Não há isenção possível
1. A memória política do que nos aconteceu nos últimos anos é a chave para podermos decidir em consciência informada acerca do que está em jogo no próximo acto eleitoral. Não chegámos a esta situação deplorável por acaso. Nem por azar. Nem por sermos vítimas de uma qualquer perseguição dos mercados ou de outras forças tenebrosas e sinistras. Como já escrevi, alcançámos o presente estado de indigência política e financeira por culpa nossa. Porque fizemos as opções erradas. Porque tardámos em reconhecer o erro e, sobretudo, nele perseverámos. Porque esbanjámos a nossa confiança colectiva em gente sem sentido de Estado, para quem o interesse público se confunde com a conveniência imediata e quase sempre assume tonalidades indisfarçavelmente pessoais. Fomos irremediavelmente mal governados. Mas a escolha, sempre desastrada, foi nossa.
Ninguém nos impôs António Guterres por duas vezes. Ninguém nos disse para assistirmos, em estado de pacatez bovina, ao desbaratar do erário público em tresloucados obséquios estatais que não conseguiríamos pagar mesmo que a nossa economia crescesse a níveis europeus. Ninguém nos mandou acreditar na peta infame das Scut, "as auto-estradas que se pagam a si próprias", como então juraram. Ninguém nos ordenou o aplauso néscio quando surgiu a Expo 98 nem no momento em que se insuflou a Administração Pública até à actual dimensão paquidérmica. Ninguém nos amanhou Durão Barroso que venceu as eleições de 2002 com a promessa de um choque fiscal para logo subir os impostos quando se viu no Governo.
E ninguém senão nós escolheu José Sócrates. Com um currículo pessoal aterrador, sem a mais elementar preparação profissional, académica ou cívica, apto a instrumentalizar qualquer valor ou convicção e a quem apenas se pode reconhecer a obstinação daqueles que são capazes de tudo, mas mesmo de tudo, para manter acesas as luzes fátuas do seu ego.
José Sócrates incumpriu todas as suas promessas (lembram-se da regionalização?). Não assumiu um só erro próprio. Nunca teve a humildade dos que têm grandeza para pedir desculpa pelo estado miserável a que nos condenou. Para ele e para os que seguem o seu triste culto, os males em que nos afundámos devem-se a todos os outros: Oposição, mercados, agências de rating, presidente da República, terramoto no Japão ou derrame de petróleo na Florida. Mas nunca compreenderá que se Portugal é hoje caricaturado em toda a parte como um Estado quase falhado, a responsabilidade maior é dele, que tanto nos tem desgovernado - e nossa, que o elegemos.
2. Agora é claro que o fracasso do período de Sócrates vai muito para além da mera ineptidão governativa: este Governo mentiu aos portugueses acerca dos valores dos défices orçamentais e do estado calamitoso das finanças públicas! Fê-lo conscientemente, visando esconder os números que revelavam o seu próprio fiasco e o consequente estado de desgraça em que largaram o país.
Por pressão das instâncias financeiras europeias, o montante do défice de 2010 foi alterado para 8,6% em vez dos 6,8% ficcionados estridentemente pelo Governo. Por sua vez, o défice do ano anterior, 2009, elevou-se para 10%, galgando os 9,3% que tinham sido anunciados pelo Governo. Afinal, excedemos os limites do défice a que nos comprometemos na Europa e que serviram de álibi para os sacrifícios que depredam os portugueses - "está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito melhor no défice", dizia Sócrates...
Hoje, a nossa média do crescimento económico é a pior dos últimos 90 anos. Temos a maior dívida pública dos últimos 160 anos e a dívida externa mais alta dos últimos 120. O desemprego é o mais elevado dos últimos 80 anos e conhecemos a segunda maior vaga de emigração desde meados do século XIX.
Mesmo aqueles que pretendam ser independentes não podem ficar isentos nas próximas eleições - é um imperativo político, moral e higiénico, livrarmos o país e as futuras gerações daqueles que dolosamente iludiram e falharam todos os seus compromissos. Qualquer solução viável para Portugal nunca poderá contar com quem nos conduziu até à actual desventura - logo, a saída da crise terá de passar pela derrota de José Sócrates e dos seus acólitos.
1. A memória política do que nos aconteceu nos últimos anos é a chave para podermos decidir em consciência informada acerca do que está em jogo no próximo acto eleitoral. Não chegámos a esta situação deplorável por acaso. Nem por azar. Nem por sermos vítimas de uma qualquer perseguição dos mercados ou de outras forças tenebrosas e sinistras. Como já escrevi, alcançámos o presente estado de indigência política e financeira por culpa nossa. Porque fizemos as opções erradas. Porque tardámos em reconhecer o erro e, sobretudo, nele perseverámos. Porque esbanjámos a nossa confiança colectiva em gente sem sentido de Estado, para quem o interesse público se confunde com a conveniência imediata e quase sempre assume tonalidades indisfarçavelmente pessoais. Fomos irremediavelmente mal governados. Mas a escolha, sempre desastrada, foi nossa.
Ninguém nos impôs António Guterres por duas vezes. Ninguém nos disse para assistirmos, em estado de pacatez bovina, ao desbaratar do erário público em tresloucados obséquios estatais que não conseguiríamos pagar mesmo que a nossa economia crescesse a níveis europeus. Ninguém nos mandou acreditar na peta infame das Scut, "as auto-estradas que se pagam a si próprias", como então juraram. Ninguém nos ordenou o aplauso néscio quando surgiu a Expo 98 nem no momento em que se insuflou a Administração Pública até à actual dimensão paquidérmica. Ninguém nos amanhou Durão Barroso que venceu as eleições de 2002 com a promessa de um choque fiscal para logo subir os impostos quando se viu no Governo.
E ninguém senão nós escolheu José Sócrates. Com um currículo pessoal aterrador, sem a mais elementar preparação profissional, académica ou cívica, apto a instrumentalizar qualquer valor ou convicção e a quem apenas se pode reconhecer a obstinação daqueles que são capazes de tudo, mas mesmo de tudo, para manter acesas as luzes fátuas do seu ego.
José Sócrates incumpriu todas as suas promessas (lembram-se da regionalização?). Não assumiu um só erro próprio. Nunca teve a humildade dos que têm grandeza para pedir desculpa pelo estado miserável a que nos condenou. Para ele e para os que seguem o seu triste culto, os males em que nos afundámos devem-se a todos os outros: Oposição, mercados, agências de rating, presidente da República, terramoto no Japão ou derrame de petróleo na Florida. Mas nunca compreenderá que se Portugal é hoje caricaturado em toda a parte como um Estado quase falhado, a responsabilidade maior é dele, que tanto nos tem desgovernado - e nossa, que o elegemos.
2. Agora é claro que o fracasso do período de Sócrates vai muito para além da mera ineptidão governativa: este Governo mentiu aos portugueses acerca dos valores dos défices orçamentais e do estado calamitoso das finanças públicas! Fê-lo conscientemente, visando esconder os números que revelavam o seu próprio fiasco e o consequente estado de desgraça em que largaram o país.
Por pressão das instâncias financeiras europeias, o montante do défice de 2010 foi alterado para 8,6% em vez dos 6,8% ficcionados estridentemente pelo Governo. Por sua vez, o défice do ano anterior, 2009, elevou-se para 10%, galgando os 9,3% que tinham sido anunciados pelo Governo. Afinal, excedemos os limites do défice a que nos comprometemos na Europa e que serviram de álibi para os sacrifícios que depredam os portugueses - "está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito melhor no défice", dizia Sócrates...
Hoje, a nossa média do crescimento económico é a pior dos últimos 90 anos. Temos a maior dívida pública dos últimos 160 anos e a dívida externa mais alta dos últimos 120. O desemprego é o mais elevado dos últimos 80 anos e conhecemos a segunda maior vaga de emigração desde meados do século XIX.
Mesmo aqueles que pretendam ser independentes não podem ficar isentos nas próximas eleições - é um imperativo político, moral e higiénico, livrarmos o país e as futuras gerações daqueles que dolosamente iludiram e falharam todos os seus compromissos. Qualquer solução viável para Portugal nunca poderá contar com quem nos conduziu até à actual desventura - logo, a saída da crise terá de passar pela derrota de José Sócrates e dos seus acólitos.
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