quarta-feira, janeiro 02, 2008

Sismos no continente no último mês

Ocorreram os seguintes sismos, sentidos pelas populações (e logo com intensidade igual ou superior a II na escala de Mercalli Modificada) na região continental do nosso território nos últimos dias:


1. Algarve (a S de Lagoa) em 10 de Dezembro de 2007

Ocorreu em 10-12-2007 , às 17.25 horas, com magnitude 3,0 na escala de Richter e intensidade II (escala de Mercalli Modificada) em Portimão.


2. Alentejo (a SW de Mora) em 10 de Dezembro de 2007

Ocorreu em 10-12-2007 , às 22.47 horas, com magnitude 3,4 na escala de Richter e intensidade III (escala de Mercalli Modificada) em Mora.


3. Alentejo (a SE de Évora) em 17 de Dezembro de 2007

Ocorreu em 17-12-2007 , às 20.43 horas, com magnitude 2,1 na escala de Richter e intensidade II (escala de Mercalli Modificada) em Évora.


4. Alentejo (a E de Arraiolos) em 02 de Janeiro de 2008

Ocorreu em 02-01-2008 , às 08.53 horas, com magnitude 3,1 na escala de Richter e intensidade II (escala de Mercalli Modificada) em Arraiolos.

Fonte - IM

Petróleo a 100 dólares o barril!

O petróleo chegou aos cem dólares! E agora?
02.01.2008 - 18h38
Por Paulo Miguel Madeira

Atingida a barreira simbólica dos cem dólares por barril de petróleo (67,87 euros) no mercado de Nova Iorque, reagindo à fragilidade do valor do dólar, a expectativa dominante é de que os preços da principal fonte de energia da nossa civilização não recuem para níveis muito inferiores, como os menos de 50 dólares de há um ano. O preço de referência para Portugal é mais o do mercado de Londres, mas para efeitos práticos a diferença é mínima. Ontem, o barril de “Brent”, a designação dada ao do mar do Norte, bateu também um máximo absoluto, ultrapassando pela primeira vez os 97 dólares, tocando os 97,74 dólares (66,32 euros).

Os preços poderão mesmo disparar a prazo para valores muito superiores, devido a um conjunto de factores até há pouco tempo ausentes das preocupações imediatas de consumidores e decisores, que levaram a Agência Internacional de Energia a admitir num relatório recente a possibilidade de uma eventual ruptura no abastecimento ao mercado mundial. Mas como será a nossa vida com o petróleo muito mais caro?

Para já não há grande receio de uma escalada da inflação a curto prazo, pois o país tem estado parcialmente protegido da subida do “crude” pela alta continuada do euro face ao dólar, que tem batido sucessivos máximos face à moeda dos EUA e está perto dos 1,5 dólares. Os receios maiores entre os economistas ouvidos pelo PÚBLICO – em Novembro, quando o petróleo esteve acima de 99 dólares, na iminência de atingir os 100 – respeitam a uma penalização mais ou menos forte do crescimento, que em Portugal assume maior gravidade por o país estar há sete anos com a economia a expandir-se menos que a média dos seus parceiros europeus. A perspectiva é que a vida fique ainda um pouco mais difícil.

É pelo menos neste sentido que aponta a opinião de economistas como António Nogueira Leite, catedrático da Universidade Nova de Lisboa e secretário de Estado das Finanças de António Guterres, para quem “não é muito provável que a inflação dispare muito”, embora admita pressões inflacionistas. Mesmo assim, o efeito do elevado preço do petróleo sobre a inflação poderá levar o BCE a subir as taxas de juro, o que em Portugal faz aumentar as prestações que muitas famílias pagam todos os meses pelo crédito à habitação.

O impacto mais directo será no preço dos combustíveis, energia e transportes, conforme realça Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, que pesam próximo de 11 por cento no cálculo do índice do INE que permite medir a inflação, sendo certo que haverá sempre um efeito indirecto sobre a generalidade dos outros consumos, que incorporam também energia e transportes. E por isso Eduardo Catroga considera que o objectivo da inflação fixado pelo Governo para 2008 poderá ser difícil de alcançar.

Luís Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e Energia de Cavaco Silva (de 1987 a 1995), diz que se o petróleo continuar a subir, mesmo num cenário em que o euro permaneça aos níveis actuais, isso “terá impactos na inflação”, mas realça que os portugueses devem preocupar-se é com o crescimento económico.

Isto porque, “se o dólar continuar a descer, a economia vai ser mais afectada em termos de exportações e crescimento do que de inflação”, diz ainda Mira Amaral, que tem formação em engenharia e em gestão e é catedrático convidado do Instituto Superior Técnico. A sua expectativa é de que a actual tendência deslizante do dólar continue até à eleição do novo Presidente dos EUA (no final do próximo ano) e que depois a moeda norte-americana estabilize face ao euro.

Isto num contexto em que o défice das trocas com o estrangeiro “já é preocupante”, como realça João Ferreira do Amaral, catedrático do ISEG e que foi assessor de Jorge Sampaio na Presidência da República.

Também para este economista, “as principais incidências negativas” da alta do petróleo serão sobre o crescimento económico, no que é acompanhado por Nogueira Leite, que receia mesmo que a estagnação da economia possa prolongar-se devido ao impacto dos preços da energia, prevendo “uma vida um pouco mais difícil do que no passado”. E manifesta-se mais preocupado com os resultados do crescimento a longo prazo do que a curto prazo, e com “a capacidade de a humanidade evoluir para ficar menos dependente do petróleo.

Para já também não são manifestados grandes receios quanto ao impacto desta escalada do preço sobre o Orçamento do Estado. João Ferreira do Amaral, Mira Amaral e Eduardo Catroga pensam que não deverá ter grande impacto. “A não ser que haja uma grande quebra do crescimento na Europa e em Portugal”, ressalva o primeiro.

Um novo contexto no mercado do petróleo

A grande razão para a tendência de fundo de subida do preço do petróleo é o crescimento continuado a taxas elevadas das economias da China e da Índia, que pressionam a subida da procura de um novo modo. Além disso, nos EUA, o crescimento de subúrbios habitados pela classe média-alta gerou novos picos de procura, apesar dos preços elevados. Mas para os preços do momento contribuem também outros factores, com destaque para uma forte componente especulativa e as tensões geopolíticas.

O “cocktail” de todos estes aspectos faz com que a perspectiva seja de manutenção de preços elevados, que tanto poderão recuar dez ou vinte dólares – mesmo assim permanecendo muito acima dos níveis de há um ano – como subir para 120 ou 150 dólares. O Presidente da Venezuela ameaçou mesmo, na última cimeira da OPEP, com uma subida do preço do petróleo para 200 dólares em retaliação contra um eventual ataque ao Irão.

A ideia de que o preço do petróleo se vai manter elevado é subscrita por todos os economistas ouvidos pelo PÚBLICO. Nogueira Leite considera “elevada” a probabilidade de alta do petróleo e diz mesmo que nos próximos anos o preço vai ser “elevado”. E justifica esta tendência com os consumos da China e da Índia.

João Ferreira do Amaral fala em “incerteza”, mas considera provável que o preço se mantenha elevado, “dadas as pressões sobre as reservas e a eventual evolução do dólar”. Considera mesmo que a moeda dos EUA “ainda está alta” atendendo ao défice externo do país.

Mira Amaral aposta por seu lado num preço médio de 90 a cem dólares, com subidas e descidas. “Isto não é ciência exacta”, ressalva, para dizer que “tudo é possível”, pois estamos a falar de cenários. Diz que a oferta está a aumentar e por isso não vê razões para daqui a um ano o petróleo estar a 150 dólares/barril, o que aliás “já iria gerar grandes tensões no mundo”.

Realça no entanto que tudo isto depende da evolução da relação euro/dólar, o que dificulta perspectivar a evolução do cenário para a economia portuguesa. E admite que os países exportadores se possam sentir tentados a cotar o petróleo em euros – o que foi também assunto levantado na última cimeira da OPEP, com o Presidente do Equador a mostrar-se favorável a que o petróleo fosse cotado numa divisa mais forte do que o dólar.

Mesmo com esta escalada, o choque causado pelo crescimento do consumo da China e da Índia, ajudado pela especulação, está a ter efeitos menos graves na economia do que o provocado pelos árabes com a cartelização dos preços na OPEP nos anos 1970. Isto porque o Ocidente está menos dependente do petróleo em termos relativos, e a dependência deverá continuar a diminuir.

Hábitos de consumo em causa

Mas a consequência aparentemente mais funda da alta do preço do petróleo deverá ser a aceleração da mudança de paradigma energético, para formas de energia alternativas mais limpas, com destaque para os transportes, que poderão passar dentro de algumas décadas a utilizar maciçamente fontes híbridas de energia, ou mesmo o hidrogénio.

Nogueira Leite e Mira Amaral são peremptórios: o hidrogénio vai acontecer, mas não sabemos exactamente quando. Nogueira Leite conta que há quem lhe fale em 20 anos, mas que os seus amigos na Galp lhe falam em 50 anos. O Departamento de Energia dos Estados Unidos tem mesmo em curso um programa para, em parceria com os grandes construtores automóveis do país, desenvolver veículos movidos com energia limpa e sustentável, para reduzir a dependência do país face ao petróleo importado.

Mas haverá também consequências importantes na produção de electricidade, embora ainda não seja claro como será o peso de cada uma das fontes. Estão no horizonte a eólica, volta-se a falar do nuclear e há a expectativa da fusão a frio, lembra Nogueira Leite.

Por outro lado é preciso fazer um investimento enorme na conservação energética nos escritórios e na habitação, dizem Mira Amaral e Nogueira Leite. Estará aqui “a mais importante fonte de poupança”. E quanto mais caro for o petróleo, mais compensa adaptar casas antigas ou investir nas novas construções para que tenham mais eficiência.

Assim, se a curto prazo é difícil reduzir drasticamente a dependência do petróleo, a longo prazo esse cenário afigura-se como certo.

João Ferreira do Amaral acha importante que as pessoas tenham a preocupação de poupar combustível, não só por causa dos preços, mas também por causa das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, que contribuem para o aquecimento global. “Olhando-se para as estradas, vê-se excesso de velocidade e os carros a entrarem na cidade só com uma pessoa.”

Defende a substituição do transporte individual pelo colectivo, mas diz que isso depende de o aumento do combustível ser suficiente para desincentivar as pessoas. Considera a opção pelo carro mais uma questão cultural do que de falta de transportes públicos e diz que o estacionamento na cidade é barato e não é disciplinado. No entanto, diz que “se o preço do petróleo se mantiver ao nível actual o impacto não será muito grande” neste domínio.

in Público - ler notícia

O Novo Modelo de Gestão das Escolas: Algumas Notas Prévias à Discussão

Publicamos novo post de Paulo Guinote, na sequência dos anteriores do Blog A Educação do meu Umbigo:

Antes de tentar fazer uma análise do projecto de decreto-lei apresentado pelo ME para a gestão das escolas e estabelecimentos de ensino públicos, gostaria de fazer algumas considerações prévias, que acho essenciais para esclarecer eventuais (pre)conceitos, assim como para justificar porque esse debate é importante. E já agora porque acho eu que tenho algo para dizer, pois não sou um especialista instantâneo em toda e qualquer matéria educativa.

Vamos lá:

  • Porque interessa este debate? Interessa porque pretende mudar o regime de administração da rede de ensino público não-superior, menos de uma década depois da última reforma (durante o Ministério de Marçal Grilo), sem que se perceba exactamente os critérios que justificam tal mudança. São critérios fundamentalmente administrativo-financeiros? São critérios de natureza pedagógica? É uma mudança conceptual em todo o modelo? Interessa perceber porque acontece esta mudança, que objectivos persegue, que fundamentação têm as soluções apresentadas e, já agora, se não existiriam outras soluções mais adequadas à resolução dos bloqueios eventualmente detectados no actual modelo.
  • A quem interessa este debate? Interessa verdadeiramente a todos, em especial a todos os actores sociais que se cruzam na Escola Pública e que são chamados a intervir nela por força destas propostas (embora em boa verdade já o fossem anteriormente, embora alguns não tenham comparecido da forma desejável). Interessaria ao próprio ME ter suscitado a discussão a partir de um documento aberto e não de um articulado onde se adivinha a possibilidade de acertos meramente pontuais. Interessa às famílias, que se pretende que venham a ter uma quota-parte de responsabilização maior na gestão das escolas. O mesmo se aplica para as autarquias locais, que no caso do 1º CEB nem sempre têm feito o melhor que poderiam. Interessa aos professores e funcionários porque - até mais do que os alunos - são eles que passam lá a maior parte da sua vida e lá fazem a sua carreira profissional. Porque quando dizemos que não haveria Escola sem alunos, se esquece que, sendo isso verdade, são os professores que lá permanecem mais tempo.
  • Como se deveria realizar idealmente este debate? Deveria ser feito com tempo para uma verdadeira discussão pública, assim como deveria ser dinamizado pelo próprio ME directamente ou através dos seus organismos regionais ou mesmo a partir do Conselho das Escolhas ou do Conselho Nacional da Educação, entidades que - de acordo com o seu próprio estatuto - deveriam ser consultadas antes da produção de projecto legislativo e não apenas a posteriori. Por estranho que pareça, e isso seria possível sensibilizando e mobilizando os Centros de Formação de Professores, seria utilíssimo ter estabelecido um calendário para a discussão local e regional do tema durante este mês de Janeiro e, a partir daí, congregar os contributos recolhidos de Associações de Pais, Autarquias e Professores. Não é negar completamente a representatividade a entidades como os Sindicatos, a Confap ou a ANMP, mas a verdade é que neste momento aqueles que essas organizações representam estão completamente a leste do que se passa e só estão informados a partir dos seus próprios meios. O que só foi reforçado pelo lançamento da discussão pública no dia 26 de Dezembro passado.
  • Porque razão no universo acho eu que tenho algo a dizer sobre o assunto? Pela mesma razão que qualquer outro professor, encarregado de educação, autarca ou cidadão comum interessado na vida pública - neste caso educativa - do país. Não acho que a minha opinião tenha um especial valor acrescido em relação à generalidade dos meus colegas, pois nunca exerci (nem espero exercer) qualquer cargo na área da administração ou gestão escolar. Não tenho especial conhecimento prático dessas matérias para além da observação, durante cerca de duas décadas, do funcionamento de uma dezena de escolas públicas. Em termos teóricos, posso ter algum crédito adicional porque, por circunstâncias variadas, acabei por ler alguma bibliografia sobre gestão, quer em termos de comparação de modelos de gestão nos sectores público e privado (ajudei uma pessoa da família nas leituras teóricas para uma tese na área da Gestão, tendo traduzido uns 20 artigos sobre o assunto e lido uma mão-cheia de obras de referência sobre o tema. Para além disso, e por razões relacionadas com o meu próprio doutoramento - mesmo se não se nota muito no produto final, porque foram umas dezenas de páginas que se sacrificaram para não causar uma apoplexia ao orientador e júri - li bastante bibliografia sobre estilos de school management numa perspectiva comparativa e mais especificamente sobre a gestão escolar cada vez estar mais feminizada, o que tem implicações teóricas e práticas interessantes. Pelo que, pelo menos no plano das ideias e modelos, estou suficientemente informado.

Tendo em atenção estes esclarecimentos, penso que é possível agarrar nisto e analisar-lhe as premissas, identificar as eventuais vantagens e enumerar os aspectos que me merecem discordância, tanto em termos de modelo abstracto como de concretização prática no nosso contexto.

Professores

Recebi por e-mail, de vários amigos, o texto/poesia seguinte, de autor que desconheço e que a seguir publico:


Faço projectos, planos, planificações;
Sou membro de assembleias, conselhos, reuniões;
Escrevo actas, relatórios e relações;
Faço inventários, requerimentos e requisições;
Escrevo actas, faço contactos e comunicações;
Consulto ordens de serviço, circulares, normativos e legislações;
Preencho impressos, grelhas, fichas e observações;
Faço regimentos, regulamentos, projectos, planos, planificações;
Faço cópias de tudo, dossiers, arquivos e encadernações;
Participo em actividades, eventos, festividades e acções;
Faço balanços, balancetes e tiro conclusões;
Apresento, relato, critico e envolvo-me em auto-avaliações;
Defino estratégias, critérios, objectivos e consecuções;
Leio, corrijo, aprovo, releio múltiplas redacções;
Informo-me, investigo, estudo, frequento formações;
Redijo ordens, participações e autorizações;
Lavro actas, escrevo, participo em reuniões;
E mais actas, planos, projectos e avaliações;
E reuniões e reuniões e mais reuniões!...

E depois ouço,
alunos, pais, coordenadores, directores, inspectores,
observadores, secretários de estado, a ministra
e, como se não bastasse, outros professores,
e a ministra!...

Elaboro, verifico, analiso, avalio, aprovo;
Assino, rubrico, sumario, sintetizo, informo;
Averiguo, estudo, consulto, concluo,
Coisas curriculares, disciplinares, departamentais,
Educativas, pedagógicas, comportamentais,
De comunidade, de grupo, de turma, individuais,
Particulares, sigilosas, públicas, gerais,
Internas, externas, locais, nacionais,
Anuais, mensais, semanais, diárias e ainda querem mais?
- Querem que eu dê aulas!?...

Humor judaico: O Dilúvio


Imagem roubada ao Blog Rua da Judiaria.

Ministério da Educação resolve mais um grave problema das Escolas portuguesas!

Educação: Igreja não gosta das novas orientações
Escolas sem nomes santos

Na nova nomenclatura das escolas portuguesas desaparecem as referências religiosas, por determinação do Ministério
Na nova nomenclatura das escolas portuguesas desaparecem as referências religiosas, por determinação do Ministério

As escolas Básicas e Secundárias vão deixar de ter santos ou santas na denominação oficial. A indicação partiu do Ministério da Educação, no âmbito da aplicação do Decreto de Lei n.º 299/2007, da Lei de Bases do Sistema Educativo.


O Decreto, de 22 de Agosto, define as normas aplicáveis à denominação dos estabelecimentos de educação ou de ensino públicos não superiores, acabando com as tradicionais EB 1 ou EB 2,3 e passando a existir apenas escolas Básicas e Secundárias.

Quanto ao nome, o decreto diz que “deve criar-se designações com que as comunidades educativas se identifiquem e que sejam facilitadoras da elaboração de cartas educativas, tratamento estatístico e da aplicação das novas tecnologias”.

Fala também o decreto da faculdade de a escola poder incluir o nome de um patrono, que deve ser “uma personalidade de reconhecido valor, que se tenha distinguido na região no âmbito da cultura, da ciência ou educação, podendo ainda ser alusivas à memória da expansão portuguesa, à antiga toponímia ou a características geográficas ou históricas do local onde se situam os estabelecimentos de ensino”.

Assim, para redenominar as escolas públicas o Ministério entendeu encarregar da escolha as assembleias de escola, dando entretanto a indicação aos órgãos directivos de que devem ser evitadas alusões religiosas, como nomes de santos ou santas. Esta ordem gerou alguma polémica em agrupamentos do distrito de Braga, com várias pessoas a recusarem o riscar do nome da terra.

Ora esta situação vem causar grandes dificuldades, nomeadamente ao nível das antigas escolas primárias, agora escolas Básicas, cujo nome era, por norma, o mesmo da freguesia.

Tendo em conta o caso de Lisboa, por exemplo, em que 31 das 53 freguesias têm nomes católicos – como Santa Justa, Santa Engrácia, S. Francisco Xavier ou Nossa Senhora de Fátima – prevê-se que a tarefa não seja nada fácil.

Refira-se que mais de trinta por cento das freguesias portuguesas tem nome de santos ou santas.

ESCOLAS RETIRARAM CRUCIFIXOS

O Ministério da Educação enviou em Novembro de 2005 ofícios às escolas onde existiam crucifixos nas salas de aula, ordenando a remoção desses símbolos religiosos, no âmbito de uma operação iniciada em Maio que surge na sequência de uma exposição da Associação Cívica República e Laicidade. O Governo defendeu a medida alegando que esta é uma decisão assumida com o “respeito pela diferença”. Em Junho último, a mesma associação solicitou também ao Ministério da Saúde a adopção de igual medida nos hospitais públicos. A Igreja Católica contestou a posição da associação. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa e então porta-voz da Conferência Episcopal, lamentou que haja “instituições tão antiquadas”. “É preciso perceber que a sociedade portuguesa não é laica”, disse.

"ESTÁ EM CAUSA A NOSSA CULTURA"

Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) trata-se de “mais um passo numa escalada laicista sem sentido, que já se iniciou há uns tempos”. “A ser verdade essa intenção, estamos perante um caso de inaceitável fundamentalismo”, disse D. Jorge Ortiga, considerando que “está em causa a nossa cultura”. Referindo que não gosta de comentar as situações sem estar devidamente fundamentado, o arcebispo de Braga lamentou, no entanto, que “todos os dias se assista a esta tentativa de cavalgada laicista, contra os valores mais profundos da maioria da população”.

Questionado sobre a eventual retirada de todas as figuras religiosas da heráldica nacional, nomeadamente das bandeiras de municípios e freguesias, D. Jorge Ortiga disse não querer acreditar que tal possa acontecer. “Espero que tudo isto não passe do mundo das intenções e que, na hora da verdade, o bom senso prevaleça”, disse.

SAIBA MAIS

7272 escolas de ensino Primário existentes em Janeiro de 2007. Destas, 3064 tinham menos de vinte alunos. Escolas dos 2.º e 3.º ciclos e Secundário eram na mesma data 1229.

24 freguesias de Lisboa possuem nomes de santos como Santiago ou Santa Maria de Belém. Sete outras, como Anjos, possuem nomes ligados ao Cristianismo.

PROCISSÕES

É prática nas festas concelhias os autarcas (representantes do Estado laico) integrarem a procissão do santo padroeiro, atrás do pálio.

FERIADOS

Dos 15 feriados celebrados, oito são religiosos. Sete são de expressão nacional. Nos Santos Populares cada concelho celebra um de três santos.

FORÇAS ARMADAS

Equiparado a general de duas estrelas, a estrutura militar tem a figura do Vigário Castrense, bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança.

in Correio da Manhã - ver notícia

Palestra em Évora - 03.01.2008

Seminários CGE/UE


A Tale of Two Surfaces: River terrace ages and periglacial upland erosion rates estimated using cosmogenic radionuclides, central Appalachians, USA

Gregory Hancock

Departamento of Geology, College of William and Mary, Williamsburg, Virginia


Hora: 15.30 horas

Data: 3 de Janeiro de 2008

Local: Anfiteatro 1 – Colégio Luis Verney

Promove: Centro de Geofísica de Évora - Universidade de Évora (CGE/UE)

NECA descobre novas espécies de animais troglóbios no mundo subterrâneo de Sesimbra

Do Blog do NECA (Núcleo de Espeleologia da Costa Azul) publicamos, dando os parabéns aos descobridores, o seguinte post:


Sesimbra é conhecida pelas suas riquezas naturais, muito por “culpa” do seu mundo subterrâneo. As muitas cavidades existentes no concelho (grutas, algares e lapas) são reconhecidas a nível mundial pelo seu património geológico. No entanto começam agora a ter também renome devido ao seu património biológico. Com o apoio da Câmara Municipal de Sesimbra, a equipa de investigação do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul (NECA), contando com biólogos entre os seus membros, tem sido constantemente surpreendida pela descoberta de novas espécies de animais troglóbios. Estes animais não são mais que seres que apenas sobrevivem literalmente debaixo dos nossos pés, escondidos do mundo exterior e incapazes de sobreviver à superfície. Até agora a maioria das descobertas deu-se no Sistema do Frade, na Serra dos Pinheirinhos.

Descoberta há dois anos por mero acaso nas Grutas do Fumo, Utopia e Coelho, a mais pequena aranha europeia, com meio milímetro de comprimento, identificada como pertencendo ao género Anapistula, está a ser estudada por especialistas do Museu de História Natural da Dinamarca. Não só se trata de uma nova espécie para a ciência, nunca antes vista a nível mundial, como os critérios mundialmente aceites da União Internacional para a Conservação da Natureza a classificam como “criticamente em perigo de extinção”. Como curiosidade, esta espécie aparenta ser partenogénica, ou seja, não existem machos dando-se a reprodução através de clonagem das fêmeas. Ainda não se tem a certeza, mas pensa-se que esta espécie será descendente de alguma outra aranha que existisse à superfície quando autênticas florestas tropicais recobriam toda esta área, há milhares de anos. Com a vinda das grandes épocas glaciais, algumas destas pequenas aranhas podem-se ter refugiado no clima mais “temperado” das grutas e aí ficaram até hoje. Os seus parentes mais próximos conhecidos estão agora restritos à floresta tropical Africana.

Outra nova espécie, desta vez para o continente Europeu, é um pequeno diplópode (normalmente conhecido como maria-café ou centopeia) do género Lophoproctus. Estando a ser estudado por uma especialista do Museu de História Natural de Paris, trata-se possivelmente de uma espécie que até agora só era conhecida das Ilhas Baleares. Encontrado apenas na Gruta do Fumo, trata-se de mais um animal com as características típicas dos verdadeiros cavernícolas: corpo despigmentado, quase transparente pois no escuro os animais não precisam de disfarces ou qualquer tipo de coloração, apêndices e pêlos longos que substituem os olhos pouco ou nada desenvolvidos e frequentemente uma vida muito longa pois a pouca disponibilidade de alimentos nas grutas obrigam a um desenvolvimento muito lento destes seres.

Se em pouco tempo se atingiram estes resultados, quanto mais haverá por conhecer? Que outros seres desconhecidos ainda se escondem de todos nós aqui tão perto?

Texto: Pedro Cardoso (Biólogo)


Anapistula (0.5mm) Foto: Pedro Cardoso

terça-feira, janeiro 01, 2008

Só para recordar 2007



E, como diria o sargento Scolari, "... e o burro sou eu...!"

O Novo Modelo de Gestão das Escolas: O Debate Necessário

Publicamos novo post de Paulo Guinote, do importante Blog A Educação do meu Umbigo - a luta continua! Podemos ser (mais uma vez...) espezinhados pelo Ministério da Educação, mas lutaremos por um modelo de Escola democrática tal como hoje (ainda) existe...!


Já que não se percebe como a tutela pensa envolver todos os interessados na discussão do novo modelo de gestão escolar, para além do espaço reservado no site do ME para quem quiser deixar o seu contributo, parece sentir-se a necessidade em muitos de nós de conhecer melhor o novo modelo proposto para a gestão das escolas públicas, assim como de debater a solução apresentada.

Se com os contributos que foram deixados para o Debate Nacional sobre a Educação foi o que se viu (tudo na gaveta), com todo o aparato formal que teve, já sabemos que neste caso a “consulta pública” não passará de uma formalidade com um sentido: o ME apresenta a sua proposta, os parceiros e o vulgo lêem-na e está tudo resolvido. Acertam-se umas vírgulas, emendam-se as incongruências mais disparatadas e o projecto faz-se lei com todas as suas insuficiências, equívocos e contradições com outros diplomas legais em vigor.

Pelo menos com o RAAG houve algum cuidado em, gostássemos ou não do projecto, tentar explicá-lo às pessoas, com sessões abertas ao público interessado e mesmo com debates sobre o tema. Podiam não ser as melhores iniciativas - assisti a uma perfeitamente caricata com um técnico superior do ME, apoiado num powerpoint, que não aceitava interrupções na sua exposição e escrutinava as questões a que não respondia - mas era alguma coisa.

Agora adivinha-se pouco mais do que nada: um destes dias alguém do ME reúne-se com os “parceiros” e dessa reunião sairão sindicatos zangados, Confap feliz e a ANMP a pedir mais dinheiro. Consta que o Conselho de Escolas emitirá um parecer, mas desconhecem-se os trâmites para a sua elaboração.

Por isso mesmo é necessário que algo mais se faça, em tão curto espaço de tempo. E nesse sentido a Isabel Guerreiro enviou-me no passado domingo o mail que passo a transcrever na íntegra (e a que já aludira em post anterior):

Olá Paulo

Não me conheces mas como tu sou professora e descobri há pouco tempo o teu blogue, onde me revejo (como muitos outros colegas aliás) nas tuas tomadas de posição perante o descalabro que tem sido a actuação deste governo no campo da educação.

Ao mesmo tempo constato, com desânimo, que muitas das vozes de protesto que se ouviam/liam se remeteram ao silêncio (de mim falo) ou andam por aí espalhadas pelos vários umbigos da blogosfera.

Esta notícia do Público (ver anexo) não é uma surpresa e faz antever a machadada final que se preconiza para a escola pública, republicana e laica.

Penso que, se não fizermos alguma coisa agora, será muito difícil reavê-la mais tarde.

Sabemos como é a nossa “classe” e os nossos “sindicatos” mas ninguém me convence de que esperarmos de braços cruzados é a única alternativa.

Por que não esquecermos as divergências pontuais de alguns professores e pedagogos mais lúcidos e activos da nossa (pobre) praça (estou a pensar em Santana Castilho, Mithá Ribeiro, Amélia Pais e outros tantos que certamente conhecemos) e nos reunimos para tomar uma posição firme e clara perante tudo isto?

O projecto de lei vai estar em debate público durante o mês de Janeiro, não há tempo a perder.

Um dos pontos de partida poderia ser um abaixo-assinado on line que permitisse também agregar o maior número de pessoas em torno desta questão central para a democracia, de modo que, mesmo o governo leve avante o seu projecto, se possa constituir um grupo mais ou menos organizado de resistentes.

A escola pública tem de ser uma questão transversal de cidadania acima de lógicas “politiqueiras” mesquinhas!

Uma vez que muitos colegas nossos frequentam o teu blogue, deixo-te este desafio: não queres tomar a iniciativa de promover um debate público aberto sobre esta questão (não faltarão espaços onde um evento desses possa ter lugar)?

Isabel Guerreiro
(professora de educação musical)

Como a ideia é boa, reencaminhei este mail para uma dúzia de colegas, autores de blogues e não só, no sentido de auscultar ideias e se procurarem propostas de acção concreta para as próximas semanas. O Fernando Martins divulgou a ideia no Geopedrados, o Miguel Pinto fez o mesmo, acrescentando a sua opinião no outrÒÓlhar, o José Matias Alves já vem abordando o assunto há alguns dias no Terrear, assim como já terão aparecido entretanto outras prosas em outros blogues, à medida que fui recebendo resposta aos mails e comentários aqui no Umbigo por parte de pessoas de que não tenho o contacto directo.

Neste momento, e para facilitar, eu sintetizaria algumas das opções em aberto, para serem concretizadas em rede ou isoladamente, a partir da ideia original. Nos próximos dias (até final da semana) irei tentar sistematizar prós e contras e avaliar da exequibilidade de cada uma.

  • Realização de um encontro de âmbito nacional sobre o tema, organizado a partir da blogosfera, mas com ancoragem em grupos locais/regionais de professores.
  • Realização de uma rede de encontros locais/regionais deste tipo, com um calendário adequado às possibilidades de cada grupo dinamizador, reunindo-se no final os diversos contributos.
  • Sensibilização dos órgãos de gestão das Escolas/Agrupamentos e Centros de Formação para a realização - em prazo útil - de iniciativas destinadas ao debate do tema.
  • Organização de um abaixo-assinado/petição online para que o debate em torno desta legislação seja mais alargado.
  • Produção de materiais sobre o tema para um suplemento especial do Correio da Educação a publicar na segunda/terceira semana de Janeiro, sob coordenação do J. Matias Alves.
  • Abordagem sistemática do diploma apresentado pelo ME, assim como do modelo de gestão da Escola Pública nos blogues.

Penso que, no essencial, são estas as ideias que até ao momento recolhem maior consenso, sendo evidente que quase todos os que se pronunciaram parecem concordar que, mesmo articulando esta iniciativa com organizações existentes, deveria ser algo que emanasse directamente dos professores e da sua vontade de participar na discussão do seu futuro, sem filtragens hierárquicas/organizativas, que possam desvirtuar a sua espontaneidade ou tornar mais fácil a sua catalogação por parte de quem gosta de ver o mundo apenas a preto/branco ou vermelho/verde.

Como iniciativa de Ano Novo a coisa é obviamente ambiciosa.

Pelo que me toca, e na medida das minhas possibilidades, a partir de amanhã penso começar uma série de textos sobre a proposta governamental de gestão escolar, da qual discordo em vários aspectos da sua fundamentação teórica, da sua dimensão prática e ainda da sua incongruência com diversa legislação existente,a começar pela LBSE. Esses textos serão sintetizados para uma crónica a inserir no Correio da Educação. Se estiver mesmo bem disposto colocarei os materiais produzidos aqui no blogue, incluindo este post, no espaço de propostas aberto pelo ME.

Na minha escola, onde tem sede um Centro de Formação, irei procurar saber o que se poderá realizar a nível local e, a partir daí, procurar perceber o que será possível alargar.

Claro que quem tiver essa possibilidade e principalmente os contactos certos, também deveria sensibilizar quem de direito nos órgãos de comunicação social de “referência”, escritos mas não só. Porque não conheço a agenda do Prós & Contras não sei se esta será uma temática a abordar proximamente.

Agora, é esperar de forma activa pelos próximos episódios.

Microscópio no LIDL

A partir de 07.01.2008, em todo o país, o LIDL tem à venda um microscópio que, de acordo com os entendidos, é uma boa aquisição para quem gostar de microbiologia, embora seja de de salientar o exagero da ampliação máxima referida, mas ninguém é perfeito. Eis os seus dados (retirados do atrás citado site do LIDL):


Microscópio escolar Biolux
  • Lentes de Barlow e 2 oculares de ângulo de visão largo;
  • Iluminação LED;
  • Ocular para ligação ao PC através de USB e software;
  • Objectivas de alta qualidade ( 4x, 10x, 40x);
  • Inclui uma vasta gama de preparados e instrumentos;
  • Ampliação: 20-1280x;
  • Garantia de 5 anos.

Os melhores aspectos desta proposta são o preço, apenas 69 euros, a ligação ao Computador (permitindo gravar imagens) e a garantia (5 anos).

Embora hoje seja terça-feira...


...nada melhor do que começar o ano novo (antes que o estraguemos e passe a ano velho...) com Poesia:

PERENIDADE

Se eu não fosse poeta,
O dia de hoje seria apenas
Segunda feira.
Igual a tantos outros,
De trabalho, de pressa e de canseira
E apagado nas horas.
Assim foi singular.
Ocioso,
Moroso
E repousado,
E teve
A duração num verso demorado.
Dez sílabas que agora
O amanhecem
E anoitecem
No meu ouvido,
Depois de acontecido.

in Diário XV, Miguel Torga, 06-01-1989

segunda-feira, dezembro 31, 2007

Para entrar no Ano Novo como deve ser


ESPERANÇA


O poema quer nascer das trevas.
Está nas palavras, e não as sei.
É como um filho que não tem caminho
No ventre da mãe.
Dói,
Dói,
Mas a negar-me teimosamente
A todos os acenos libertadores
Do desespero dilacerado.
No silêncio cansado
E paciente
Canta um galo vidente.
E diz que cada dia
Que anuncia
É sempre um dia novo
De renovo
E poesia.

Coimbra, 31 de Dezembro de 1989


in Poesia Completa II - Miguel Torga

Sítios para visitar na Internet - III

Mais sugestões para um novo ano a surfar na net, como dizem os meus alunos, ainda e sempre na blogosfera nacional:

1. Geocrusoe

Blog muito interessante de um geólogo faialense, que se descreve assim:
"Geólogo de paixão e vocação,sobretudo vulcanologia e riscos geológicos. Nascido no Canadá sempre tive o dilema de ser estrangeiro em Portugal mas português de sangue. Cristão de consciência e fé, mas permanentemente descontente com as religiões o mundo em geral, busco permanentemente valores e ideais. Adoro ser perfeito no que faço, o que raramente acontece,prefiro que os meus projectos cresçam e sejam reconhecidos e que eu desapareça deles como criador ou co-autor dos mesmos."



2. De Rerum Natura

Blog assumidamente de ciência e divulgação científica, com nomes importantes do nosso panorama científico. As controvérsias são imperdíveis e há textos para todos os gostos e feitios...



3. Grande Loja do Queijo Limiano

Blog gerido por magistrados, conotado politicamente, com texto sobre política, música, notícias actuais e justiça, entre outros. Um sítio que eu gosto de ler quase diariamente...



4. Sorumbático

Blog muito interessante, com gente que gosto imenso de ler (Medina Ribeiro, Nuno Crato, Joaquim Letria, Alice Vieira, Saldanha Sanches, Pedro Barroso, Batista-Bastos, entre outros...) com piada e conteúdo. Muitos passatempos, por vezes com prémios, fotografias, desenhos humorísticos, textos actuais, tudo isto num só local...

Vigilância de Tsunamis no Atlântico

Tsunami

Portugal vigia ondas no Atlântico
2007-12-29

A 25 de Agosto deste ano o navio da marinha italiana ‘Urania’ colocava, a cerca de cem quilómetros a sudoeste do cabo de São Vicente e a 3200 metros de profundidade, o primeiro observatório subaquático de tsunamis ao largo da costa portuguesa. Iniciava--se assim a criação de um sistema de alerta para ondas gigantes no Oceano Atlântico, o Geostar.


“Depois do tsunami de Sumatra, em Dezembro de 2004, a UNESCO decidiu colocar estes sistemas em todos os oceanos”, refere Maria Ana Baptista, coordenadora do grupo de trabalho português do Nearest (ver caixa). “No Pacífico já existia um, no Índico e no Atlântico ainda não”, acrescenta.

O local para a colocação da Geostar foi escolhido por ter sido naquela zona que tiveram origem os principais sismos que assolaram Portugal – incluindo o de 1755 – junto às falhas do Marquês de Pombal e da Ferradura É também ali que se acredita poder ser gerado um sismo com amplitude semelhante, com capacidade para criar um tsunami, como aconteceu no séc. XVIII.

“Para surgir um tsunami, um sismo no fundo do mar tem de ter, pelo menos, 6.5 ou 7 graus de magnitude na escala de Richter”, diz Maria Ana Baptista. “Foi isso que aconteceu em 1755 como se acredita que tenha acontecido no sismo de 1969”, conta. Neste último abalo “houve um tsunami”, mas como se verificou às 02h00 da manhã “existem poucos testemunhos”, explica a investigadora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

No equipamento que compõe a Geostar existe um sismómetro que detecta a magnitude dos abalos, tal como sensores para controlar a pressão da água (ver caixa sobre equipamento).

A informação é enviada do fundo do mar para a bóia à superfície e depois desta para as estações que se encontram em terra. “Se há a possibilidade de se gerar um tsunami, nessa altura o Instituto de Meteorologia avisa a Protecção Civil e são tomadas medidas de prevenção”, descreve Maria Ana Baptista. A velocidade a que a informação é difundida é essencial. Para que se tenha uma ideia, em 1755 o tsunami demorou vinte minutos a atingir a costa. Em 1969 foram 35 minutos.

A Geostar foi colocada a título experimental e é financiada pelo Nearest – com fundos do VI Quadro Comunitário de Apoio. Para já existem verbas para a manutenção durante um ou dois anos. Depois a intenção é que seja englobado no projecto da UNESCO que deve estar a funcionar em pleno em 2011.

EQUIPAMENTO NO FUNDO DO MAR

O equipamento que detecta a eventual formação de um tsunami está no fundo do mar em permanente comunicação com a bóia à superfície – é esta que depois envia a informação para as estações na costa. A detecção é feita através dos sensores de pressão (1), que analisam o peso da coluna de água. Uma variação pode indicar a possibilidade de formação de um tsunami. O sistema inclui ainda um sismómetro (4) para detecção de abalos, um hidrofone (3) que transforma os sons subaquáticos em impulsos eléctricos e as baterias (2), que fornecem a energia a todo o conjunto.

COMO SE FORMAM

Os tsunamis formam-se quando há alterações abruptas que provocam o deslocamento vertical de uma grande massa de água, formando uma ou várias ondas de grande dimensão. Na origem dos tsunamis podem estar sismos, como aconteceu no Oceano Índico em 2004, mas também explosões vulcânicas ou mesmo o impacto de meteoros. No caso dos sismos, quando ocorrem no mar a massa de água localizada sobre a zona é afastada da posição de equilíbrio. As ondas são resultado da acção da gravidade sobre a perturbação da massa de água.

SISTEMA CUSTOU 330 MIL EUROS

O Nearest é um projecto que pretende identificar e caracterizar potenciais fontes de tsunami perto da costa no golfo de Cadiz. A Geostar, que custou 330 mil euros, foi um dos passos mais importantes do projecto, que conta com a participação de diversos organismos e universidades de Portugal, Itália, Espanha, Alemanha, França e Marrocos. A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa é o representante nacional. Maria Ana Baptista refere que depois do período inicial “terá de ser um organismo oficial, do Estado, a assumir as despesas com a manutenção da estação”.


NOTAS

GRANDES SISMOS

Na zona onde está a Geostar teve origem a maioria dos grandes sismos que afectaram Portugal, nomeadamente os de 1755 e de 1969 que geraram tsunamis.

LOCALIZAÇÃO EXACTA

A Geostar está localizada na latitude 36,30 Norte e longitude 09,37 Oeste, no golfo de Cadiz, entre Portugal e Marrocos, à entrada do estreito de Gibraltar.

in Correio da Manhã - ver notícia

Sítios para visitar na Internet - II


Mais algumas sugestões de visitas no Ano Novo, desta vez apenas na blogosfera nacional:

1. Dino_Geológico

Blog da minha amiga e ex-colega de Escola Ana Rola, apresentando textos sobre temática geológica, biológica, ambiental e escolar.



2. Portugal - Um cantinho da Europa

Site com fotografia, poesia, vídeos e muito mais - uma surpresa...!



3. Ondas3

Um dos melhores blogues ambientais portugueses, sempre com as últimas notícias nacionais e internacionais.



4. Profundezas...

O melhor Blog português de Espeleologia (e ciências afins) e um dos melhores do mundo na área.



5. Desambientado

Blog de um professor da Universidade dos Açores (Doutor Félix Rodrigues) mas universal no que diz respeito a ambiente, poesia, bom gosto e bonitas imagens...



6. Ciência ao Natural

Blog do paleontólogo Luís Azevedo Rodrigues, com textos sobre Geologia e História Natural de uma qualidade e sensibilidade extremas...!

http://cienciaaonatural.blogspot.com/


7. A Educação do meu Umbigo

Blog do professor Paulo Guinote, que o define assim: "Gaveta aberta de textos e memórias a pretexto da Educação que vamos tendo." É o local ideal para saber novidades do Ensino Oficial em Portugal.



8. Anterozóide

Chave de ouro para acabar - vide imagem que ilustra este post - o blog do Antero, especialista a pôr no papel os podres dos politiqueiros do Ministério da Educação e das Escolas portuguesas...

Feliz Ano Novo!?!

Poema do alegre desespero

Compreende-se que lá para o ano três mil e tal
ninguém se lembre de certo Fernão barbudo
que plantava couves em Oliveira do Hospital,

ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores
que tirou um retrato toda vestida de veludo
sentada num canapé junto de um vaso com flores.

Compreende-se.

E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto
(o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império)
com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil,
e o Estrabão, o Artaxerpes, e o Xenofonte, e o Heraclito,
e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, e a retirada dos dez mil,
e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras,
que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro, e conquistavam o Épiro e perdiam o Lácio,

e passavam a vida inteira a fazer guerras,
e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio,
e o resto tudo por aí fora,
e a Guerra dos Cem Anos,
e a Invencível Armada,
e as campanhas de Napoleão,
e a bomba de hidrogénio,
e os poemas de António Gedeão.

Compreende-se.

Mais império menos império,
mais faraó menos faraó,
será tudo um vastíssimo cemitério,
cacos, cinzas e pó.

Compreende-se.
Lá para o ano três mil e tal.

E o nosso sofrimento para que serviu afinal?

António Gedeão

Sítios para visitar na Internet...

Ano novo, vida nova... Aqui ficam algumas sugestões de leitura, na Internet (blogosfera incluída...):


1. Pedras Soltas - Blog sobre mineralogia

O nosso colega blogger Ricardo Pimentel começou, en hora buena, um novo Blog (só esperemos que coloque aqui alguns posts que lá irá publicar...). E ainda por cima hoje está a nevar nesse blog...!


2. The Panda's Tumb

“The Panda’s Thumb” is many things…

First, it is an example of jury-rigged evolutionary adaptation made famous by the late Stephen Jay Gould in an essay of the same name. Second, it is the legendary virtual bar serving the community of the legendary virtual University of Ediacara somewhere in the Ediacaran hills of southern Australia, growing out of the lore of the Usenet talk.origins newsgroup. And now it is a weblog giving another voice for the defenders of the integrity of science, the patrons of “The Panda’s Thumb”.

Much as in any tavern serving a university community, you can expect to hear a variety of levels of discussion, ranging from the picayune to the pedantic. The authors are people associated with the virtual University of Ediacara (and thus the talk.origins newsgroup), and various web sites critical of the antievolution movement, such as the TalkOrigins Archive, TalkDesign, and Antievolution.org.

So, here’s a virtual pub crawl that you might actually learn something from. We hope you find your time spent here pleasant and rewarding.

http://www.pandasthumb.org/



3. Criacionismo x Evolução


O autor, brasileiro, apresenta assim o seu site:
"Seja bem vind@ à inevitável Evolução da antiga secção do CRIA X EVO WWW.XR.PRO.BR... Inteiramente dedicado à essa controvérsia, este site não pretende atacar religião alguma, mas sim demonstrar porque o Criacionismo não é aceite como Ciência, e porque a Evolução é o paradigma científico actual."


O Novo Modelo de Gestão das Escolas: Que Debate Público?

Do Blog A Educação do meu Umbigo, do Paulo Guinote, publicamos o seguinte post com uma proposta de debate na Blogosfera:

publico-2007-12-30.jpg

A colega Isabel Guerreiro enviou-me a peça do Público de ontem sobre este tema (clicar para aceder à imagem e aumentar) e uma proposta, em forma de desafio, que espero divulgar ainda hoje, acerca da possibilidade de, partindo da blogosfera, se alargar um debate público sobre o tema que saia dos gabinetes e envolva muitos dos mais interessados pelas mudanças anunciadas.

Contactei desde já alguns colegas (docentes, autores de blogues) no sentido de saber a opinião de cada um sobre a possibilidade de fazer tal iniciativa no curto espaço de tempo que temos e com as magras disponibilidades que sobram depois do nosso trabalho quotidiano. E em que modalidade o fazer: apenas na blogosfera, com um suporte físico numa reunião ou numa rede de encontros regionais/locais. E com que protagonistas: apenas docentes, convidando outras personalidades, etc, etc.

E continuam as experiências...

Do Blog Sorumbático publicamos, com a devida vénia e sem comentários, um post de 22.12.2007:

[Na imprensa de hoje]

É possível gerir-se uma sapataria sem se ser (ou ter-se sido) sapateiro, tal como é possível gerir-se uma pastelaria sem se ser (ou ter-se sido) pasteleiro - e é por isso que ninguém estranha o facto de termos um ministro da saúde que não é (nem nunca foi) médico.

Pela mesma ordem de ideias, também estabelecimentos de ensino poderão não ser dirigidos por professores.

Mas uma coisa é "poderão não ser" e outra, muito diferente, é "não poderão ser"...