Um raro peixe com mãos foi encontrado num sítio estranho
Um peixe-morcego pintado (Brachionichthys hirsutus), uma espécie marinha única conhecida pelas suas “mãos” ou barbatanas peitorais modificadas, que se assemelham a barbatanas com dedos, foi inesperadamente avistado em Primrose Sands, Tasmânia.
Esta descoberta é particularmente significativa, dado que não havia registo de avistamentos da espécie neste local há quase duas décadas, levando a crer que estivesse extinto naquela área.
Os peixes-morcego pintados usam as suas distintivas barbatanas não apenas para caminhar no fundo do mar, mas também para limpar e cuidar dos seus ovos.
Infelizmente, a sua população diminuiu de forma alarmante nas últimas décadas, restando apenas um número estimado de cerca de 2.000 exemplares em regiões específicas, como o estuário do rio Derwent, no Reino Unido, e a baía de Frederick Henry, no sudeste da Austrália.
“Avistar até um ou dois peixes durante um mergulho de 60 minutos é bastante raro”, explica a investigadora Carlie Devine, numa nota de imprensa publicada no site da CSIRO, a agência governamental de ciência da Austrália.
Das 14 espécies de peixes-morcego existentes no planeta, sete são nativas da Tasmânia. Notavelmente, o peixe-morcego pintado foi o primeiro peixe marinho a ser listado como criticamente em perigo na Lista Vermelha da IUCN de Espécies Ameaçadas.
Embora já tenham sido comuns nas águas da Tasmânia, as suas populações estão agora fragmentadas em nove grupos separados.
As principais ameaças à sua existência provêm da pesca de arrasto, que perturba os seus habitats e inadvertidamente os captura como fauna acompanhante - e que também afeta negativamente outras espécies marinhas, incluindo golfinhos e tartarugas marinhas.
Além disso, espécies invasoras, como a estrela-do-mar do Pacífico Norte, têm agravado o seu declínio, predando-os e aos seus ovos.
No entanto, há esperança para o peixe-morcego pintado. Um grupo de cientistas, entre os quais Carlie Devine, está a trabalhar afincadamente em medidas de conservação, como ambientes de desova artificiais e programas de reprodução em laboratório.
“Temos uma população de reserva em aquários para prevenir a extinção da espécie”, explica Devine, que se mostra otimista quanto ao impacto positivo do projeto para assegurar que vamos continuar a ver este estranho peixe andar por aí…
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