Redonda, tendo ainda colaborado ainda em outras publicações periódicas, nomeadamente a Europa e a Graal.

Obras
  • Coordenadas Líricas (1951)
  • O Enigma das Sete Alíneas (1956)
  • O Ângulo Raso (1957)
  • Calendário Privado (1958)
  • A Gata e a Fábula (1960)
  • Xerazade e os outros (1964)
  • Terra sem Música (1969)
  • Lourenço É Nome de Jogral (1971)
  • Esta Noite Sonhei com Brughel (1987)
  • Festa em Casa de Flores (1990)

Crítica
Sobre o estilo o escritor Urbano Tavares Rodrigues disse que «que é de um rigor, de uma originalidade tais que a troca de uma simples palavra na maioria das suas frases apagaria intenções. esse estilo acutilante, irónico, pessoalíssimo, todo ele nervo e criação, bastaria para impor decisivamente Fernanda Botelho».
O poeta Jorge de Sena afirmou: que a sua escrita era "[...] árida, sarcástica, anti-lirica [...] vivendo a sua lucidez na desagregação e pela desagregação de uma desassombrada e cínica visão que usa insolitamente as palavras e os símbolos."

Prémios
1961 - Prémio Castelo Branco, graças à obra A Gata e a Fábula.


Amnésia

Posso pedir, em vão, a luz de mil estrelas:
apenas obtenho este desenho pardo
que a lâmpada de vinte e cinco velas
estende no meu quarto.

Posso pedir, em vão, a melodia, a cor
e uma satisfação imediata e firme:
(a lúbrica face do despertador
é quem me prende e oprime).

E peço, em vão, uma palavra exata,
uma fórmula sonora que resuma
este desespero de não esperar nada,
esta esperança real em coisa alguma.

E nada consigo, por muito que peça!
E tamanha ambição de nada vale!
Que eu fui deusa e tive uma amnésia,
esqueci quem era e acordei mortal.

Fernanda Botelho