A Ilha do Cão, 1941, óleo sobre tela, 150 x 180 cm
Filho de José Maria da Costa (
Lisboa, 27 de Setembro de 1880 - ?) e de sua mulher Isabel Savage de Paula Rosa (Lisboa,
Santos-o-Velho, 1884 - Cidade da Praia,
circa 1930), filha de mãe inglesa. Primo-irmão da mãe de
António Sousa Lara.
Casou com Maria Manuela Possante, de quem não teve descendência.
O surrealismo surge nos horizontes culturais portugueses a partir de 1936 em grande parte pela sua mão, em experiências literárias «automáticas» que realiza com alguns amigos. Em 1940 realiza, com
António Dacosta e Pamela Boden (Casa Repe, Lisboa) aquela que é considerada a primeira exposição surrealista em Portugal: "
A exposição reunia dezasseis pinturas de Pedro, dez de Dacosta e seis esculturas abstratas de Pamela Boden [...]
. O surrealismo de que se falara até então vagamente, desde 1924, [...]
irrompia nesta exposição, abrindo a pintura nacional para outros horizontes que ali polemicamente se definiam". Nesse mesmo ano cria a revista
Variante.
Em 1941 António Pedro visitou o
Brasil. Esteve no
Rio de Janeiro e em
São Paulo, tendo exposto seus quadros em concorridas mostras em ambas as cidades. Permaneceu no país uns quatro ou cinco meses, o bastante para formar um largo círculo de amizades entre a nata da intelectualidade brasileira. E partiu para sua terra natal deixando um rastro de amizades e sinceros admiradores.
Entre 1944 e 1945 vive e trabalha em Londres na British Broadcasting Corporation (B.B.C.), tendo feito parte do grupo surrealista de Londres.
Ode ao Almada Negreiros
Maravilhosa plástica das coisas!
Tudo no seu lugar, as cores e os olhos
Lá no lugar de cada coisa, a vê-la
Com seu aspecto natural e próprio.
(Tudo para cada um, na variedade
Dos olhos de quem se admite na paisagem,
Ou como espectador,
Ou como actor,
Ambas as coisas uma, no concerto
Magnífico do mundo.)
...Sem memória, ou com memória a sê-la
Nos olhos a olhar completamente
Sem nenhum pensamento reservado:
- Olhos dados a cada coisa, ou tida
Cada coisa p’los olhos que se deram!...
Vaivém de tudo e nada, desse nada
Profético de tudo - e o tudo enorme
De cada nada afeiçoado e olhado
À feição de quem olha possuindo
E possuído, na maravilhosa
Cópula grande dos Artistas todos...
Maravilha de ter-se e ter-se dado,
Em cada olhar olhado,
E em cada cor e em cada flor mantido,
Bolindo e vendo
O sonho de se ir tendo
Realizado.
in Primeiro Volume - Canções e Outros Poemas (1936) - António Pedro