sexta-feira, janeiro 17, 2014

Camilo José Cela morreu há 11 anos

Camilo José Cela Trulock, 1.º Marquês de Iria Flavia (Padrón, 11 de maio de 1916 - Madrid, 17 de janeiro de 2002) foi um escritor espanhol.
Ele ofereceu os seus serviços como informador ao regime de Franco e mudou-se voluntariamente de Madrid para a Galiza durante a Guerra Civil, para se juntar às forças franquistas.
Foi membro da Real Academia Espanhola desde 1957 até à sua morte. Recebeu o Prémio Nobel de Literatura em 1989.
Começou o curso de Medicina na Universidade Complutense e assistiu a algumas aulas de Filosofia e Letras na Universidade de Madrid.
Lutou na Guerra Civil, integrado no exército nacionalista de Franco, até que foi ferido por uma granada, tendo aí terminado a sua vida militar. Uma vez finda a guerra, dedicou-se ao jornalismo e ocupou vários empregos de carácter essencialmente burocrático, entre os quais o de censor, que mais tarde o faria ser bastante criticado.
Em 1944 casou com Rosario Conde Picavea, de quem teve um filho, Camilo José Cela Conde, nascido em 1946.
No meio de um panorama caracterizado pela abundância de romances de escassa capacidade renovadora, em 1942 se produz um acontecimento de singular importância literária: a publicação de A família de Pascual Duarte (uma dura história ambientada num pequeno povoado: reflecte o mundo popular e camponês e a seres primitivos, de instintos primários e grandes paixões, onde se destacam o ódio e a violência). Escrita com uma prosa brutal e crua, foi todo ele um acontecimento e deu lugar mesmo a uma corrente, conhecida como «Tremendismo».
Em 1943, Pavilhão de repouso, sucessão de monólogos dos tuberculosos de um sanatório, aprofunda a linha existencialista, que em A família de Pascoal Duarte já tinha manifestado, na caracterização da vida como algo absurdo.
Em 1948, Viagem a Alcarria descrevia, ainda que sem excessiva crueza, um mundo rural atrasado e marginalizado, semelhante ao de A família de Pascual Duarte.
A colmeia, a obra mais importante de Cela, inaugura o realismo social dos anos cinquenta. Seria editado, em 1951, em Buenos Aires, já que a censura tinha proibido sua publicação na Espanha por causa das suas passagens eróticas.
Sempre inquieto e desejoso de procurar novos caminhos narrativos, sua seguinte novela, Mrs. Caldwell fala com seu filho (1953), afasta-se do realismo para mergulhar na mente de uma louca que dialoga com seu filho morto.
Depois de um longo parêntese, em 1969 publica São Camilo 1936, novela experimental que, mediante um único monólogo interior, oferece uma descrição surrealista do primeiro dia da guerra civil num bordel de Madrid.
Entre suas últimas novelas destacam Mazurca para dois mortos (1983), que se passa na sua Galiza natal, e Cristo contra Arizona (1994), que continua a sua linha experimentalista. A sua última obra publicada é Madeira de lei, e tem como argumento a vida dos pescadores da Costa da Morte.

Escudo del marquesado de Iria Flavia.svg
Brasão do Marquês de Iria Flavia
Poema en forma de mujer que dicen temeroso, matutino, inútil


Ese amor que cada mañana canta
y silba, temeroso, matutino, inútil
(también silba)
bajo las húmedas tejas de los más solitarios corazones
-¡Ave María Purísima!-

y rosas son, o escudos, o pajaritas recién paridas,
te aseguro que escupe, amoroso
(también escupe)
en ese pozo en el que la mirada se sobresalta.
Sabes por donde voy:

tan temeroso
tan tarde ya
(también tan sin objeto).
Y amargas o semiamargas voces que todos oyen
llenos de sentimiento,

no han de ser suficientes para convertirme en ese dichoso,
caracol al que renuncio
(también atentamente).
Un ojo por insignia,
un torpe labio,

y ese pez que navega nuestra sangre.
Los signos de oprobio nacen dulces
(también llenos de luz)
y gentiles.
Eran
-me horroriza decirlo-
muchos los años que volqué en la mar
(también como las venas de tu garganta, teñida de un tímido color).

Eran
-¿por qué me lo preguntas?-

dos las delgadas piernas que devoré.
Quisiera peinar fecundos ríos en la barba
(también acariciarlos)
e inmensas cataratas de lágrimas
sin sosiego,

desearía, lleno de ardor, acunar allí mismo donde nadie se atreve a
levantar la vista.
Un muerto es un concreto
(también se ríe)
pensamiento que hace señas al aire.
La mariposa,

aquella mariposa ruin que se nutría de las más privadas
sensaciones,
vuela y revuela sobre los altos campanarios
(también hollados campanarios)
aún sin saber,
como no sabe nadie,

que ese amor que cada día grita
y gime, temeroso, matutino, inútil
(también gime)
bajo las tibias tejas de los corazones,
es un amor digno de toda lástima.


Camilo José Cela

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