terça-feira, março 12, 2013

O Anschluss começou há 75 anos

Boletim do referendo de 10 de abril de 1938 - o texto diz "Tu concordas com a reunificação da Áustria com o Império Germânico realizada em 13 de março, pelo Führer Adolf Hitler?"

Anschluß ou Anschluss é uma palavra do idioma alemão que significa conexão ou anexação. É utilizada em História para referir-se à anexação político-militar da Áustria por parte da Alemanha em 1938. Este termo é o oposto à palavra Ausschluß, que caracteriza a exclusão de Áustria no Reino da Prússia.
No tratado de Saint-Germain-en-Laye de 1919, que pôs fim ao Império Austro-Húngaro, o artigo 88º estipulava expressamente que a união de Áustria com Alemanha ficava proibida.
Como se sabe, a Áustria, na tradição do Império Austro-Húngaro, era uma nação multi-étnica e multicultural. Em Viena e nas principais cidades austríacas viviam pessoas que falavam línguas diversas (alemão, húngaro, checo, croata, iídiche etc.) e praticavam as mais diferentes religiões (católicos, luteranos, judeus, cristãos ortodoxos). O imperador austríaco tinha sido a figura política que tinha dado coesão à sociedade multicultural do Império Austro-Húngaro. Esse papel centralizador não tinha então um correspondente na nova sociedade austríaca. Muitas famílias judaicas, por exemplo, recordavam com saudade esses tempos idos. A nova sociedade austríaca vivia sob o signo do anti-semitismo e das dificuldades da coexistência multi-cultural. Muitos austríacos, aqueles que eram de origem germânica (como Adolf Hitler) aspiravam a uma nação livre destas outras etnias, que eles desdenhavam. Aos olhos de Hitler, o ideal a seguir era o do pangermanismo: uma nação com uma só língua e etnia.
A 13 de setembro de 1931, a milícia dos cristãos-socialistas tenta em vão tomar o poder na Áustria pelas armas.
Depois da vitória nas eleições de abril de 1932, os nazis não obtiveram a maioria absoluta, o que os leva à oposição. Os nazis austríacos lançam-se numa estratégia de tensão e recorrem ao terrorismo. O chanceler social cristão Engelbert Dollfuss escolhe em 1933 governar por decreto, dissolve o parlamento, o partido comunista, o partido nacional-socialista e a poderosa milícia social-democrata, a Schutzbund. O seu regime toma uma matiz fascista, com uma preferência para Benito Mussolini. Dollfuss reprime aos social-democratas que não querem deixar morrer a democracia, seja pela mão de Dollfuss ou a dos nazis.
A dura repressão da polícia, depois de uma insurreição em Linz, em fevereiro de 1934, causou entre 1.000 e 2.000 mortes, levam os social-democratas abandonarem o combate e escolheram o exílio.
Enquanto isso os nazis austríacos reforçaram-se e organizaram-se; preferindo um fascismo mais germânico assassinaram o chanceler Dollfuss a 25 de junho de 1934 e exterminaram seu clã, mas o seu golpe de estado é frustrado.
O novo chanceler, Kurt Schuschnigg, negocia uma trégua com Hitler em Berchtesgaden em fevereiro de 1938. O acordo é claro: entrada dos nazis ao governo e amnistia para os crimes em troca de uma não-intervenção alemã na crise política.
O pacto não serve de nada: Schuschnigg perde o controle do país e vê como último recurso organizar um referendo para beneficiar da legitimidade popular. Mas o exército alemão entra na Áustria a 12 de março e coloca o ministro do interior nazi no posto de chanceler.
A 13 de março de 1938 a Alemanha anuncia oficialmente a anexação da república austríaca e converte-a numa província do Reich. Em 10 de abril, um referendo avaliza a anexação, com 99% de aprovação da população.
A França aceita a anexação de Áustria, que não voltará a ser soberana antes do final da Segunda Guerra Mundial, depois de ter sido ocupada pelos Aliados.

Polícias alemã e austríaca desmontam um posto de fronteira

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