quarta-feira, fevereiro 19, 2025

O sismo de 17 de fevereiro de 2025 - nota técnico-científica do IPMA

Nota técnico-científica sobre o sismo ocorrido em 17 de fevereiro de 2025 no litoral ocidental da Península de Setúbal


 

 https://www.ipma.pt/pt/media/noticias/imagens/2025/Sismo_170225_NT.png

Solução do Tensor do Momento do sismo de magnitude 4.7 ocorrido em 17 de fevereiro 2025

 

No dia 17 de fevereiro, pelas 13.24 hoas, ocorreu um sismo de magnitude 4.7 (Escala de Richter), com epicentro a cerca de 14 quilómetros a oeste–sudoeste de Seixal, o qual foi registado nas estações da rede sísmica do continente. Há registo de duas réplicas com magnitudes 2.4 e 1.7, respetivamente às 10.36 e às 11.34, no dia 18 de fevereiro.
De acordo com os inquéritos recebidos, relativos aos concelhos de Almada, Seixal, Sesimbra, e Lisboa, este sismo terá sido sentido com a intensidade máxima V (escala de Mercalli 56), enquanto a réplica de magnitude 2.4 terá sido sentida com intensidade máxima III. Esta informação continuará a ser atualizada, recorrendo aos inquéritos que vierem a ser recebidos e conforme levantamento macrossísmico a realizar no terreno na região afetada.
A geologia e as estruturas geológicas da região grande Lisboa, incluindo a zona submersa, é complexa. Em traços gerais, trata-se duma área com terrenos de rochas sedimentares do Jurássico e do Cretácico (145 a 92 milhões de anos) aos quais se sobrepôs o evento vulcânico que originou o Complexo Magmático de Sintra e o Complexo Vulcânico de Lisboa, estes com cerca de 90 milhões de anos. No Cenozóico depositou-se o complexo sedimentar continental do Paleogénico (50 a 30 milhões de anos) e os sedimentos essencialmente marinhos do Miocénico (25 a 10 milhões de anos). O complexo sedimentar de idade Pliocénica e Quaternária (5 a 0 milhões de anos) é essencialmente continental, arenoso-cascalhento, com unidades marinhas pouco profundas, fluviais e dunares. As serras de Sintra e de Arrábida, assim como outras menores na região de Lisboa são resultantes da tectónica compressiva, que afetou a toda a Península Ibérica, com expressão notável nas cordilheiras dos Pirinéus, Sistema Central e Bética.
Na área onde ocorreu o sismo de 17 de fevereiro (M 4.7), estudos identificaram a presença de numerosas falhas, em particular perto do litoral da Fonte da Telha, na Península de Setúbal (Cabral et al., 1984). Nesta zona, do ponto de vista estrutural, e enquanto resultado da mencionada tectónica compressiva, distinguem-se duas grandes unidades que são a “Cadeia da Arrábida” a sul, e o “Sinclinal de Albufeira”, a norte. A hipótese mais consensual é que o sismo de 17 de fevereiro resultou de uma falha formada paralelamente à estrutura da “Cadeia da Arrábida” o que é compatível com o mecanismo focal obtido para o evento sísmico (ver figura). Outras hipóteses relativas à origem deste sismo estão, contudo, em análise.

 

in IPMA

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