Henrique Carlos da Mata Galvão (Barreiro, 4 de fevereiro de 1895 - São Paulo, 25 de junho de 1970) foi um capitão do exército, inspetor da administração colonial portuguesa e escritor português. Ficou mundialmente famoso, em 1961, por ter organizado e comandado o assalto ao paquete Santa Maria, numa tentativa de provocar uma crise política contra o regime de Salazar.
Biografia
Henrique Galvão desde cedo seguiu a carreira militar. Foi um dos apoiantes de Sidónio Pais. Foi administrador do concelho de Montemor-o-Novo. Participou na revolução de 28 de maio de 1926 e foi um fervoroso salazarista.
Foi Comissário Geral da Exposição Colonial Portuguesa, realizada no Porto, em 1934. Nesse mesmo ano foi nomeado como primeiro diretor da Emissora Nacional e, a 1 de agosto, agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo. Mais tarde, esteve em África, onde organizou ações de propaganda. Foi governador de Huíla. Angola inspirou-lhe a veia literária, tendo escrito uma série de livros brilhantes sobre a vida nas colónias africanas, a sua antropologia e zoologia.
No início da década de 50, Henrique Galvão desiludiu-se com o regime
de Salazar e começou a conspirar com outros militares, mas acabou por
ser descoberto, preso e expulso do exército. Em 1959, aproveitando uma ida ao Hospital de Santa Maria, fugiu e refugiou-se na embaixada da Argentina, tendo conseguido exílio político na Venezuela. Henrique Galvão era, com Humberto Delgado, uma figura extremamente popular nos meios oposicionistas não afetos ao Partido Comunista Português. Para o Partido Comunista, Portugal
ainda não estava pronto para a revolução, enquanto Galvão achava que
não havia tempo a perder. Foi durante o exílio que começou a preparar
aquela que seria a sua ação mais espetacular: o desvio do paquete
português Santa Maria, cheio de passageiros, a que deu o nome de "Operação Dulcineia". Coordenou esta ação com Humberto Delgado, que estava exilado no Brasil.
(imagem daqui)
Santa Maria/Santa Liberdade
O navio escolhido foi o paquete "Santa Maria", que tinha largado em 9 de janeiro de 1961 para uma viagem regular até Miami. Galvão embarcou clandestinamente no navio, em Curaçao, Antilhas Holandesas.
A bordo já se encontravam os 20 elementos da Direção Revolucionária
Ibérica de Libertação, grupo que assumiria a responsabilidade pelo
assalto. O navio levava cerca de 612 passageiros, muitos
norte-americanos, e 350 tripulantes. A operação começou na madrugada de 22 de janeiro,
com a ocupação da ponte de comando. Um dos oficiais de bordo ofereceu
resistência e foi morto a tiro; os restantes renderam-se. O paquete
mudou de rumo e partiu em direção a África. Henrique Galvão queria
dirigir-se à ilha espanhola de Fernando Pó, no golfo da Guiné, e a partir daí atacar Luanda, que seria o ponto de partida para o derrube dos governos de Lisboa e Madrid. Um plano megalómano e quixotesco, condenado ao fracasso, mas que chamaria as atenções internacionais para a ditadura salazarista.
As coisas começaram a complicar-se quando o navio foi avistado por um
cargueiro dinamarquês, que avisou a guarda costeira americana. Daí até à
chegada dos navios de guerra foi um ápice. Vendo que tudo estava
perdido, Henrique Galvão decidiu rumar ao Recife e render-se às autoridades brasileiras, pedindo asilo político, que foi aceite.
Morte
Henrique Galvão, morreu em São Paulo, em 25 de junho de 1970, com a doença de Alzheimer. A 7 de novembro de 1991 foi agraciado, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
in Wikipédia
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