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quinta-feira, dezembro 18, 2025

Poema de aniversariante de hoje...

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7d/Ammonite_Asteroceras.jpg

 



FÓSSIL



As arestas da pedra são redondas
na mão desprevenida que as recebe
evaporadas, gastas pelas ondas
milenárias da praia que amanhece.

Mas são arestas quando, além da polpa
dos dedos mornos, outros dedos frios
aram na pedra o que na pedra é sombra,
numa cadência grave de navios.

Que mar antigo se dilata dentro
do fóssil mudo que já foi bivalve
e surge, aos olhos, coração cinzento,
sedento de uma nova humanidade?

Oiço-lhe o longo, longo chamamento...

– E, de repente, a pedra liquefaz-se.




in
Cidade Sem Tempo (1985) - António Luís Moita

O poeta António Luís Moita nasceu há um século...

 
 
António Luís Pinhão de Jesus Moita nasceu em Lisboa, a 18 de dezembro de 1925, e faleceu em  2013.
Funda e dirige, em 1951, com António Ramos Rosa, José Terra, Luis Amaro e Raul de Carvalho, a revista “ÁRVORE – Folhas de Poesia”. Poeta destacado da nossa modernidade, é autor dos livros Rumor (1951), Teoria do Girassol (1956), Sal (1962) e Cidade sem Tempo (1985). Está representado em antologias estrangeiras e nas mais importantes antologias portuguesas, nomeadamente “Alma minha gentil – poesia de amor portuguesa” e “Na mão de Deus – poesia religiosa portuguesa”, organizadas por José Régio e Alberto de Serpa, “Líricas portuguesas (1958/1983) por Jorge de Sena e “O Trabalho – antologia poética”, de Armando Cerqueira, Joaquim Pessoa e José do Carmo Francisco. 
 
adaptado daqui
 
 
Marinha - I
 
 
Do coração faço um remo.
Da solidão faço um mar.
E do teu sorriso terno
a rede que hei-de lançar.
 
 
Trarei peixe? desengano?
ferida aberta? cicatriz?
- Não sei quem és. Sei que te amo!
Não sei quem sou. Sou feliz!
 
 
 in Teoria do Girassol (1956) - António Luís Moita