Nascido numa família camponesa e com quatro irmãos, creceu numa aldeia chamada Onalua, na região de
Sankuru, em 1925, numa época em que a sua nação estava sob
domínio colonial da
Bélgica. Ele era um membro do pequeno grupo étnico Batetela, facto que se tornou significativo na sua vida política anos depois.
Após receber uma educação rudimentar dos pais humildes, que lhe
infundiu valores comunais e humanistas africanos, ele frequentou
inicialmente uma escola de missionários católicos e, aos 13 anos,
ingressou em uma escola de protestante mantida por
metodistas suecos, que o expôs aos valores
cristã colonial.
Era a única forma possível para os congoleses terem acesso ao sistema
educacional colonial, que era precário e visava à formação de operários
em vez de mão de obra mais qualificada.
Depois de concluir os seus estudos básicos, Lumumba deixou a zona rural
de Sankuru aos 18 anos e conseguiu um emprego na companhia Symaf
(Syndicat Minier Africain), na cidade de
Kindu. Admirado por seus patrões brancos, o jovem Lumumba ganhou um
Certificat d'immatriculation, um documento que permitia a nativos congoleses poder frequentar círculos europeus e desfrutar de certas comodidades. Frequentador ativo no clube dos
évolués (africanos que receberam educação ocidental), ele começou a escrever ensaios e poemas para jornais locais.
Depois, Lumumba mudou-se para
Stanleyville, onde ele trabalhou como empregado do
serviço de correios locais vários anos e continuou a contribuir para a imprensa congolesa.
Em 1954, obteve da administração colonial belga um documento que
equivalia a uma cidadania belga para congoleses. No ano seguinte, ele deu
início às suas atividades políticas ao tornar-se presidente de um sindicato
regional de funcionários públicos congoleses que não era
afiliado, assim como os outros sindicatos, em nenhuma das duas federações
sindicais belgas (a socialista ou a católica). Ele também se filiou no
Partido Liberal da Bélgica. Em 1956, Lumumba foi convidado com os outros
colegas para uma visita de cunho académico à Bélgica, sob os auspícios
do ministro das colónias, mas em seu retorno, ele foi preso sob a
acusação de defraudar o sistema dos Correios colonial. Sentenciado a dois
anos de encarceramento, a sua pena passou a 12 meses após várias
reduções.
Após Lumumba deixar a prisão torno-se ainda mais ativo na política. Ele mudou-se em 1957 para
Léopoldville
(capital do Congo Belga), onde conseguiu um trabalho na cervejaria
Bracongo. Sem ter cursado o ensino superior, Lumumba foi um intelectual
autodidata e dedicado a extensas leituras de história mundial e
pensamento político, bem como de sua aguçada observação das práticas
estratégias e opressivas dos colonos belgas no Congo.
Com essa experiência, ele lançou em outubro de 1958, juntamente com
outros dirigentes congoleses, o Movimento Nacional Congolês (Mouvement
National Congolais, MNC), o primeiro partido político nativo, e
participou em dezembro da primeira Conferência Pan-Africana do Povo, em
Accra, onde se encontrou com lideranças nacionalistas de todo o
continente africano.
Inspirado pelos ideais do
pan-africanismo,
a sua visão e seu vocabulário assumiram um teor do nacionalismo
militante, optando pela ideologia anticolonial do "neutralismo positivo"
e defendendo a unidade nacional entre as diferentes etnias que
compunham o Congo e da libertação do domínio belga.
A liderança de Lumumba desagradava os colonialistas belgas, que buscaram dividir e instigar as rivalidades étnicas da região.
No início de 1959, uma onda de protestos em Léopoldville fez com que o
governo colonial anunciasse eleições locais e um plano de cinco anos
para transição para independência. Mas o gesto foi visto pelo MNC como
uma tentativa dos belgas ganharem tempo para instalar políticos
fantoches antes duma retirada oficial e o movimento nacionalista
anunciou que boicotaria as eleições. Lumumba liderou novas manifestações de
desobediência civil
e pela independência imediata do Congo. Em 30 de outubro de 1959, o
líder revolucionário foi preso após um ato político em Stanleyville,
cujo saldo foi de 30 manifestantes mortos.
Com Lumumba preso, o MNC decidiu mudar de tática e entrou nas
eleições locais, tendo uma vitória arrasadora em Stanleyville (90% dos
votos). Em janeiro de 1960, o governo belga convocou uma conferência em
Bruxelas
com todos os partidos congoleses para discutir a transição política,
mas o MNC se recusou a participar sem Lumumba, que iria para julgamento
no dia 18 daquele mês. O governo belga teve de tirá-lo da cadeia
diretamente para o avião. Na fase final das negociações, já com a
presença de Lumumba, foram assinados os protocolos que detalhavam a
transição do poder para um governo congolês, com as eleições nacionais
em maio e a data para a independência em 30 de junho. Apesar de ter
saído vencedor no pleito, o MNC não conseguiu formar uma coligação no
parlamento. Houve manobras para impedir a sua tomada do poder,
mas acabou convidado a formar o primeiro governo, o que fez em 23 de
junho de 1960. Como resultado, Lumumba e o seu rival político, Joseph
Kasavubu, dividiram o poder, com o primeiro no cargo de primeiro-ministro e o
segundo como presidente do país recém-libertado.
Poucos dias após a conquista da independência, Lumumba enfrentou
diversas rebeliões dentro do país e uma declaração de independência da
então província de
Katanga, conduzida pelo rival político
Moise Tshombe, com apoio de empresas de exploração de minas e pelo governo belga. O governo do Congo acabou por se aproximar da
União Soviética,
que enviou alimentos, remédios e também armamentos para combater o
levantamento rebelde. Apesar do discurso de neutralidade, essa aproximação
com o bloco socialista foi o rastilho de disputas para potências ocidentais, entre
elas os Estados Unidos, Reino Unido e a Bélgica, que começaram a
articular a deposição de Lumumba. O presidente Kasavubu dissolveu o
governo do líder nacionalista, três meses após assumir o poder, mas o
primeiro-ministro contestou a legalidade das ações presidenciais e, em
retaliação, depôs o presidente e conquistou o voto de confiança do
senado congolês. Mas a
crise política do Congo estava instalada e abriu caminho para que o coronel Joseph Mobutu liderasse um
golpe de Estado, em setembro, incapacitando tanto Lumumba quanto Kasavubu.
Colocado em prisão domiciliar e sob vigilância de tropas das
Nações Unidas,
Lumumba tentou fugir da residência em direção a Stanleyville, mas
terminou capturado na fuga, em dezembro de 1960. Nenhuma medida foi
adotada pelas forças de paz da ONU, apesar dos apelos para que as tropas
locais o salvassem e do pedido da União Soviética para que o
ex-primeiro-ministro fosse liberado. Em 17 de janeiro de 1961, Lumumba foi
transferido à força para a cidade de Lubumbashi, no Katanga, onde foi
torturado e morto por um pelotão de fuzilamento comandado pelo líder
rebelde Moïse Tshombe, ao lado de oficiais belgas.