sexta-feira, setembro 11, 2020

Arvo Part nasceu há 85 anos

   
Arvo Pärt (Paide, 11 de setembro de 1935) é um compositor erudito estónio. Pärt trabalha com um estilo minimalista que emprega a técnica de tintinnabuli (do latim, 'pequenos sinos') e repetições hipnóticas
   
Vida
Em 1944, Arvo Pärt presencia a ocupação da Estónia pela União Soviética, ocupação que duraria 50 anos, deixando profundas impressões sobre ele.
Em 1954 ingressa na escola secundária de música de Tallinn, a capital do país. No ano seguinte, deve fazer o seu serviço militar, durante o qual faz parte da banda, onde toca oboé e caixa.
Ingressa no conservatório de Tallinn em 1957, onde estuda com Heino Eller. Paralelamente, trabalha numa emissora de rádio, como engenheiro de som, posto que deverá ocupar de 1958 a 1967. Em 1962, uma das suas composições escrita para coro infantil e orquestra, Nosso jardim (escrita em 1959), dá-lhe o primeiro prémio dos jovens compositores da URSS. Em 1963, é diplomado pelo conservatório de Tallinn. Nessa época, compõe também para o cinema.
Ainda no início dos anos 1960, inicia-se na composição serial, com as suas duas primeiras sinfonias. Isto vai provocar inimizades, dado que a música serial era considerada como um avatar da decadência burguesa ocidental. Também incorretas politicamente, no contexto soviético, eram as suas composições de inspiração religiosa e a técnica de colagem que adotou por algum tempo. Nessas circunstâncias, a sua obra será severamente limitada.
No final da década de 60, a meio de uma crise pessoal que bloqueia a sua criatividade, Arvo Pärt renuncia ao serialismo e, mais amplamente, à composição. Durante vários anos, dedica-se ao estudo do cantochão gregoriano e dos compositores renascentistas franco-flamengos, como Josquin des Prés, Machaut, Obrecht e Ockeghem. Esses estudos e reflexões resultaram na elaboração de uma peça de transição, a Sinfonia n° 3 (1971).
A sua evolução estilística é particularmente notável em 1976, com a composição de uma peça para piano que se tornou célebre, Für Alina, que marca uma ruptura com as suas primeiras obras e prepara o terreno para seu novo estilo, qualificado por ele mesmo de "estilo tintinnabulum". O compositor explica: "Eu trabalho com bem poucos elementos - somente uma ou duas vozes. Construo a partir de um material primitivo - com o acorde perfeito, com uma tonalidade específica. As três notas de um acorde perfeito são como sinos. Por isso eu o chamei tintinnabulação". No ano seguinte, Pärt escreverá, nesse novo estilo, três das suas peças mais importantes e reconhecidas: Fratres, Cantus in Memoriam Benjamin Britten e Tabula rasa.
Os problemas constantes com a censura soviética levam-no a finalmente emigrar em 1980, com a sua esposa e os dois filhos. Inicialmente vai para Viena, onde obtém a cidadania austríaca. No ano seguinte, parte para Berlim Ocidental e frequentemente passa temporadas perto de Colchester, Essex. Por volta dos anos 2000, volta à Estónia e hoje vive em Talinn.
O seu sucesso no Ocidente e particularmente nos EUA teve por inconveniente a sua inclusão na categoria dos compositores "minimalistas místicos" ou "minimalistas sagrados", juntamente com Alan Hovhaness, Henryk Górecki, John Tavener, Pēteris Vasks e outros. Em 1996 torna-se membro da American Academy of Arts and Letters.
Criador de uma música apurada, de inspiração profundamente religiosa, associada por alguns à música pós-moderna, Arvo Pärt atualmente aprofunda seu estilo tintinnabulum. As suas obras foram executadas em todo o mundo e foram objeto de mais de 80 gravações, além de terem sido muito usadas em bandas sonoras de filmes e em espetáculos de dança. É dele, por exemplo, a composição que Jean-Luc Godard utilizou no curta Dans le noir du temps, episódio do filme Ten Minutes Older: The Cello (2002). A obra foi também usada em inúmeras produções cinematográficas e televisivas. A sua obra Spiegel im Spiegel, de 1978, integrou em 2014 a banda sonora do premiado filme brasileiro Hoje Eu Quero Voltar Sozinho. Em 10 de dezembro de 2011 foi indicado pelo Papa Bento XVI como membro do Pontifício Conselho para a Cultura.
   
  

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