Nos outros países fazem-se túneis. A China corta montanhas a meio

Auto-estrada Guizhou Lu’an
Mais barato, mais seguro, mais sustentável. O verdadeiro desafio não é rasgar o espaço na montanha para que passe a estrada, mas estabilizar as suas paredes para evitar desmoronamentos no futuro.
A maior parte dos países continuam a confiar na construção de túneis para atravessar formações montanhosas.
A China adotou uma solução muito mais radical: partir montanhas em duas para facilitar o desenvolvimento de novas vias de comunicação.
Este método, que poderia parecer próprio de uma superprodução de ficção científica de Hollywood, está a ser cada vez mais usado em regiões onde a perfuração subterrânea é inviável ou demasiado dispendiosa.
O processo, que combina precisão geológica e maquinaria de grande potência, permite abrir corredores através de formações rochosas complexas e encurtar trajetos que anteriormente demoravam horas.
As paredes que ficam após o corte, de até 200 metros de altura, são estabilizadas com betão, malhas metálicas e sofisticados sistemas de drenagem.
O uso desta técnica generalizou-se em províncias como Guizhou, Yunnan ou Sichuan, onde as condições geológicas dificultam a construção de túneis tradicionais, conta o El Confidencial.
Nestes casos, cortar a montanha diretamente não só é mais económico, como também mais seguro, e facilita o trânsito de veículos pesados numa economia fortemente baseada no transporte terrestre.
Antes de iniciar o corte, os engenheiros realizam um estudo minucioso da composição do terreno. A partir dessa análise, colocam-se explosivos controlados em pontos estratégicos para gerar as fraturas iniciais.
Posteriormente, emprega-se maquinaria de grande porte para retirar os enormes volumes de rocha extraídos da montanha. Estas máquinas conseguem avançar dezenas de metros por dia.
Uma vez que a passagem esteja desimpedido, reforçam-se as paredes verticais com estruturas concebidas para resistir a condições climáticas extremas e evitar deslizamentos.
Esta solução permite poupar custos a longo prazo, já que não requer sistemas complexos de ventilação nem iluminação, como acontece nos túneis.
Entre os projetos mais representativos desta abordagem encontram-se a autoestrada Guiyang-Qianxi e vários troços do comboio de alta velocidade que une Pequim a Guangzhou, onde também se aplicou esta técnica para reduzir significativamente os tempos do trajeto.
Embora a China tenha aperfeiçoado esta metodologia ao ponto de se tornar parte essencial da sua engenharia civil, outros países também a aplicaram em circunstâncias semelhantes - como é o caso da Noruega, por exemplo, que optou pelo corta a meio alguns dos seus fiordes.
Optar por cortar a montanha em vez de a perfurar responde a uma lógica técnica e económica. Em terrenos com alta presença de água subterrânea ou formações instáveis, o túnel não só supõe um maior risco, como também um incremento substancial do custo do projeto.
Além disso, manter uma passagem aberta resulta muito mais simples que um túnel, já que não requer infraestrutura elétrica nem sistemas de evacuação permanente. Isto converte-o numa alternativa ideal para zonas de baixa altitude onde o tráfego de mercadorias é constante e volumoso.
Embora possa parecer uma solução extrema, o seu uso permite transformar por completo a conectividade entre regiões montanhosas - e dinamizar o desenvolvimento económico em regiões tradicionalmente isoladas.
in ZAP

