segunda-feira, fevereiro 03, 2020

Giovanni Pierluigi da Palestrina nasceu há 495 anos

 
   
Giovanni Pierluigi da Palestrina (Palestrina, 3 de fevereiro de 1525  - Roma, 2 de fevereiro de 1594) foi um compositor italiano da Renascença. Ele era o mais famoso, no século XVI, representante da escola romana. Palestrina teve uma grande influência sobre o desenvolvimento da música sacra na Igreja Católica.
  
Biografia
Giovanni Pierluigi da Palestrina nasceu, como o seu próprio nome indica, em Palestrina (nos arredores de Roma), no ano de 1525. O seu talento musical manifestou-se no final da infância, vindo, por isso, a estudar música em 1537 como pequeno cantor na escola da Basílica de Santa Maria Maior, regressando à sua cidade natal em torno de 1544, como organista.
Em 1550, o bispo de sua cidade foi eleito papa, com o nome de Júlio III. Este convidou-o para segui-lo em Santo Sólio em 1551, onde foi nomeado mestre da Capela Giulia e cantor da Capela Sistina.
Para seu infortúnio, o papa seguinte, Paulo IV, constrangeu à demissão todos os cantores casados ou que houvessem composto obras de música profana (profana no sentido de que não é religiosa), e Palestrina encontrava-se nas duas categorias. Desta forma, abandonou o Vaticano, mas assumiu, imediatamente, a direção musical da Basílica de São João de Latrão em 1555 e, sucessivamente, da Basílica de Santa Maria Maior, em 1561. Em 1571, dirigiu-se para São Pedro. Foi também grande seguidor de São Felipe Neri.
Em 1580, após a morte de sua amada esposa, Lucrezia Gori, teve um momento de crise mística e resolve consagrar-se à igreja. Entretanto, a sua vocação terminou rapidamente, pois, pouco depois, casou-se com uma rica viúva romana, Virginia Dormoli.
Palestrina foi um dos poucos e afortunados músicos de sua época a ostentar uma brilhante carreira pública. A sua fama foi reconhecida universalmente pelos colegas de seu tempo e seus serviços foram requisitados por diversas autoridades da Europa.
Após a sua morte, em 1594, Palestrina foi enterrado na Basílica de São Pedro durante uma cerimónia fúnebre que teve a participação de grande número de músicos e de pessoas da comunidade.
  
      
Considerações sobre o artista
Não houve compositor anterior a Bach tão prestigiado como Palestrina, nem outro cuja técnica de composição tivesse sido estruturada com maior minuciosidade. Palestrina foi denominado como "O Príncipe da Música" e as suas obras foram classificadas como a "perfeição absoluta" do estilo eclesiástico. Reconheceu-se que Palestrina captou, melhor que nenhum outro compositor, a essência do aspecto sóbrio e conservador da Contra-Reforma numa polifonia de extrema pureza, apartada de qualquer sugestão profana. O estilo palestriniano pode-se verificar, com claridade nas suas Missas; a sua índole objectiva, friamente impessoal, resulta extremamente apropriada aos textos formais e rituais do Ordinário. Desde logo a base do seu estilo é o contraponto imitativo franco-flamengo; as partes vocais fluem num ritmo continuo, com um motivo melódico novo para cada frase do texto. Palestrina mostra o caráter que vem associado ao génio: plenamente consciente das suas capacidades e forte popularidade obtidos através de suas composições, nunca foi forçado a aceitar encomendas desagradáveis para sobreviver. Pelo contrário, soube fazer-se recompensar generosamente por todos os seus protetores, de modo que o Vaticano se viu constrangido a aumentar continuamente o seu salário anual, para mantê-lo em Roma, por causa de tantas propostas que recebia.
Foi um homem volitivo, mas com fortes impulsos que o levaram a súbitas e surpreendentes escolhas, tais como o segundo casamento, celebrado após receber ordenações religiosas menores.
Compositor prolífero, publicou muito em vida, e suas obras não caíram no esquecimento; ao contrário, foram sempre apreciadas como obras-primas da polifonia.
  
Produção
O corpus musicale palestriniano foi escrito, preponderantemente, em Roma e apenas para Roma, para uso principalmente litúrgico: para a Missa e o Ofício. Uma boa parte de sua produção aconteceu no período de seu último cargo na Basílica de São Pedro no Vaticano.
O orgânico vocal da capela vaticana era, naquele tempo, mais vasto do que o de qualquer outra igreja (em 1594 era composto, ao todo, de 24 cantores), mas não se adotou o uso de instrumentos, com exceção do órgão.
A linguagem polifónica de Palestrina não se distanciou tanto da maneira tradicional dos mestres franco-flamengos (estes foram os seus primeiros mestres em Roma).
A arte contrapontística de Palestrina se desenvolveu, sobretudo, em direção à inteligibilidade da palavra e de uma sonoridade ordenada de maneira a evitar a enunciação simultânea de textos diversos.
No que se refere ao desenvolvimento das linhas melódicas, é evidente a influência do canto gregoriano. Neste sentido, podemos dizer que o compositor aplicava as regras do Concílio de Trento.
Na grande quantidade de motetos palestrinianos, destaca-se entre todos, pela sua intensa expressividade, o Salmo 137, Super Flumina Babylonis.
Entre os compositores do círculo romano que conservam o rigor técnico do contraponto de Palestrina, deve-se recordar de seus discípulos Giovanni Maria Nanino (1543-1607), Francisco Soriano (1548-1621) e Felice Anerio (1560-1614). Pela alta qualidade da sua produção, destaca-se, entre todos, o espanhol castelhano Tomás Luis de Victoria (1548-1611), enquanto, entre as maiores autoridades intérpretes de Palestrina, ainda hoje em vida, destacam-se os maestros Domenico Bartolucci (1917).
  
  

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